O suor de Carmem já havia encharcado todo o seu corset. Aquela roupa quente e o calor dentro do esgoto causavam uma mal-estar na jovem.
- E agora? O que vamos fazer? Perdemos uma. Somos só nós duas agora.
- Primeiro saímos daqui. Depois pensaremos no próximo passo.
- Nojenta foi aquela sua atitude de deixar a menina como distração.
- Eu fiquei nervosa, e não ia dar tempo. Ela pensa demais.
O silêncio voltou. Parece que a traição não refletia só no coração, a língua ao que parecia também estava congelada. Acostumadas com aqueles caminhos, elas andavam por ali como se estivessem em uma rua ,tranquila e limpa, passeando.
Elas andaram até se deparar com uma escada, “a escada do arredor” era assim como elas a apelidaram, pois os subúrbio era logo em cima.
- Chegamos.- Ofegante, Carmem colocou o pé de apoio na escada.
- Por qual motivo você nos levou aqui?
- Eu vim aqui, você me seguiu.- É claro que te segui, nos sempre estamos juntas, esqueceu?
- Não, Esmeralda.- Carmem pausou, como se estivesse procurando as palavras para dizer- Vim ver a Fran. Combinamos de nos encontrar na nossa árvore.
- Não acredito. Depois de tudo o que ela fez?
- Ela se arrependeu na hora. Depois que mandou aquela carta, ela veio até mim, e me disse o que havia feito, o que havia falado.
- Idaí? O que ela fez nos custou a Eleanor.
- Você derrubou a Eleanor.
A o foco da conversa foi perdido quando as duas pularam para o outro lado do corredor quando um casal de ratos seguiam passando por elas.-Me espere aqui.- Carmem deu a ordem, antes de subir na escada e desaparecer.
●●●●●●●●●●
Fran estava apoiada em uma árvore, seus cabelos voavam como o vento, ela havia tirado os óculos. Todos concordam que ela fica mais feia sem eles, mas ela parecia não ter ciência disso, Carmem também não tinha. Para Carmen aquela era a mulher mais bonita do mundo.
- Fran.- Carmem pensava nas palavras que viriam a seguir, mas Franciele foi mais rápida.
- Deu tudo errado. É isso o que veio me falar?- Diante do silêncio da sua amante, Fran prosseguiu- Eu sabia que daria errado. Que ideia idiota, Carmem.
Os pensamentos de Carmen eram confusos, por um lado tudo era culpa da mulher a sua frente, por outro essa mulher era o motivo de ela querer acordar cedo todos os dias para conseguir dinheiro.
- Não vai falar nada? – Foi o tom de irritação na voz de Fran, que fez Carmem abrir a boca.
- Estamos tentando. Ainda vamos conseguir, só precisamos encontrar alguém rico, pegar o dinheiro e ir para longe, sumir por um tempo.
O relacionamento das duas sempre foi instável. Franciele sabia que sua amante tinha o direito de ter raiva dela, mas Carmem nunca dissera nada, nem agora que realmente custou tudo. Talvez fosse essa delicadeza que afastava Franciele, que preferia a franqueza. Foi isso que a fez se apaixonar por Carmem. Mas Carmem, com medo de perde-la, não demonstra tanta sinceridade em suas palavras como antes.
- Pode falar. Está com raiva de mim Cá?
- Não, não estou. Eu também ficaria com raiva se achasse que você está me traindo.
- As vezes eu acho que te machuca.
- Não vamos falar sobre isso de novo, não agora.
Silêncio irrompeu pelas duas, isso era raro. Mas as duas não sabiam mais o que falar, sempre que falavam as palavras eram como golpes, não eram bem as palavras, era a frieza o que as feriam.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Matar Ou Morrer, Tudo Por Um Sonho.
FantasyTrês mercenárias estão devendo um Mercador ilegal. Uma traição as separa, e tudo fica claro entre elas, cada uma por si, assim que seria. A trama se passa em uma pequena cidade em uma era mágica e medieval. As três farão de tudo por amor, sonho e vi...