1- A traição

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- E agora o que vamos fazer? Estamos sem dinheiro nenhum- Disse Esmeralda, seus olhos azuis passavam de uma parceira para outra ansiando por respostas. Mas foi Carmem quem disse:

- Quero que vocês vão todas se foder!

- Cala a boca, nos nem estaríamos aqui se você não tivesse aberto sua boca para aquela sua amantezinha. Aquela menina é uma narcisista que te trocaria fácil por dinheiro. – Esmeralda respondeu.

- Tanto que trocou- interrompeu Eleanor- mas agora, temos que pensar no que fazer. Poderíamos roubar alguém rico ainda esta noite e fugir do país, com aquele nosso amigo marinheiro. Ele nos deve muito.

Esmeralda ouve com atenção, atenção que logo é desviada por outro comentário necessário de Carmem:

-Puta que pariu. Como viemos parar aqui?

-Foi você quem descobriu que o Magnata estava precisando de clientela.Descobriu por quem mesmo? Ah sim por aquela vendida, aposto que ela sabia pois, estava tento um caso com ele. - Esmeralda que sempre demonstrou ceticismo para com o relacionamento que sua melhor amiga tinha, agora mais do que nunca, tem motivos razoáveis.

-Não fala assim da minha mulher. Além do mais, quando eu dei a ideia de vender para ele, para podermos juntar dinheiro, as desempregadas quiseram, não é mesmo?

Dessa fez foi Eleanor quem respondeu:
- sim, quisemos. Mas quando juntamos o dinheiro estava faltando sua parte que depois veio a nos revelar que havia sido gasta dando presentes a sua querida. A mesma que ao pensar que você estava tento um caso com aquele manco, foi logo contar para a diretora do colégio o que fazíamos de verdade ali perto.

- É e então tivemos que gastar boa parte do nosso dinheiro para a diretora não nos denunciar. Perdemos o dinheiro e a clientela, como vamos pagar o Magnata?-Esmeralda estava exaltada, talvez fosse melhor discutir em outro lugar.

- Tudo é culpa minha, que saco. Ela teve os motivos dela e eu também não sou flor que se cheire. O que eu quero é voltar para ela e largar vocês aqui.

Esmeralda se prepara para falar quando outra ideia percorre por seu olhos, ela rapidamente pega o copo que estava na sua frente e joga toda a bebida na Carmem. As duas então iniciam uma briga ridícula. Talvez fosse o tom de indignação que vinha de Carmem ou a raiva tomando o olhar de Esmeralda, que estava atraindo atenção dos outros fregueses. Isso foi o suficiente para o garçom levar a conta para a mesa delas:

-5 pratas, cada cerveja.- o moço resolveu que expulsando-as sutilmente poderia parar toda a confusão que elas estavam fazendo na taverna.

- Ah, sim. Foi para isso que viemos, na verdade.- Carmem falou dirigindo um olhar ousado para o jovem.

- O que? -Foi tudo o que ele conseguiu dizer.

- Nos frequentamos aqui faz um tempo como bem você sabe. Sabe também que sempre pagamos, e nunca faríamos diferente disso.

- Sim- ele respondeu, relutante e instigado.

- Mas estávamos aqui ponderando... Nunca pensou em nos oferecer outra forma de pagamento?

- Do que está falando senhorita?- Disse o felizardo, quase sem ar e com um esboço de sorriso no rosto.

- Nos queríamos experimentar algo que está fora do cardápio. -O garçom parou por 1 minuto analisando a situação, depois disso, seu olhar se deliciou com cada uma das três meninas sentadas naquela mesa. Então disse:

- Subam aquelas escadas- ele apontou para o canto da taverna escuro que só olhando bem, as mulheres reconheceram as escadas- eu vou logo atrás.

As três subiram e discutiram como iriam prosseguir com o plano, logo pararam de cochichar para abrirem sorrisos audaciosos quando o lindo ruivo apareceu na frente delas. Ele em silencio as guiou até uma porta e fez um gesto para que elas entrassem. O quarto dele era simples, havia apenas uma cama e um guarda roupa, olhando para o lado se via a porta do banheiro. Ele entrou, sorriu, tirou a blusa e sentou-se na cama. Esmeralda puxou a arma. Ele rapidamente se levantou quando Carmem puxou sua própria arma:

-Senta ai. - Carmem agora utilizava de um tom bem diferente do usado na taverna, era agora, sério e frio- Qual a senha do cofre?

