05. midnight prince

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9 de agosto de 2017
nova york, EUA

H

avia álcool demais em ambas correntes sanguíneas e eles decidiram encerrar o dia—ou melhor, a madrugada por ali.

A atmosfera do bar com suas luzes suaves e música jazz ao fundo havia sido o cenário perfeito, mas agora o frescor da noite os engolfou em um abraço gélido—reconfortante, porém.

Lado a lado pelas ruas vazias de SoHo, a única coisa que cortava o silêncio era o som de suas risadas altas e os saltos Jimmy Choo de Rhae contra a rua de paralelepípedo.

— Eu juro! E aí ela simplesmente disse “cansei” e foi embora! — Carlos terminou a história, sua risada dele reverberou nas ruas tranquilas de SoHo.

Rhae riu, sua risada musical se misturando com o som das seus passos e a leve brisa da madrugada.

— Não creio que ela realmente disse isso! Eu sinto muito. — Ela exclamou, não fazendo questão de medir o riso.

Carlos a observou com um sorriso satisfeito, claramente gostando do impacto que havia causado nela.

— Não precisa. O pior é que eu fiquei ali, com a cara de tacho, sem saber se ria ou chorava. — Ele balançou a cabeça, como se ainda estivesse surpreso com a situação.

Depois de conseguir se recompor, Rhae deixou que o álcool dentro de si ditasse suas ações.

— Carlos Sainz é o tipo de homem que leva pé na bunda?

A pergunta de Rhae o fez rir levemente, uma risada que misturava surpresa e um toque de melancolia. Ele tinha ouvido uma quantidade maior de "não" do que "sim" ao longo de sua vida, e sua vida amorosa também não estava a salvo disso. Cada rejeição parecia um eco distante, um lembrete de que, por trás da imagem do piloto de sucesso, havia um homem comum, vulnerável e cheio de inseguranças.

Para Carlos, o amor sempre foi um terreno minado, repleto de expectativas e decepções. Ele se lembrava das promessas não cumpridas e dos relacionamentos que não sobreviveram ao peso da fama, das longas noites de solidão e das dúvidas que se acumulavam em sua mente.

E agora, com Rhae ali ao seu lado, aquela sensação de incerteza e esperança se misturava, fazendo-o se perguntar se, talvez, essa vez poderia ser diferente.

— Você ficaria surpresa, docinho. — o tom de Carlos carregava uma bagagem emocional enorme, quase visível.

Ela percebeu quando o olhar do homem ao seu lado se desfocou, como se uma sombra passasse por ele, sua postura sugerindo que algo o puxava para baixo, um peso invisível.

— Você sabia que não era o Carlos que ela queria? — Rhae parou de andar, a pergunta pairando no ar, carregada de curiosidade e um toque de vulnerabilidade.

Ele olhou para trás, e seus olhos encontraram uma Rhae sentada nas escadas da casa de alguém. A luz suave da rua iluminava seu rosto, destacando as sombras que dançavam sob seus olhos. Havia um contraste entre a elegância casual dela e a gravidade da situação; o vestido prata que vestia parecia flutuar ao redor dela, quase como se a brisa noturna quisesse sussurrar o destino da noite.

Carlos sentiu um nó se formar em seu estômago, a forma como ela o olhava penetrando em sua armadura. Ela era uma mistura de força e fragilidade, e aquele momento na escada parecia um microcosmo da tempestade emocional que se desenrolava entre eles. Ele podia sentir a intensidade da conexão, como se o mundo ao redor tivesse desaparecido, e tudo que restasse fosse o eco das palavras não ditas.

Ele se sentou ao lado dela, a madeira fria das escadas contrastando com a intensidade do momento. A proximidade fez o ar vibrar entre eles, e Carlos podia sentir a energia pulsando na superfície da conversa não dita.

Blood Red FerrariOnde histórias criam vida. Descubra agora