20 | Presos

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Encontro-me novamente na ala de Mike

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Encontro-me novamente na ala de Mike. Neste momento estou a tentar convencer, outra vez, a secretária deixar-me entrar, mas ela está irredutível quanto a isso.

— Já disse e volto a repetir, — ela começa, depois de eu pedir para entrar. — Para falar com o senhor Landson, só com marcação ou se me disser o assunto. Pode ser algo urgente e assim eu passo para ele.

— Só preciso que ele venha aqui fora para eu lhe dar uma palavrinha.

— Mas é urgente? Deve ser de tantas vezes que aparece aqui — essa última parte foi sussurrada, mas consegui ouvir perfeitamente as suas palavras. Não sei, nem me interessa, se ela tem alguma teoria sobre as minhas vindas aqui, eu só sei que preciso falar com Mike.

— Eu...

Nem consigo terminar a frase, pois o homem que tenho andado à procura estes dias todos para falar, abre a porta do seu escritório e dá passos largos até ao elevador, sem erguer os olhos para mim.

Sinto o meu coração dar pulos acelerados no peito só de o ver diante de mim. Ele veste um fato sob medida ao seu corpo alto e forte da cor preta e o seu cabelo da mesma cor está todo alinhado como se ele tivesse passado gel. Os seus sapatos brilham com as luzes dos candeeiros luxuosos e cada passo que ele dá mostra o quão confiante e eficiente ele é no seu local de trabalho.

É o Mike de Paris, mas, ao mesmo tempo, eles são tão diferentes. O Mike em Paris estava um pouco abatido, mas tinha um sorriso nos lábios. Este Mike é somente poder e até um pouco de frieza.

Lembro-me dele dizer que algumas coisas não estavam bem no seu trabalho e agora consigo entender melhor o que ele queria dizer com aquilo, mas mesmo assim, sinto que ainda há mais coisas nessa história.

Assim como há mais coisas no caso que tenho em mãos. No caso que não paro de pensar desde o momento em que o li.

Não perco mais tempo, afasto-me da secretária e avanço até Mike, impedindo dele entrar no elevador sozinho. Entro lá para dentro antes que as portas se fechem.

— Alice, este elevador... — as suas palavras morrem na sua boca, assim que ele desvia os olhos do seu telemóvel e olha para mim. — Camila? O que fazes aqui?

— Bom dia, senhor Michael. Você é um homem difícil de ser encontrado, sabia? — Brinco com ele e vejo um pequeno brilho no seu olhar.

— Bom dia — ele cumprimenta de volta e guarda o aparelho no bolso, dando-me a sua total atenção. — O que se passa? Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu, mas nada de grave — digo, e emendo logo a seguir por ver a sua expressão de preocupação. — Tenho andando dois dias à tua procura para falarmos, mas não consegui encontrar-te nos corredores e a tua secretária é ótima no seu trabalho.

— Tive uns dias ocupados por causa de um caso, desculpa. — Ele diz e aperta o botão do último andar do prédio. O elevador começa a descer e só o facto de estar num espaço fechado, começo a sentir a minha respiração a ficar mais acelerada. Sei que não vai acontecer nada enquanto estou neste elevador, mas o medo sempre vem quando estou em lugar fechados e apertado. Desde aquele dia que fiquei fechada naquele quarto de arrumações que é assim. Tento contar todas as vezes que expiro e inspiro, só para não ter nenhum ataque de pânico. Principalmente em frente de Mike.

Aquela noite em Paris (romance cristão) - será retirada em breve Onde histórias criam vida. Descubra agora