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Este capítulo irá conter cenas de violência doméstica, uso exagerado de bebidas alcoólicas. Se você for sensível a esse tipo de coisa recomendo não ler, pois pode acarretar gatilhos. Antes desse tipo de coisa iniciar, irei avisar antes para caso queira pular.


Não adianta fugir, por mais que eu tente correr para longe, ele sempre me alcança. Isso vem como uma onda, funda e tempestuosa, não consigo sair dela, não tem ninguém para me salvar. Eu posso desejar que você seja a minha salvadora? Que seus olhos azuis possam me cativar a fazer coisas boas, porque tudo o que eu desejo é me sentir viva e você de alguma forma, me faz sentir.
                                                  
                                                   — França

𝐂𝐚𝐢𝐫𝐨 𝐒𝐰𝐞𝐞𝐭

A irritante garota dos olhos azuis, aquela na qual não consigo parar de pensar. Algo nela me intriga, talvez seja a sua forma divertida de como ela lida com as coisas, ou a forma como ela me olha. Desde em primeiro dia em que nós esbarramos, não conseguíamos ficar no mesmo lugar sem discutir ou discordar uma da outra. Era engraçado o fato de que ela perdia a paciência fácil quando se tratava de mim. S ó talvez eu estivesse me divertindo muito com a sua cara de tacho quando eu não concordava com a sua opinião.

CC Walker, capitã do time de futebol, caloura da faculdade, extrovertida e gentil. Tudo bem, talvez não tão gentil comigo, mas com as outras pessoas sim e aquilo de certa forma me chamava a atenção. Algumas dessas atitudes fazem-me lembrar que ainda há pessoas boas, me fazem lembrar do meu pai. Ele tinha disso, sempre ajudava e dava a mão a torcer, ele era doce e gentil, não importasse o que acontecesse, meu pai nunca desistia, não deixava de acreditar. Queria ter puxado esse lado dele, porque desde que ele se foi, desistir parece ser a maneira mais fácil de se resolver as coisas.

Os meus pesadelos estão se tornando mais frequentes e existe dias nos quais eu não consigo mais pregar os olhos. As chamas, a autópsia, o caixão, tudo parecia tão fresco na minha memória. Por mais que eu tente, tente esquecer tudo o que aconteceu, eu não consigo, as lembranças vêm com tudo, como um soco em meu estômago. Parece que toda vez que eu ando, a sombra dele me persegue na escuridão, e essa sensação não passa, não vai embora de forma alguma, era para eu me sentir segura, mas a cada dia que passa eu tenho a certeza de que nunca vou estar segura de fato.
Eu me sinto perdida, vazia, em uma completa escuridão. Entretanto, eu ainda o tenho, ele ainda olha para mim e se importa, mas seu olhar parece tão distante, tão frio. Não sei por quanto tempo posso aguentar essa dor, não sou forte o suficiente como ele, ainda me sinto como aquela garotinha de cinco anos assustada depois de assistir um filme de terror. Nessa época, eu ainda o tinha, era mais simples e fácil, os filmes não eram reais, mas a minha vida é e os acontecimentos dela também, isso me assusta mais do que qualquer coisa. Sou tirada dos meus pensamentos ao ouvir meu celular tocar, olhei para ele vendo a o contato da minha mãe, será que aconteceu algo?

— Mãe? — A chamei, esperando-a falar.

— Oi meu amor, como você está? — Ouvi sua voz doce.

— Bem, eu acho e a senhora? — Perguntei.

— Estou bem, na verdade, preciso lhe falar uma coisa — Começou ela, senti seu tom de voz ficar mais tenso.

— Aconteceu algo? — Questionei, preocupada.

— Se lembra do melhor amigo do seu pai, seu tio Billy? — Ela falou fazendo-me lembrar dos velhos tempos.

— Claro que lembro, ele está bem? — Perguntei, fazia muito tempo que eu não o via. 

— Sim, ele está, mas vai voltar para a cidade daqui a uns dias — Minha mãe respondeu e logo abri um sorriso.

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