Pela primeira vez em muito tempo, estou sozinha.April saiu com o Jones, eu não tenho amigos e nem meus dois namorados. Então a minha melhor companhia hoje será: Eu e eu mesma. Abro a geladeira e pego uma garrafa de vidro que não tenho certeza se é vinho branco ou outra coisa. Abro a garrafa e dou um gole, o líquido desse queimando minha garganta até bater em meu estômago, não é tão horrível assim.
Me jogo no sofá e pego o controle da televisão, direto, vou para o canal de reportagem onde anunciaram uma nova celebridade na cidade, Isabela Devereaux. Ela tem cabelos loiros em um corte clássico, arrumados de maneira impecável. Sua pele é bronzeada e saudável, e seus olhos castanhos transmitem uma calma calorosa. A mulher exala uma aura de bondade e otimismo, nunca sendo vista sem um sorriso no rosto. E por falar em rosto, o dela é muito familiar, familiar até de mais. Franzo o cenho quando ela estica o braço para acenar. Por que ela é tão famosa?!
- Isabela Devereaux construiu sua fama como uma verdadeira 'heroína social'. Filha de um influente magnata da indústria, ela teve uma educação privilegiada nas melhores escolas do mundo. Mas, ao contrário do que muitos esperavam, Isabela não seguiu os passos corporativos da família. Ela optou por usar sua imensa fortuna e influência para melhorar o mundo ao seu redor. Foi assim que surgiu a Fundação Devereaux, uma organização que se dedica a construir escolas em zonas de guerra, fornecer ajuda médica a comunidades em crise e financiar abrigos para vítimas de violência doméstica. Seu carisma e habilidade de mobilizar doações transformaram Isabela em uma figura de destaque, tanto nas redes sociais quanto nas manchetes internacionais. E não para por aí! Ela também é anfitriã de eventos beneficentes de grande prestígio, onde se reúnem políticos, artistas e outros grandes filantropos. Sua visibilidade e impacto não param de crescer. - a repórter disse.
A, tá. Bebo outro gole da bebida estranha e troco de canal. Um vento gelado entra pela janela, os pelos do meu corpo se arrepiam. Me levanto e fecho o vidro.
- Não devia estar bebendo. - a voz conhecida surge atrás de mim, me assusto e me viro.
- Cacete, você quer me matar?! - suspiro e ponho a mão sob o peito.
Leo franze o cenho e revira os olhos. Seus braços musculosos estão cruzados, deixando uma veia saltante bem exposta. A carranca em seu rosto diz que ele não está muito alegre. Ele balança a cabeça, a expressão dura como sempre, mas noto o olhar levemente preocupado que ele tenta esconder. As sombras do quarto acentuam suas feições, e por um momento fico perdida, lembrando de como costumávamos ser próximos, como eu costumava me sentir segura com ele por perto, como era a sensação de seu corpo junto ao meu.
– Não é seguro pra você, sabia? – Ele comenta, e noto o jeito como ele mede a bebida na minha mão.
Reviro os olhos e dou de ombros, tentando manter a pose.
– Relaxa, Leo, um gole não vai me matar. – Digo, colocando a garrafa na mesa e me afastando um pouco.
Ele observa cada movimento meu, como se tentasse ler algo que não quero revelar. Sinto a tensão no ar, misturada com um pouco de mágoa que ainda lateja, e fica difícil disfarçar o quanto ainda me importo, apesar de tudo.
– Achei que você tivesse seguido em frente, – ele comenta com a voz baixa, mas incisiva, os olhos nunca se desviando dos meus. – Mas parece que tá se afundando de novo.
Aquelas palavras doem mais do que deveriam, e algo dentro de mim se remexe. Não sei se é o orgulho ferido ou a saudade que aperta o peito, mas solto uma risada curta e amarga.
– E você acha que entende tudo sobre mim, não é? Como se soubesse cada passo que eu dou.
Leo descruza os braços e dá um passo na minha direção. Sinto meu coração acelerar, mas não me movo. Ele para perto o suficiente para que eu possa ver a cicatriz fina na lateral do rosto, uma lembrança de tempos difíceis, de lutas compartilhadas e de decisões que nos afastaram.
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Nossa secreta paixão..
FanfictionS/n..a nova esperança secreta da cidade de NY. Nas sombras, oque a espera?..