21 | Esta noite em Nova Iorque

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Acho que aquilo que menos gosto após ter um ataque de pânico é exatamente isso, o depois

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Acho que aquilo que menos gosto após ter um ataque de pânico é exatamente isso, o depois. Ter que lidar com aquele caos da minha mente e com os olhares de pena das pessoas que assistiram ao momento em que estive mais vulnerável.

Então, para não olhar para os olhos piedosos dos bombeiros, que tão amavelmente trataram de mim, das pessoas da Landson Company que rodearam o elevador para ver o que aconteceu e, principalmente de Mike, mantenho os olhos no chão, onde não consigo encarar ninguém.

O medo é mesmo algo que não se consegue explicar. Como o corpo fica paralisado, mesmo quando o meu cérebro dá uma ordem contrária, é, até de alguma forma, assustador.

O único momento que a minha mente conseguiu sair daquela nuvem de medo, foi quando ouvi a voz de Mike a recitar o Salmo 23. Já havia muito tempo que não passava por um momento de puro medo, mas quando era mais nova e ainda não entendia a profundidade da minha claustrofobia devido a uma experiência traumática, recitar alguns salmos também era o método abordado pela minha mãe.

Os Salmos são uma boa forma de orar ao Senhor. Até porque a oração é a Sua palavra e, aprendendo isso, passei a orar os salmos ou outras passagens da Bíblia, quando me encontrava nesses momentos mais desesperadores.

Graças a Deus que os ataques de pânico passaram a ser menos frequentes e, sinceramente, pensei que já estivesse melhor, mas parece que bastou ficar presa no elevador para que tudo voltasse ao mesmo.

Aquela agonia que senti da primeira vez que fiquei fechada naquela despensa pequena e escura, voltou com força e agora eu só queria ir para casa, tomar um banho e ficar quieta no meu canto.

A necessidade de ter um momento de silêncio, após ter ficado com o cérebro num caos, é enorme.

Mas sei que ainda não posso ter isso. Tenho Mike a conduzir o seu carro ao meu lado e sinto o seu olhar preocupado sobre mim.

Sei que ele ficou assustado, ou preocupado, com o que viu e não queria que ele tivesse visto. Apesar de já lhe ter contado sobre como a fobia aconteceu, não esperava que ele presenciasse ao vivo e a cores. Mas fico contente por ele ter ficado do meu lado e ter-me ajudado.

É realmente um pequeno conflito de sentimentos e emoções que sondam o meu coração neste momento.

Solto um suspiro profundo quando finalmente chegamos à porta do alojamento e saio do carro.

Ficamos ambos parados e em silencia na porta e não sei bem por onde começar a falar. Hoje foi o último dia do pequeno estágio para a aprovação dos candidatos e acredito que Maeve ainda esteja a trabalhar. Com todo o alvoroço, não consegui encontrar em mim forças para voltar a sentar-me atrás da secretária e continuar com o serviço que ainda me faltava cumprir.

Só espero que isso não atrapalhe a minha candidatura ao meu emprego de sonho.

Amanhã saberei se fico ou não da empresa e confio no Senhor para que Ele faça o que for melhor para mim. Jesus disse que para cada dia já basta o seu mal, a sua preocupação. E confiar no Senhor é o melhor que tenho a fazer agora, pois durante toda a semana orei e dei o meu melhor para provar as minhas capacidades.

Aquela noite em Paris (romance cristão) - será retirada em breve Onde histórias criam vida. Descubra agora