Blood Red Ferrari

06. there's things that linger

3 de fevereiro de 2024
nova york, eua

Scarpetta foi o restaurante escolhido—à dedo por Toto—para ser o local da tal reunião: algo informal, mas que servisse para esclarecer a proposta a Rhae. Toto queria garantir sua presença no evento de Drive to Survive no Bahrein, e sabia que, para convencê-la, precisaria de uma abordagem que não fosse convencional. O restaurante italiano moderno, situado no coração de Manhattan, parecia o equilíbrio perfeito entre sofisticação e um ambiente acolhedor.

Naquela noite, Toto chegou primeiro à mesa reservada por ele, discreta e situada em um canto aconchegante do restaurante. O ambiente estava envolto em uma atmosfera amistosa, com risadas e conversas baixas preenchendo o ar; o aroma da comida italiana emanava da cozinha, misturando-se ao murmúrio alegre dos clientes.

Rhae chegou pouco depois em um vestido tubinho preto, e ao entrar, sentiu uma onda de conforto. O restaurante era elegante, mas não excessivamente formal—perfeito para a conversa que ela sabia que estava por vir.

— Olá, Toto! — Rhae cumprimentou o mais velho com um sorriso saudoso, os olhos brilhando de expectativa.

— Rhae! — Toto respondeu, levantando-se para dar um abraço caloroso. — É ótimo te ver. Como você está?

— Estou melhor do que da última vez que nos falamos… Ainda processando tudo, você sabe como é. — ela lançou um olhar cúmplice para o austríaco, que sorriu de volta.

— Isso é compreensível. — Toto gesticulou para que eles se sentassem. — Eu juro que tentei quebrar a cara do Sainz, mas a PR da Mercedes disse que não seria o melhor jeito de começar a temporada.

Rhae riu e ele acompanhou, os risos leves quebrando a tensão no ar.

— Talvez não fosse uma ideia horrível. — a mulher deu de ombros. — Seria cômico ver Toto Wolff sendo o vilão da história.

O homem à mesa soltou risadas levemente contidas.

— Não seria a primeira vez. — Wolff diz, enquanto se lembra das vezes em que o esporte o fez parecer um “cara ruim”.

Assim que se acomodaram à mesa, a conversa fluiu de maneira leve e familiar.

A amizade inusitada entre Rhae e Toto teve início há alguns anos no paddock, quando ela ainda namorava o então piloto McLaren: ela estava acompanhando Carlos em uma das etapas da temporada de 2018, e foi ali, em meio ao caos das corridas e a elegância de Toto, que suas conversas começaram.

Embora houvesse uma grande diferença de idade (na época Rhae tinha 23 anos, enquanto Toto, 46), eles rapidamente se deram bem; na verdade, Rhae sempre apreciou o humor afiado e a sabedoria de Toto, que por sua vez, admirava a maneira como ela navegava o mundo caótico da música e da fama com tanta graça.

Ao longo dos anos, mesmo após o término com Carlos, a relação entre ela e o chefe da Mercedes continuou amigável. Toto via em Rhae algo que transcendia o glamour de seu status como popstar: uma mente perspicaz, com uma compreensão surpreendente do jogo de bastidores que a vida pública impunha, algo com que ele próprio lidava em seu cotidiano nas corridas.

— Lembro da vez que você quase perdeu a cabeça com aquele mecânico por causa da troca de pneus. — ela comentou depois de Toto mencionar um incidente com Lewis e um mecânico durante os testes pré-temporada.

— Ah, sim! O cara não conseguia seguir instruções simples! — Toto fez uma careta, rindo junto. — Isso acontece, e você acaba tendo que lidar com o caos. É assim que a vida funciona na F1.

Rhae assentiu, se sentindo mais à vontade.

— E como eu sei, Toto. — disse a greco-americana, olhando para um casal na mesa ao lado da deles, à sua esquerda, antes de bebericar seu vinho tinto francês, pedido há pouco.