Epílogo: O Fim da Luz

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A escuridão era absoluta.

Não havia vestígios do que fora o mundo, nenhum eco de vida, de movimento, de som. O silêncio era profundo e ininterrupto, como se o próprio conceito de ruído tivesse sido apagado. A superfície da Terra, antes pulsante com a chama da existência, agora era um vazio interminável. Não restava nada além do negro opressor que se estendia por todo o horizonte e além, em todas as direções, como se sempre tivesse sido assim.

O universo, agora livre da luz, havia retornado ao seu estado primordial - um oceano eterno de trevas, sem passado, sem futuro, sem testemunhas.

Aqueles que haviam tentado resistir, que lutaram com medo e desespero para entender ou sobreviver, sucumbiram um a um, suas mentes engolidas pelo peso esmagador da ausência. Sem luz para guiar seus olhos, sem tempo para marcar seus dias, as noções humanas de vida e significado se dissolveram como sonhos ao amanhecer, exceto que não havia mais amanhecer.

Onde antes existia um ciclo de nascimento e morte, de amanheceres e crepúsculos, agora havia apenas estagnação - uma quietude sem fim.

Elias, se é que ele ainda existia em alguma forma, havia se fundido ao vazio que sempre o chamara. A sua busca por respostas, por entender o desaparecimento da luz, o havia levado à revelação final: a luz nunca foi o estado natural das coisas. Ela fora apenas uma pequena chama oscilante, um breve lapso em um cosmos dominado por sombras insondáveis. Agora, aquele lapso havia se extinguido, e o universo finalmente estava em equilíbrio novamente.

As estrelas, por um tempo, brilharam e iluminaram o abismo. A humanidade, por um tempo, prosperou e sonhou sob suas luzes, mas tudo isso foi temporário, acidental, insignificante. A luz fora uma exceção. A escuridão, no entanto, era a regra.

Sem tempo para medir, sem espaço para explorar, e sem vida para presenciar, o universo não se importava. Tudo o que foi, agora era irrelevante. O retorno à escuridão não era um fim, pois não há fim no vazio. Não há despedidas, nem ruínas, apenas uma extensão infinita de não-ser.

O cosmos silencioso aguardava. Não havia mais Elias para tentar decifrar seu enigma. Não havia mais ninguém para contemplar seu terror ou sua beleza. O tempo não fluía. O espaço não se estendia. Apenas o silêncio de um vácuo perfeito, o estado eterno do qual tudo emergira e ao qual tudo, inevitavelmente, voltava.

E assim, o fim da luz não trouxe a destruição, mas a reconciliação - uma aceitação daquilo que sempre foi. No final, a escuridão permaneceu, indiferente, imutável. E no seio dessa escuridão eterna, o universo se encontrou novamente.

Na escuridão, não há fim, porque nunca houve começo.

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⏰ Última atualização: Sep 26, 2024 ⏰

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A União com o Vazio - ByLiFearOnde histórias criam vida. Descubra agora