08 ' amigas

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30 de Julho de 2024 | Paris


   ⠀─╌ Flávia estava deitada na maca da enfermaria, ouvindo os murmúrios lá fora que contrastava com o som do ar-condicionado que dominava o espaço. Ela ainda estava extasiada com o bronze por equipes. O Brasil havia subido no pódio, e a sensação de conquistar aquilo ao lado das meninas era indescritível, foi um dos momentos mais felizes da sua vida. Mas agora, com a adrenalina baixando aos poucos, começava a sentir o cansaço e principalmente a dor no supercílio.

Era tarde da noite, logo depois da competição, de comemorar muito ao lado das meninas e com o time, foi direto ser avaliada pela médica. Flávia segurava uma compressa de gelo pressionando contra o olho inchado, tentava ignorar a dor que sentia, mas estava impossível, parecia que todo o rosto latejava a cada batida de seu coração.

Ouviu a porta se abrir e o som suave dos passos da médica se aproximando.

— Como está se sentindo? — a médica perguntou gentilmente, enquanto afastava a compressa para avaliar o inchaço e o roxo ao redor do olho. — O corte agora está limpo, mas pode ficar um pouco dolorido pelos próximos dias.

— Vai ficar uma cicatriz? — Flávia perguntou, ainda de olhos fechados.

A médica sorriu com a pergunta, ajustando o curativo com cuidado.

— Nada que vá comprometer a beleza. Vai ser o seu novo charme. Agora, descanse um pouco. Você fez um ótimo trabalho hoje.

Flávia apenas assentiu, sem muita energia para falar, posicionando novamente a compressa sob o olho. Ela mal conseguia se mexer direito, tudo o que ela queria era que a dor diminuísse.

A médica saiu logo depois, deixando Flávia sozinha, imersa em seus pensamentos. Ela ficou alí, deitada, ouvindo folhas de papel sendo manuseadas e de equipamentos em alguma parte da enfermaria. Então, ouviu passos novamente, seguidos pelo som de uma cortina sendo empurrada.

Era a enfermaria da vila, sabia que outro atleta estava do seu lado. Curiosa, Flávia virou a cabeça devagar, os olhos semicerrados. Quando a cortina foi totalmente aberta, seus olhos se arregalaram ao ver quem estava na maca ao lado.

Parecia que ela estava em qualquer lugar, Saraiva tinha até medo de atravessar a rua e ela sair do bueiro do nada.

Tinha os olhos fechados, com um soro preso ao braço. A cena era inesperada, e por um momento, Flávia ficou sem palavras. Esperou a enfermeira ir embora para libertar o suspiro que prendia.

— O que você está fazendo aqui? — Flávia perguntou, sua voz saindo em um tom irritado.

Sunisa abriu os olhos de um jeito preguiçoso, como se estivesse saindo de um sonho, virando o rosto para Flávia com um leve sorriso no canto dos lábios.

— Descansando. — respondeu, sem nem pestanejar.

A loira olhou para o soro pendurado ao lado de Sunisa e arqueou uma sobrancelha.

— Descansando? Com soro?

— Só descansando. — Sunisa deu de ombros, como se fosse algo óbvio.

Flávia revirou os olhos, mas uma pontada no supercílio a fez fechar com força, segurando o gemido de dor.

— Tá, se você diz... — ela murmurou, tentando disfarçar.

— E você? — Sunisa continuou, ignorando a reação de Flávia. Apontou com o queixo na direção do curativo. — Entrou em uma briga?

Girassóis Na Janela - Flavia Saraiva & Sunisa LeeOnde histórias criam vida. Descubra agora