Segredos do passado - Rosamaria

Capítulo 1

Rosa pov.

O avião aterrorizou no aeroporto de Guarulhos, e eu senti um frio na barriga. Era como se os cinco anos que passei longe do Brasil não fossem apenas um intervalo, mas um longo sonho do qual eu acabo de acordar. A cidade estava diferente, mas ao mesmo tempo, tudo parecia tão familiar. As mesmas ruas, o mesmo trânsito caótico.

Mas, à medida que caminhava pelos corredores do aeroporto, as memórias de Marina começaram a invadir minha mente. Era impossível não lembrar de nossas promessas, de nossos sonhos de construir uma vida juntas. A imagem dela, com seus cabelos soltos ao vento e aquele sorriso que iluminava meus dias, surgia a cada passo que eu dava. Eu tinha tentado afastar essas lembranças durante minha estadia no Japão, mas agora, elas voltavam com força total.

Com a mala em mãos, decidi que precisava me distrair. Fui até um café no aeroporto. O cheiro do café fresco e dos doces brasileiros me envolveu, mas o primeiro gole teve um gosto amargo. A saudade de Marina apertou meu coração, e percebi que o tempo não havia apagado o que sentia por ela. Lembrei das viagens que fizemos, das noites em que sonhávamos acordadas planejando o futuro, como se o mundo inteiro pudesse esperar por nós.

Acordei de meus devaneios quando ouvi meu nome sendo chamado. Era uma amiga antiga, Luana, que insistiu em vir me buscar. Ela estava radiante, mas assim que me viu, seu sorriso hesitou por um segundo.

— Ai meu Deus que saudade estava de você pinkmary! Como você está?— perguntou, percebendo a melancolia nos meus olhos.

— Estou bem. Só um pouco cansada — respondi, tentando disfarçar a tempestade de emoções.

O caminho para casa foi um turbilhão de pensamentos. Luana falava sobre a cidade, novos projetos e eventos que estava participando, mas eu mal a escutava. O que eu realmente queria era saber onde e o que aconteceu com Marina, como ela estava agora.

— Eu sei que você quer perguntar Rosa, então pergunta logo —  ela falou olhando de canto para mim 

— Você sabe dela? 

— A ultima noticia que eu tive dela foi pelo Bê e ela estava morando em Los Angeles, alguns meses depois que vocês terminaram ela foi morar lá e recomeçar a sua vida, não se preocupe que as chances de vocês se encontrarem é quase nula.

As palavras de Luana ecoaram na minha cabeça, mas não consegui processá-las de imediato. Morando em Los Angeles? Uma parte de mim sentiu uma pontada de alívio, como se a distância entre nós pudesse me dar a paz que tanto buscava. Mas outra parte, mais vulnerável, se perguntou se aquela distância não era uma forma de escapar do que ainda sentia.

— Los Angeles... — repeti, quase em um sussurro. — E ela está feliz lá?

Luana hesitou. 

— Olha, Rosa, eu não sei. O que posso dizer é que ela parecia determinada a seguir em frente. O Bê comentou que ela estava focada no trabalho e em novos projetos. Mas quem pode saber o que realmente se passa no coração dela?

O silêncio entre nós era pesado. A ideia de Marina recomeçando a vida, sem mim, era uma facada. Lembrei-me das noites em que planejávamos juntas como seria nossa vida, com filhos, viagens e uma casa cheia de risadas. Agora, tudo isso parecia tão distante.

— E você? — Luana perguntou, tentando mudar de assunto. — Como foi sua vida no Japão?

— Foi incrível, na verdade. Aprendi muito, tanto no vôlei quanto sobre mim mesma. Mas sinto falta da conexão que tinha aqui, com as pessoas, com a cultura... e, claro, com você.

Luana sorriu, mas logo sua expressão ficou séria novamente. 

— Rosa, sei que a volta é complicada, mas você está prestes a representar o Brasil nas Olimpíadas! Isso é algo incrível! Você deve se concentrar nisso.