Lia Yoshida escreveu três cartas de amor, uma para cada garota que ela gostou. Cartas cheias de coisas que Lia nunca teria coragem de falar em voz alta. Até que um dia essas cartas, que deveriam ser secretas, são misteriosamente enviadas aos destina...
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𝑃𝑂𝑉 𝐿𝑖𝑎 𝑌𝑜𝑠ℎ𝑖𝑑𝑎 12/08/2024: 05ℎ38𝑚𝑖𝑛
"— Três palavras, diga, e serei sua. - Laura me encarava fixamente, enquanto sua mão acariciava minha bochecha.
— Laura, eu te amo..
A mais alta sorriu para mim e se aproximou, seus olhos logo se fecharam e eu fechei os meus juntamente. Quando seus lábios iam tocar os meus..."
Eu acordei, no quarto da minha irmã mais velha, havia adormecido enquanto fazíamos uma maratona de Gossip Girl, a última maratona de séries antes do fim das férias do meio do ano, e isso explicava o meu sonho.
Eu havia sonhado com uma reprodução da famosa cena de Blair Waldorf e Chuck Bass, mas eu e Laura não tínhamos nada haver com esses personagens. Na verdade, nem ao menos éramos um casal, ou tínhamos a chance de ser.
Olhei para o relógio na mesa de cabeceira da minha irmã, eram 05:38 da manhã. Em qualquer outro dia, eu voltaria a dormir, mas aquele sonho tinha tirado meu sono. Levantei e com cuidado para não acordar Sofia, minha irmã mais velha, sai de seu quarto na ponta dos pés.
Os primeiros raios de sol do dia, invadiam a casa pelas brechas das janelas, deixando a casa com um filtro natural que a tornava bem mais bonita. Entrei no meu quarto e deixei a porta encostada, me sentei na cadeira confortável em frente a minha escrivaninha, peguei papel e caneta. Eu iria escrever uma carta de amor.
Não uma carta de amor normal. Eu escrevia cartas de amor sempre que tinha um crush muito forte e precisava encará-lo, dar fim aqueles sentimentos. Eu jogava todos os meus sentimentos no papel, deixando meu coração mais leve. Essa era a terceira carta.
A primeira carta tinha sido escrita quando eu tinha uns 10 anos, quando eu me descobri como uma garota lésbica. Tinha sido para a Andreza Silva, eu escrevi porque ela havia ido embora da cidade, e eu sabia que nunca mais veria ela. Eu fazia terapia na época, muitos problemas para uma criança só, e minha terapeuta que me deu a ideia da carta.
Quando eu tinha uns 13 anos, eu escrevi a segunda carta, para a Rayssa Leal, sim, a skatista mundialmente famosa. Eu tinha trocado de escola e por coincidência, comecei a estudar na mesma sala que ela. Ela era gentil, simpática, engraçada.. Mas depois que ela ganhou as olimpíadas, nesse mesmo ano, ela começou a chamar atenção de muitas meninas e meninos. Inclusive da Cecília Fontenelle, o sonho de quase toda a escola.
Foi com a Rayssa que eu dei meu primeiro beijo, um selinho desengonçado em um jogo de garrafa. Mas não foi nada demais, pouco tempo depois surgiram boatos de que ela estava em um namoro precoce com a Cecília e eu lembro de escrever a segunda carta aos prantos.
Agora eu escrevia a terceira carta, para Laura Rauseo, ela participava do grupo de teatro da escola e tinha um estilo único. E por que eu estava escrevendo a carta? Porque eu não podia gostar dela, ela tinha sido o primeiro amor da minha melhor amiga, a Rosado. E mesmo que a Rosa não falasse dela a mais de um ano, aquilo não era certo, eu me sentia uma talarica' da pior espécie. Aqueles sentimentos tinham que ter um fim.
