Cinco.

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A água gelada despencava impiedosamente sobre o corpo de [Nome], arrepiando sua pele a cada gota que escorria, mas era seu olhar, com o nariz levemente torcido em uma mistura de irritação e incredulidade, que revelava seu verdadeiro desconforto. Os cabelos grudavam no rosto, os ombros tensos pela inesperada invasão do frio, mas nada disso o distraía da figura à sua frente. Sua embriaguez aparentava está indo embora, porém, ainda restava álcool em seu sangue.

Em sua frente, o homem gigante estava igualmente encharcado pela água que caía do chuveiro, mal conseguia ver a água passar por baixo daquele tanto de pelo. Entretanto, uma prova que realmente estava sendo lavado era a coloração preta que saia do corpo grande, escorrendo pela banheira.

A cena seria cômica, não fosse o desconcerto palpável no ar. [Nome] piscou lentamente, como se tentando assimilar a presença do intruso, e soltou um suspiro resignado, sem desviar o olhar do colosso que compartilhava o limitado espaço. A água continuava a bater contra ambos, insistente.

— O banho não era pra mim? 

Inicialmente, o banho era, sem dúvida, destinado a [Nome], cuja embriaguez o tornava um caso perdido. Ele mal conseguia ficar de pé, e o cheiro agridoce de álcool misturado ao suor era impossível de ignorar. A água gelada que escorria pelo chuveiro estava ali para despertar sua mente entorpecida, mas, por mais que o frio o incomodasse, era o fedor insuportável que o deixava realmente irritado.

[...]

— Porra, você fede! — reclamava [Nome], a voz arrastada pela bebida, enquanto tentava, sem sucesso, se equilibrar contra a parede do banheiro.

A cada nova queixa, seu rosto contorcia-se mais, como se o cheiro fosse uma afronta pessoal. Suas reclamações incessantes ecoavam no banheiro, irritando Brahms, que estava observando com uma mistura de tédio e impaciência, não aguentou por muito mais tempo.

Sem avisar, o grande homem deu-lhe um empurrão firme, afastando-o bruscamente para o lado. [Nome] cambaleou, quase perdendo o equilíbrio, mas antes que pudesse protestar ou entender o que havia acontecido, Brahms já havia entrado debaixo do chuveiro também, deixando a água fria bater sobre sua cabeça sem qualquer cerimônia.

— Se você vai passar a noite reclamando, então faz logo direito — murmurou Brahms.

[...]

No momento, o escritor estava completamente sem reação. A cena absurda diante dele, com aquele ser debaixo do chuveiro, o deixou tão atônito que sua mente parecia incapaz de processar a situação. Incapaz de conter o desconforto, ele começou a balbuciar, as palavras saindo sem filtro, tropeçando umas nas outras.

— V-você... — gaguejou ele, passando a mão pelo rosto molhado, tentando organizar seus pensamentos. — Você é... peludo demais!

A frase saiu antes que ele pudesse impedi-la, ressoando no ambiente abafado do banheiro. Seu olhar caiu sobre a água que escorria pelo corpo do outro, colando as roupas encardidas ao corpo, e, com um ar quase de horror, ele notou o tom escurecido que descia pelo ralo.

— A água... a água tá saindo preta! — exclamou, incrédulo, o nariz torcido de novo, como se o fato tivesse atingido um limite inimaginável de grotesco.

— Você reclama de tudo! — praguejou o homem que usava a máscara de porcelana. Por baixo daquilo, era possível ver a indignação em seu olhar.

Indignado, Brahms se afastou um pouco do chuveiro, mas sem sair completamente da corrente de água fria que ainda escorria sobre seus ombros. Ele lançou um olhar cortante para [Nome], os músculos tensionados como se segurasse algo há muito tempo contido.

— Você reclama de tudo! — começou, sua voz grave ecoando no banheiro com uma intensidade inesperada. Já era inesperado ele está falando e está frente a frente com “sua babá”. — Reclama do banho, reclama do cheiro, reclama de mim... — Brahms passou a mão molhada pelos cabelos, aquela juba, empurrando-os para trás, como se tentasse recuperar a compostura, mas sua frustração transparecia - porém, a água preta continuava escorrer pelo maior. — Eu só queria te agradar, te ajudar a se limpar, e tudo o que recebo é você falando mal de mim!!

Sem conseguir evitar, [Nome] torceu o nariz mais uma vez, recuando instintivamente.

— Nem te conheço, doidão! — começou a justificar, a indignação óbvia. — Mas você... você tá fedendo, agora fede a... cachorro molhado!

Good Boy - Male Reader.Onde histórias criam vida. Descubra agora