Entre Mundos & Desejos

Capítulo 3: toca do coelho

   Sentada no balanço do imenso jardim que eu brincava quando pequena, cercada por milhares de flores daquele jardim, eram várias cores ao meu redor, enquanto eu me balançava como se eu fosse um pássaro voando sem limites.

  Se tem uma flor que é a mais intrigante de todas no jardim, é a rosa. Não qualquer rosa...mas sim as vermelhas. Elas representam amor, paixão e beleza...mas para mim é algo a mais do que uma simples rosa com beleza. Além de ser uma coisa bonita, ninguém nota os espinhos de uma rosa. Eu gosto dos espinhos, uma coisa que faz parte dela, para deixá-la mais bonita. É como uma pessoa...ela pode ser bonita por fora como a beleza de uma rosa, mas por dentro...o coração é cercado de espinhos, como um mecanismo de defesa, para não se afundar mais e mais na dor.

  Enquanto eu observava o jardim, vejo meu pai, Rhett, vindo na minha direção segurando uma caixa, como se fosse uma caixa de guardar joias.

– Amirah...minha filha – declara Rhett, com uma voz cheia de paternidade – como você fez 18 anos, eu quero lhe dar algo...que era da sua mãe.

  Quando ele falou que esse presente era da minha mãe, meus ouvidos quase mexeram pelo interesse sobre o que tinha dentro desse presente.

– Da mamãe? – murmura baixinho pra si mesma.

– Sim...da sua mãe – suspira ele – e eu imagino que a sua mãe, ela ia gostar muito que você usasse ele.

  Usasse? Então realmente é algo para usar em mim mesma...roupa ou jóias – pensa enquanto fica se perguntando, se realmente aquele presente é um vestido da mãe ou um colar.

  Quando meu pai abre aquela pequena caixa, dentro tinha um lindo colar ( suspeitava pelo tamanho da caixa que era um colar), o pingente era em formato de lua nova, todo o colar era banhado por prata e ele brilhava no sol, se comparar entre o brilho dos dois, o colar brilhava mais que o próprio sol.

– Sua mãe usou isso quando a gente se conheceu – dita ele enquanto segurava o colar – brilhava mais do que a própria lua...e quando você nasceu, ela guardou esse colar para você.

  Enquanto eu ouvia as palavras dele, mesmo não conhecendo ela, percebi que ela tinha um afeto materno grande por mim, mas eu não entendi porque ela simplesmente desapareceu ou morreu justo quando bebe.

  Depois que meu pai terminou de falar, ele se aproximou mais perto, ficando atrás de mim. Sabendo o que ele ia fazer, seguro os meus longos cabelos, enquanto ele coloca o colar com o pingente em formato de lua nova em mim. Assim que ele termina de colocar o colar, ele anda ficando na minha frente, enquanto olha como ficou o colar em mim.

– Você está linda...igual a sua mãe - responde Rhett com um sorriso paterno – sua mãe ia ficar feliz vendo você usando ele

  Meu pai me abraça, e ele deposita um beijo na minha testa, enquanto eu retribuo o abraço.

– Feliz aniversário minha pequena...que todos os seus sonhos e desejos se tornem realidade... – sussurra meu pai enquanto ele abraça.

  Estranhei ele dizendo isso sobre sonhos e desejos. Já que quando faz aniversário, as pessoas mandam bençãos e saúde para o aniversariante, mas isso foi estranho, e eu não entendi o porque ele disse isso, mas vou considerar que ele está querendo que os meus sonhos se tornem realidade.

Mas os meus sonhos...são apenas contos de fadas que eu quero viver.

                                                                                 ✴

  Enquanto andava pelo enorme jardim, olhando para as flores e perdida por imensos pensamentos, sem perceber entra num labirinto, um labirinto de rosas. Nunca entendeu o porquê de ter um labirinto de rosas ( que nem sabe onde vai dar o caminho), em um grande jardim, mas nunca teve interesse para tentar entender.

  É um labirinto grande, composto por paredes enormes de plantas e com várias rosas vermelhas ao redor, a cada canto em que entra em um novo caminho nesse labirinto, só ver rosas e mais rosas vermelhas, como se tivesse andando em círculos.

  Mas de longe, ver algo flutuante porém brilhante, e tinhas asas. Parecia um vagalume, quando viu mais de perto, parecia uma silhueta bem pequena...de uma fada.

  Confusa vendo isso, essa pequena criatura (se é que uma fada, já que está sem óculos e é miope), ficava batendo o dedo no pulso como se tivesse dizendo: Anda menina! Estamos atrasadas, vamos logo.

  Mesmo assim...eu corro atrás dela, seguindo ela sabe-se aonde. Ela era muito rápida para uma criatura pequena, brilhante e voadora, ao ponto de perdê-la de vista. Enquanto corria seguindo, percebia que tinha saído do labirinto de rosas enquanto corria, a pequena criatura voa entrando em uma floresta.

  Não é uma floresta muito escura já que estava de tarde, perto do início da noite. E mesmo assim, entra na floresta, correndo mesmo ofegante indo atrás dela. Até que ela some, e a única coisa que eu via, era uma árvore torta, feia e velha, com um buraco grande na parte das raízes como se fosse uma toca...uma toca de coelho.

Parecia que eu estava vivendo com em Alice no País das Maravilhas...que irônia.

                                                                                    ✴

  Observando ainda essa árvore, me abaixo um pouco olhando a toca tentando encontrar a pequena criatura e nada.

– Olá?... – fala enquanto olha para aquela toca profunda e escura.

 Supresa e sem reação, sem querer, eu caio dentro daquela toca cada vez mais. Enquanto caia e afundava cada vez mais fundo nesse escuro sem fim, eu gritava intensamente com medo e assustada, parecia que essa toca não tinha fim, nem começo e nem fim.

  Eu só ficava caindo e me afundando enquanto tinha vários objetos na toca...como um piano, retratos, flores, cama, cadeiras e até estante de livros. Parecia país das maravilhas como no livro, mas em vez de esta curiosa como a Alice no livro...

  Eu estava com medo...perguntando se era sonho ou pesadelo...justo no dia do meu aniversário de 18 anos.