Daniel e Max

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Inspirado na música de Zach Bryan.

Pink Skies

É definitivamente uma noite estranha e confusa. Cheia de um monte de sentimentos. Tristeza, nostalgia, raiva, amor. Daniel nunca foi bom em lidar com suas emoções. Ele, é claro, melhorou com o passar dos anos. Mas esta noite foi simplesmente... Demais para lidar.

1. Ainda não era confirmado, mas é para ser a última corrida dele na F1;
2. Ele fica em último, mas tira os pontos extras da McLaren para dar de presente a sua equipe que não continuará com ele;
3. Ele pensa que nunca deveria ter saído da RedBull.

Agora, há apenas um vazio em seu peito. Como se todos esses sentimentos se moldassem em um buraco enorme e aterrorizante. Um nada doloroso.

Exceto, há algo. Um pequeno, quase imperceptível contato pele a pele. Max acaricia sua mão, a mão ruim dele. Sempre quando ele a olha por um tempo a mais, se lembra da colisão e as longas horas de fisioterapia que ajudaram, mas ao mesmo tempo, ele sabia que nunca mais seria o mesmo e que a dor fantasma sempre iria voltar.

Daniel Ricciardo sabia que quando voltasse para a sua casa, seu verdadeiro lar, a sua família estará lá por ele. E ele sabe que os pilotos têm sangue jovem sobrando neles e muitas noites sob céus rosados o ensinou a aproveitar cada momento dentro da Fórmula 1.

*****

Quando ele voltou para o hotel, Max estava lá, esperando por ele. Sentado no corredor, como se não tivesse nada melhor para fazer esta noite, como comemorar seu maldito pódio depois de várias corridas sem estar num. Daniel não disse uma palavra. Não perguntou como ele sabia onde era seu quarto de hotel, ou por quanto tempo ele estava esperando aqui. Ele apenas abriu a porta e o deixou entrar.

Max também não disse uma palavra. Nem mesmo quando Daniel suspirou alto e começou a limpar as gavetas e guardar as suas coisas na mala de viagem, como se nunca ninguém estivesse estado lá e assim que a porta se fechou atrás deles. Ele apenas se sentou no carpete que coçava, de frente para Daniel que desistir de arrumar suas coisas e simplesmente caiu sobre o chão. Max ficou lá, esticando as pernas para que seu pé estivesse apenas, mal tocando a panturrilha de Daniel.

Daniel está chorando, lágrimas reais e cheias de dor. E Max, Max não está dizendo nada. Ele apenas o deixa, nem zombando dele nem o confortando. É surpreendentemente reconfortante, Max apenas estar lá. O silêncio confortável em que eles ficam, apenas cortado por algumas fungadas de Daniel. A sensação reconfortante dos dedos de Max em seu tornozelo.

Ele não sabe dizer que horas são, ou há quanto tempo está chorando no chão do seu quarto de hotel. Ele está exausto, mas não consegue se levantar e andar até a cama. Mais do que tudo, ele não quer perder a sensação dos dedos de Max em sua pele. Mesmo que ele saiba que, em algum momento, ele vai voltar para seu quarto. Ele merece algo melhor do que testemunhar o colapso de Daniel. Ele deveria estar bêbado e dançando em algum clube chique, comemorando um pódio bem merecido. Ou dormindo por dez horas. Em algum momento, Max o deixará.

"Você deixou Max e Redbull. Foi sua escolha."

"Você deixou Renault, mesmo que eles não continuassem mais como equipe e Cyril tivesse partido, você os deixou também."

"Você entrou na McLaren e isso o destruiu. Foi o seu fim."

Seus ouvidos zumbiram a noite toda. Ele consegue se lembrar vagamente de Pierre lhe contando algo sobre deixar Yuki e Redbull. Sobre ser sua escolha. Sobre se arrepender. Algo sobre essa frase estranha desencadeou uma dor violenta em seu peito.

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