Um

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Não consigo respirar, não consigo respirar, não consigo!

Um grito ressoa em minha garganta.

Me sento na cama rapidamente com a respiração ofegante. Minhas mãos vão ao meu pescoço e o seguram com cuidado, preciso me acalmar.
Leo se senta e esfrega o olho antes de passar o braço por volta da minha cintura e me puxar para ele. Rapha abre a porta devagar e anda até nós em passos rápidos.

- Outro pesadelo? - Ele pergunta e se senta proximo a nós. Seus dedos delicadamente acariciam meu tornozelo.

Balanço a cabeça devagar e finalmente relaxo. Me deito no peito de Leo. Rapha suspira e encara Leonardo.

- Você sabe o que pensamos sobre isso. Você passou por muita coisa, deveria procurar algum tipo de apoio. - Leo disse enquanto acariciava meu cabelo. - Existem muitos psicólogos bons la encima.

- E o que eu digo para eles? Digo que sou uma aberração que saiu de um experimento de laboratório? - Eu explodi e me afastei dele. - Digo que a minha irmã me matou e depois sumiu junto com as outras duas? Digo que tenho dois namorados IRMÃOS que são TARTARUGAS? - Explodi e me levantei.

Eles me olharam com o cenho franzido. Agarro os cabelos e praguejo baixo. Merda..

- Eu levaria tudo isso como uma ofensa, mas eu vou fingir que você só está muito estressada. - Rapha disse e se levantou. Devagar, ele andou até mim e segurou minha cintura. - Já comversamos sobre isso, princesa. - Ele sussurrou.

Leonardo limpou a garganta a cruzou os braços enquanto se levantava. Olhamos para ele.

- Ficar aqui embaixo não faz muito bem a você. Mesmo sendo mutante, você ainda tem uma boa parte humana. Precisa viver como uma. - Ele disse, suas palavras cortantes.

— Ah, claro, porque você sabe exatamente o que é viver como humano, não é, Leo? — retruco, sentindo a frustração ferver novamente. — Vocês dois falam como se soubessem o que é lidar com isso!

Rapha me segura com mais força, seus dedos apertando minha cintura levemente como um aviso silencioso para eu me acalmar, mas a tensão no ar já está crescendo.

— Eu só estou tentando te ajudar — Leo responde, sua expressão endurecida, os braços cruzados. — Você não precisa descarregar isso na gente toda vez.

— Descarregar? — dou um passo em direção a ele, me soltando de Rapha. — Isso não é só sobre mim, Leo! Você acha que fingir que tudo está bem resolve alguma coisa? Eu sei o que vocês pensam, mas ficar fingindo que dá pra ser normal só porque me dizem que é o melhor pra mim... não funciona!

Rapha nos encara, claramente desconfortável com o rumo da conversa. Ele passa a mão pela nuca, mas não diz nada, tentando mediar a situação apenas com o olhar.

— Fingir? — Leo avança um passo também, a frustração finalmente se mostrando em sua voz. — Eu nunca disse que seria fácil, mas você não está nem tentando. Ficar aqui, nos esconde dos nossos problemas, mas não resolve nada. Você precisa se conectar com o mundo lá fora.

Rapha finalmente se posiciona entre nós, levantando as mãos em um gesto de paz.

— Parem, os dois. Isso não vai levar a lugar nenhum. Leo, pega leve, cara. Ela está estressada, a última coisa que precisamos é jogar mais peso nisso. — Ele se vira para mim, o olhar mais suave. — E você, precisa confiar na gente. Estamos do seu lado, ok?

— Não parece que estão do meu lado... parece que vocês têm todos esses planos para mim, mas eu só... não sei se consigo seguir nenhum deles. — Minha voz sai mais baixa dessa vez, a raiva se transformando em exaustão. - Parece que tudo que vocês querem é que eu saia desse bueiro e large tudo.

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