4- O porão.

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Ela estava olhando fixamente para a porta a sua frente. Ela não sabia onde estava nem qual era seu nome, nem sabia porque estava com a mão na maçaneta. Seus pensamentos estavam baixos, como se não fosse momento de tentar entende-los agora. Ela abriu a porta.

Era tudo confuso, ela não sabia que lugar era aquele antes da porta, mas agora que abriu parecia um outro mundo. Ela entrou em uma sala, sem cheiro nem som. Seus pés descalços deslizaram no piso monolítico que se entendia por todo o cômodo.

Não havia vida ali, era vazio, não tinham quadros, pinturas, calor. Só havia uma luz fria e cadeiras duras enfileiradas de frente para um balcão. E aquele zumbido no ouvido aumentava diante do silêncio impenetrável daquela sala de espera.

- Eleanor?

Eleanor olhou para o balcão antes vazio e havia uma mulher de meia idade ali. Ela estava com um olhar calmo e severo quando olhou na direção de Eleanor

- Sua mãe está na terceira porta a esquerda naquela corredor.-apontou a recepcionista.

Eleanor olhou na direção do corredor e quando seu olhar retornou ao balcão já não havia mais ninguém. Ela seguiu na direção apontada.

Ainda estava confusa, só havia esse nome na cabeça. Eleanor. O que isso queria dizer? O que a aguardava por detrás daquela porta?. Quando mais andava, mais longe parecia ser, como se as próprias pernas se encurtassem a cada passo que dava. Finalmente chegou, ela nunca havia sido intimidada por uma porta, até agora. A porta parecia mais alta que as outras. E mais pesada também, ela imaginará isso ao empurra-la com dificuldade até se abrir o suficiente para que pudesse passar.
A sala agora era familiar, ela já estivera ali antes, mas ainda não entendia, ainda não conseguia se lembrar. A sala possuía um piso vinílico, uma janela com grades, e uma pequena cama de solteiro. Uma mulher descansava ali.

Eleanor se aproximou da mulher, então quando viu seu rosto se lembrou de tudo. Ao ver aquela mulher pálida na cama, ela se lembrou de quem ela era e porque ela estava ali. Pois ela ainda não havia conseguido. Era Deus tentando lembra-la porque ela deveria lutar, por quem.

Eleanor, ainda em choque pegou na mão de sua amada mãe, que acordou no mesmo instante.

- Mãe- chamou Eleanor

A mãe de Eleanor levou a própria mão com dificuldade ao rosto de sua filha.

- você é a cara de seu pai, oh meu bebê- a voz da mãe de Eleanor falhava tentanto encontrar as palavras certas- você conseguiu, minha filha?

- Ainda não. Desculpe. Vamos sair dessa.- os olhos de Eleanor se encheram d'água.

- Eu sei que vamos, você sempre nos salva.

Eleanor acordou.

Ainda estava naquele buraco, dessa vez amarrada a uma cadeira, ela não tinha certeza se o soco que levou era o que a estava fazendo fungar, ou se foi o sonho que teve que causou a coriza. Ela de certo chorava, a mãe e o pai eram tudo pra ela, sempre foram. Ela estava disposta a fazer qualquer coisa para dar a eles a vida boa que eles mereciam. Eles não se orgulhariam disso se soubesse quais os meios que ela tem usado ultimamente. Os riscos que tem vivido.

Ela ouviu um som de aço contra aço, aquele barulho estava lá, ela percebera agora, ela estava ouvindo esse barulho esse tempo todo, as vezes era como se o som estivesse dentro da sua própria cabeça. Ela manteve a cabeça abaixada para parecer inconsciente ainda, Eleanor não queria estar acordada para o que estava por vir.

"Tudo vai ficar bem, eu vou sair dessa"
"Eu sempre saio"
"Eu sempre consigo o que eu quero"
"Eu vou sair daqui"

Os som parou. Então vieram os passos, eram lentos e firmes, como se estivesse caminhando em direção a algo desconhecido, estavam ansiosos, porém ainda eram cautelosos. Os passos cessaram. Eleanor fechou os olhos e não ousou abrir até que precisasse.

Matar Ou Morrer, Tudo Por Um Sonho.Onde histórias criam vida. Descubra agora