TANGLED | (nyx x tamlin daughter)

CHAPTER II

NYX

Aquela era a pior ideia que Kirian e Rob já tinham me proposto, e olha que eles me propunham muitas ideias assustadoras.

Eu tinha atravessado com os dois illyrianos no momento em que eles disseram "duvido" para mim, e quando surgimos no Meio eu ainda conseguia escutar os gritos de Devlon nos chamando de bastardos.

Meus dois melhores amigos eram realmente bastardos, mas eu não era e ele sabia muito bem disso.

Aquilo não importava, não quando estávamos em um território como o Meio.

— Quando eu disse que duvidada estava só brincando, idiota — Rob sussurrou enquanto pulávamos de árvore em árvore naquela floresta antiga.

— Nunca duvide de mim — pisquei para o meu amigo, atravessando para uma árvore mais distante: os dois resmungaram e lembraram que tinham asas, voando na minha direção.

Nyx, por que Devlon veio gritar comigo sobre você e aqueles seus amigos? Escutei a voz de meu pai, Rhys, pela conexão mental que ele tinha com todos os membros do nosso Círculo Íntimo.

Nós só estamos nos divertindo, pai. Falei para ele, tentando parecer coerente.

Eu estava naquele acampamento illyriano como algum tipo de castigo por conta do meu comportamento inadequado no último Conselho dos Grão Senhores, mas meu pai não tinha me proibido de sair de lá.

Apenas não quebre nenhuma lei, pelo Caldeirão. Ele respondeu e não pude evitar a gargalhada que me percorreu.

— Desculpa, irmãos — falei para os dois illyrianos que me olhavam como se eu fosse louco — Era apenas o meu pai.

— Acho que nunca vou me acostumar com isso — Kirian comentou e apenas ri, a antiga cabana da Tecelã surgindo na nossa frente.

Pousamos em cima daquele telhado que a muitos anos atrás minha mãe utilizou para fugir quando meu pai a fez roubar seu próprio anel de noivado: atualmente não era mais Stryga que morava naquela cabana, mas os boatos diziam que um ser muito pior tinha tomado conta da residência coberta de cabelo queimado.

— Puxa, seria bacana ter uma vista dessas — ironizei olhando para a floresta sem fim na nossa frente.

Atrás de mim Rob bufou e Kirian verbalizou os pensamentos do illyriano:

— Nyx, vamos! — eu não entendia aquilo: foram os dois quem propuseram aquilo e agora estavam me apressando?

— É, gostei demais — provoquei eles, colocando as mãos na cintura e voltando meus olhos violetas para encontrar os castanhos e verdes dos meus irmãos de guerra — Eu quero uma cabana no meio do mato, gente.

Kirian revirou os olhos:

— Se a gente sobreviver, você pede pro seu papai comprar sua cabana, tá? — ele me puxou pela gola da armadura e me direcionou para a chaminé de cabelo que Feyre me contou histórias horríveis sobre.

Nós sabíamos exatamente o que queríamos pegar ali: uma tiara a muito perdida da Corte Primaveril.

Aquele bastardo do Tamlin tinha gastado tanto dinheiro de sua Corte na busca pela sua filha perdida, que teve que vender a tiara da criança para pagar as contas.

Com os anos, de acordo com os boatos, a tiara rodou por tantas mãos que acabou parando aqui, nessa cabana cuja moradora ainda era desconhecida.

Eu mesmo queria ser quem entregaria aquela tiara de volta ao Grão Senhor da Primaveril quando o visse na próxima reunião dos Grão Senhores — isso se os meus pais me levarem novamente.

A sensação de estar sendo enfiado em uma chaminé repleta de cabelo antigo e queimado era um verdadeiro teste de resistência, um no qual eu não achava que seria capaz de passar.

O que eu não estava esperando era que, de alguma maneira, eu pudesse sentir a presença daquela tiara, como se eu conhecesse o dono dela.

Talvez aquilo se dava o fato deu ter uma semente da magia de Tamlin, da Corte Primaveril, em minhas veias. Talvez eu fosse igual a minha mãe e conseguisse me identificar com todas as Cortes.

Ok, aquilo era estranho.

Ou, no caso, o mais estranho era a feérica sem rosto que estava se esgueirando pela cabana, tirando poeira de uma prateleira na direita.

Merda, eu achava que estaria vazio ali.

Pelo menos, de acordo com esse meu novo sentido, a tiara estava na esquerda, então eu não teria problemas com alguém sem face.

Atravessei da chaminé para a mesa onde a tiara de ouro estava colocada, exposta como se fosse um prêmio, não querendo arriscar fazer mais barulho do que o necessário.

E, no momento em que coloquei a tiara em uma bolsa de couro que tinha levado, aquela feérica estranha espirrou.

O que também era estranho, já que ela não tinha nariz.

— Saúde? — falei automaticamente, levando a mão na boca logo em seguida.

Não esperei para ver o seu rosto — ou não rosto — quando se virasse na minha direção, rapidamente atravessando para o telhado novamente.

— O que aconteceu?! — Rob exclamou, já decolando para bem longe daquele telhado de cabelo quando toda a cabana tremeu.

— Acho que o bicho lá tem alergia — comentei, sacudindo a bolsa com a tiara dentro. Os olhos dos meus amigos brilharam com aquilo.

— Atravessa a gente de volta, Nyx — Kirian exigiu, já agarrando o meu braço durante o voo.

Mesmo achando aquela pressa uma chatice, busquei no meu poço de poder aquela dobra na realidade, aquele espaço onde eu pulava entre o espaço-tempo ... e nada.

— Nyx? — Rob perguntou, surpreso com a demora.

— Acho que eu atravessei demais por hoje — falei baixinho, não acreditando naquilo.

Eu era filho de Rhysand e Feyre Archeron, meu poço de poder era quase infinito, como meu dom de atravessar estava desgastado em apenas três vezes?

— Merda, Nyx! — Kirian exclamou, acelerando a batida de suas asas quando percebeu que tinha uma feérica correndo atrás da gente lá em baixo.

— Eu não controlo isso, cara!

— Nos estamos a dias de distância do acampamento, irmão! Estamos ferrados — Kirian xingou.

— Me de alguns minutos e atravesso vocês — prometi, mesmo sem saber se aquilo se cumpriria.

— E para onde vamos enquanto isso? — Rob perguntou no mesmo momento em que senti algo chamar dentro de mim, como se algum fio mágico no meu interior estivesse vibrando — vibrando como a corda de um violão — e me chamando para mais perto.

— Longe dessa coisa — respondi, mas comecei a voar na direção que aquele fio estava me levando.