Em Clima de Chuva

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À noite, o clima estava agitado, os ventos fortes balançavam as árvores como se estivessem prestes a ser arrancadas. Um vento mais intenso entrou pela janela, e, com pressa, SN a fechou e desceu as escadas rapidamente para fechar as que ainda estavam abertas. Sabendo que o tempo logo melhoraria, foi preparar um brownie para maratonar filmes com uma xícara de café quente. Assim que a massa do brownie ficou pronta, colocou na forma e a pôs para assar. O café já estava preparado.

A chuva lá fora caía de maneira violenta, mas isso não assustava tanto SN. Com um pedaço do bolo em um prato e a xícara de café quente na outra mão, subia as escadas quando ouviu um barulho… seu celular tocando. Subiu apressada em busca dele, olhou para a tela e viu que era Gabi.

— Gabi? — murmurou para si mesma.

E atendeu.

— Alô? Gabi? — Confusa com a ligação, podia ouvir a chuva do outro lado da linha.

— SN? Oi, sou eu. SN, eu... eu preciso te dizer uma coisa. — Ela ficou preocupada agora com o que Gabi tinha para falar.

Gabi fez uma pequena pausa. — SN… eu te amo. Eu não sei o que está acontecendo, isso já está na minha cabeça há um tempo. Eu não consigo tirar você da minha mente. Eu sei que parece loucura, mas eu amo você, eu quero você, eu preciso de você.

O estômago de SN revirava, como se estivesse embrulhado com um pacote de nervos. Seu coração disparava, e tudo ao redor pareceu parar com a confissão de Gabi. Ela não sabia o que dizer naquela situação.

— SN? Está me ouvindo? — perguntou Gabi ao perceber o silêncio.

— Eu... Eu…

— Tudo bem. Você pode abrir a porta da sua casa agora, por favor?

"A porta da minha casa?", pensou SN, correndo para a sala. Abriu a porta e viu Gabi encharcada, com uma aparência visivelmente afetada pelo álcool.

— O quê? O que você está fazendo aqui? — SN perguntou, sem saber como reagir.

SN observou mais de perto e notou o cheiro sutil de álcool no ar. Suspirou, ligando os pontos: a confissão repentina, a chuva, o jeito desleixado de Gabi... Ela estava bêbada. Agora fazia sentido, mas complicava ainda mais as coisas.

— Gabi, você está bêbada — disse SN, tentando manter a calma. — Este não é o momento para falarmos sobre isso.

— Eu posso estar, mas o que eu disse é verdade, SN! Eu não sei mais o que fazer para tirar você da minha cabeça! — Gabi exclamou, balançando um pouco, quase tropeçando.

SN se aproximou rapidamente, segurando Gabi pelos ombros para evitar que ela caísse. Seu coração apertava ao vê-la tão vulnerável e desorientada.

— Gabi, essa não é a forma de resolver as coisas — disse SN suavemente. — Você precisa descansar, e amanhã a gente conversa, ok? Vamos, vou te levar para o quarto.

Gabi entrou apoiada no ombro de SN. Após trancar a porta, elas subiram com cuidado para o quarto de SN. Ao chegarem, SN sentou Gabi no pequeno sofá enquanto pegava uma toalha para ela se secar. Logo, ajudou Gabi a ir até o banheiro.

— Você precisa de um banho quente, para esfriar a cabeça e se acalmar. — Gabi levantou os braços para SN ajudá-la a tirar a camiseta, e logo tirou também a calça jeans. Ficaram se olhando por um momento, seus olhos castanhos se encontrando.

— Só vou me acalmar se você me der o banho... — Gabi tentou provocá-la, mas SN apenas revirou os olhos.

— Anda logo. — Ela fechou a porta, deixando Gabi sozinha no banheiro.

SN tentava processar tudo o que estava acontecendo, um leve sorriso bobo escapando de seus lábios. No fundo, ela sentia o mesmo, mas não queria admitir. Preparou um conjunto de roupas para Gabi, que logo saiu do banheiro enrolada em uma toalha e se sentou na cama. SN entregou as roupas.

