Poemas de amor são motivos de escárnio

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SONETO 83

Amor é um fogo que arde sem se ver,

 É ferida que dói e não se sente,

 É um contentamento descontente,

 É dor que desatina sem doer.

 É um não querer mais que bem querer,

 É um andar solitário entre a gente,

 É um nunca contentar-se de contente,

 É um cuidar que se ganha em se perder.

 Mas como causar pode seu dano? 

Nos faz, com um querer, querer e não querer, 

 E quando mais se quer, menos se engana. 

 Este assalto, amor, tem tanto poder, 

 Que ando, em triste viver, sem ter engano,

 E não posso querer, e quero o que não quero.

Escárnio e Repúdio - ShirbertOnde histórias criam vida. Descubra agora