Aquilo era inédito para Eleanor, elas só iam beber e discutir os planos.

-Que surpresa é essa Eleanor?-Esmeralda prosseguiu- Não era seu plano?

-Eu falei alguém rico. Ele não deve nem ter cofre.- Eleanor para e analisa a situação- Mas deve saber onde fica o cofre do dono desse lugar.

-Nunca trairei meu chefe.

- Por favor, não estávamos mentindo quando dissemos que queríamos experimentar novas coisas com você. Ajude-nos, e depois podemos nos divertir.- tentou Carmem.

- Essa oferta é tentadora, porém minha lealdade ao meu senhor é firme.

- Ah, por favor, nós dividimos com você o que encontrarmos no cofre- insistiu Esmeralda.

- Eu prefiro morrer do que entregar quem me deu um lar e um emprego!

- Ok então- foi só o que Esmeralda disse antes de apertar o gatilho contra o ruivo.- Vamos dar outro jeito.
Eleanor chocada ao que acaba de ocorrer na sua frente, dirige sua atenção aos barulhos de fora para saber se ninguém ouviu o tiro. Ela não queria que isso acontecesse, mas se não foi pelas suas mãos o preço não era dela para ser pago, sendo assim era melhor se preocupar com ela mesma e com o cadáver a sua frente.

Esmeralda e Carmen estavam em mais uma discussão sobre a razão delas estarem naquele fim de mundo quando ouviram uma voz rouca e autoritária vindo do corredor:

- Seu Jerico! Onde você está? As vovós já estão perdendo a paciência com a ausência do seu traseiro HAHAHA. Venha agora, seu verme, ou precisará fazer mais do que desfilar com as bandejas para agradar aquelas bruxas.

Ao ouvir o potencial cafetão, as jovens se calaram. Esmeralda apontou para a janela, mas foi Carmem quem foi a primeira a abri-la e a passar por ela, Esmeralda estava logo atrás. Eleanor relutantemente foi na direção das duas, pois pensava ter uma maneira melhor, ainda não queria desistir do cofre. Quando estava passando pela janela Esmeralda a chutou e fechou a janela. Eleanor atordoada pelas risadas das suas, agora, ex-amigas, se encontrava em uma situação inesperada. Levantou-se e seu olhar apontou para o banheiro. Mas foi tarde demais, deu um passo apenas quando a porta de abriu.
Lá estava ele, o homem parecia ter uns 40 anos, seus cabelos castanhos estavam ralos, e a sua gordura aparente não o ajudava a parecer saudável. Seus olhos pretos percorreram por todo o corpo de Eleanor, depois recaíram no jovem garçom que estava deitado na cama. O homem de dois metros deu três passos. A altura dele já amedrontava Eleanor, mas foi a arma que ele sacou que a fez corar.

-Por favor, meu senhor, me ajude. Estávamos apenas conversando no bar ficamos animados e viemos para o quarto dele, mas eu já não queria mais. Ele insistiu até passar dos limites, eu tive que me defender. Eu imploro não pense mal de mim.- Eleanor mentiu dirigindo seus olhos verdes para baixo em uma tentativa falha de persuadir o homem, já que os olhos deste desceram direto ao seu decote.

-Você mente muito mal,- O dono da taverna voltou seus olhos para os lábios avermelhados da ladra mentirosa- mas, posso te dar uma utilidade.

As grossas sobrancelhas de Eleanor franziram diante das intenções não ditas pelo senhor. Ele a pegou pelo braço tentando leva-la para o banheiro, ela lutou com todas as suas forças, mas, como esperado, seus esforços não a ajudaram, apenas irritou o homem, que aplicou-lhe um mata leão. Aquela maldita janela foi a última coisa na visão de Eleanor antes de se tornar um breu.

Matar Ou Morrer, Tudo Por Um Sonho.Onde histórias criam vida. Descubra agora