— Vou lá embaixo pegar um café para você. — SN sorriu e desceu para a cozinha. Enquanto descia as escadas, passou a mão pelos cabelos, tentando organizar seus pensamentos. A verdade era que, por mais que tentasse negar, a presença de Gabi mexia com ela de uma maneira incontrolável. Ao chegar na cozinha, encheu uma xícara de café quente, o aroma familiar trazendo um pouco de conforto.

Quando voltou ao quarto, Gabi já estava vestida, olhando para o teto com uma expressão pensativa. SN entregou o café e, por um breve segundo, seus dedos se tocaram, fazendo um arrepio percorrer o corpo de SN. Ela desviou o olhar rapidamente, antes de se sentar na ponta da cama.

— Está se sentindo melhor? — perguntou SN após Gabi dar um gole. Gabi confirmou com um leve aceno de cabeça.

— Me desculpa por aparecer assim, do nada. — Gabi parecia pensativa.

— Tudo bem, acontece. Me desculpe se pareci... seca? É que está tudo meio confuso, sabe? Você do nada...

— Não precisa se explicar — disse Gabi, deixando a xícara na mesa ao lado. — A culpa foi minha. Eu assustei você.

SN observava Gabi em silêncio, sentindo o peso da conversa que ainda estava por vir. A verdade é que, desde o momento em que seus dedos se tocaram, ela sabia que seus sentimentos por Gabi estavam à flor da pele.

— Gabi... — começou SN, tentando encontrar as palavras certas. — Eu sei que você estava bêbada quando disse o que disse lá embaixo... Mas eu também sei que... parte de você estava sendo honesta.

Gabi abaixou a xícara, olhando diretamente para SN agora. O silêncio que se seguiu era carregado de expectativa.

— Não foi só o álcool falando, SN. Eu estava sendo honesta. Eu te amo. E não quero mais fingir que o que temos é só amizade. Não dá mais. — Gabi confessou, sua voz firme, mas cheia de emoção.

SN sentiu o coração acelerar ao ouvir aquelas palavras. Ela também não queria mais fugir daquilo. Os sentimentos que havia guardado por Gabi por tanto tempo estavam transbordando.

— Gabi, eu... eu sinto o mesmo. Não é só amizade. Nunca foi. Eu tentei esconder, mas... — SN suspirou, aliviada ao finalmente colocar tudo para fora. — Eu também te amo.

Por um momento, elas se encararam, a tensão no ar era quase palpável. SN sabia o que queria fazer, mas hesitou por um segundo. Então, sem pensar, Gabi tocou levemente seus lábios com o polegar, acariciando sua bochecha e parando no queixo, virando-a para encará-la. Percebendo que SN estava nervosa, Gabi soltou uma risadinha.

— Fica nervosa com o meu toque, hm? — disse Gabi, provocando.

— Se for para me beijar, me beija direito — respondeu SN, iniciando um beijo calmo. Suas mãos se enterraram nos fios castanhos de Gabi, enquanto subia para o colo dela.

— Espera — interrompeu o beijo —, você está bêbada, lembra? — SN encarou os olhos de Gabi, suas pupilas dilatadas.

— Isso não vai mudar nada entre a gente. Me desculpa. — Gabi voltou a beijá-la, suas mãos apertando a cintura de SN, que soltava leves gemidos.

Os beijos de Gabi desceram para o pescoço de SN, esquentando ainda mais o momento. SN se levantou, ficando de costas para Gabi, tirando lentamente sua blusa, revelando um sutiã rendado. Ela se aproximou novamente, e Gabi a puxou pela cintura, suas bocas se encontrando outra vez.

— Já posso te chamar de minha? — perguntou Gabi, sussurrando contra os lábios de SN.

— Como preferir — SN respondeu, seus corpos se entrelaçando com desejo.

A chuva do lado de fora, continuava alta, porém, não mais que os gemidos das duas mulheres.

GABI GUIMARAES, imaginesOnde histórias criam vida. Descubra agora