08 | Outra vez

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PARK JIMIN:

     Enquanto eu retocava o gloss de cereja nos meus lábios eu sentia o celular vibrar sem parar no meu bolso revelando ser uma ligação.

Mais uma chamada. A oitava que eu ignorava.

Guardei o gloss na bolsa e caminhei em direção aos elevadores. A faculdade estava consideravelmente vazia, já que eu saí de casa mais cedo que o normal para não ter que encontrar Jungkook na porta da minha casa. A última coisa que eu queria era ser seduzido pelos seus beijos e toques, só para me lembrar depois que tudo aquilo era apenas um joguinho para ele me usar.

A noite anterior foi péssima. Eu relembrei os toques de Jungkook no meu corpo por toda a noite, mas junto com ela também veio a dor profunda de ouvir que eu era apenas uma forma de saciar seus desejos. Tive que tomar remédio para dormir, porque, embora meus olhos pesassem de tanto chorar, fechar os olhos só fazia minha mente me torturar ainda mais.

Ao acordar, o reflexo no espelho não era dos melhores, eu estava destruído com olheiras profundas, lábios ressecados, e um corpo dolorido como lembrança do que aconteceu. Eu precisava me recompor. Tomei um banho longo, caprichei na maquiagem e coloquei um sorriso falso no rosto para esconder a bagunça que acontecia dentro de mim.

Ao sair do elevador, fui direto para a sala. Aproveitei o silêncio da sala para revisar as matérias da semana. Estar com Jungkook tinha sugado meu tempo de estudo e minado minha concentração nas aulas, então eu sabia que precisaria me esforçar muito para conseguir passar nesse último semestre.

As horas se arrastaram de forma dolorosamente lenta, cada minuto parecia uma eternidade. Chaenyeol, no entanto, estava em seu próprio mundinho, todo empolgado falando sobre um novo "contatinho" que conheceu no Tinder. Claro que eu não perdi a oportunidade de zoar com ele, dizendo que aquele aplicativo era para idosos. Mas ele prontamente me mostrou fotos de pessoas que usavam, a maioria jovem como a gente, talvez até mais novas.

— E qual é o nome dele? — Perguntei enquanto saíamos da sala.

— Ele se identifica como Lee mas não sei o nome verdadeiro ainda. — Chaenyeol respondeu com aquele tom despreocupado de sempre.

— E a foto dele? — Insisti.

— Ele ainda não quer se identificar, Ji! Ele deve ser tímido! — Ele rebateu, achando tudo aquilo normal.

— Como assim você tá conversando com alguém sem saber a verdadeira identidade? Ele pode ser um sequestrador! — Rebati, preocupado.

Chaenyeol apenas deu de ombros, como se nem estivesse realmente me ouvindo, e abriu um sorriso discreto quando uma nova mensagem apareceu em seu celular. Ele sempre era o primeiro a me dar os melhores conselhos quando eu precisava, mas naquele momento, estava sendo tão ingênuo. Mas poxa, quem era eu para falar de ingenuidade, no entanto? Só de pensar nisso, um sentimento de vergonha me atravessou e eu suspirei, tentando afastar a ideia.

Foi então que um puxão forte no meu braço me pegou de surpresa, fazendo meu coração disparar. Virei-me assustado e vi a última pessoa que queria encontrar naquele momento.

Seu rosto estava inexpressivo, mas seus olhos brilhavam com uma fúria que me fez perceber que eu teria que lidar com seu mau humor por um bom tempo.

— Vem. — Ele ordenou entre dentes, sem me dar a chance de recusar.

Seu aperto forte em meu pulso estava começando a me machucar.

— Me solta, eu sei andar sozinho! — Resmunguei baixo, notando os olhares curiosos ao nosso redor.

Ele soltou meu braço de forma brusca, me deixando de frente para ele. Furioso, mas ainda assim, lindo de tirar o fôlego como sempre.

— Você tá achando que eu sou algum palhaço? — Ele disparou, irritado.

7 DIAS PARA SENTIR • JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora