1

578 19 13
                                    

O desemprego é algo triste...



No palco iluminado pelos holofotes, Datena e Marçal estavam mais próximos do que jamais estiveram. O debate político não era apenas sobre propostas, mas sobre algo mais sombrio e irresistível. Desde o primeiro encontro, havia uma tensão mal disfarçada entre os dois — uma linha tênue que os separava do abismo.

Marçal era o provocador nato. Ele sabia exatamente onde cutucar para fazer Datena perder o controle. Mas havia algo mais. Em seus olhos brilhava uma admiração cruel, uma fascinação pelo poder bruto de Datena, pela força com que ele enfrentava o mundo, sempre na defensiva, sempre armado. Cada palavra ácida que lançava contra Datena escondia uma verdade mais profunda, que ele próprio não ousava admitir.

“Você acha que pode me derrotar?”, sussurrou Marçal, sua voz baixa e carregada de veneno. A frase flutuou no ar, mas o que ele queria dizer estava escondido nas entrelinhas: Você quer me destruir, mas me deseja ao mesmo tempo.

Datena, por outro lado, sentia a raiva borbulhar dentro dele. Mas junto à raiva, havia algo mais — um desejo reprimido, uma necessidade de controle. O jeito que Marçal o desafiava, como se estivesse testando seus limites, o fazia querer mais do que uma simples vitória no debate. Ele queria dobrá-lo. Dominá-lo.

“Cala a boca, Marçal,” respondeu Datena, mas sua voz não tinha a força usual. Era uma ordem, sim, mas também uma confissão de que o coach o afetava de uma maneira que ele não sabia lidar. Seus olhos encontraram os de Marçal, e naquele momento, eles sabiam que o palco havia desaparecido. Era só eles dois, numa dança perigosa de poder e vulnerabilidade.

Marçal sorriu, quase como se pudesse ler os pensamentos de Datena. “Você quer mais do que isso. Eu sei que quer.”

O Debate Esquentou - Datena E Pablo MarçalOnde histórias criam vida. Descubra agora