Girassóis Na Janela - Flavia Saraiva & Sunisa Lee

02 ' Injusto

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14 de julho de 2024 | paris

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— Cinco minutos!

    Jade gritou pelo corredor do dormitório, batendo palmas energeticamente e o soar apressado de seu caminhar ecoava pelas paredes finas. O clima na Vila Olímpica de Paris era de nervosismo e excitação, mas para Jade, a rotina antes da competição precisava ser impecável e o mais proveitoso. Flávia, por sua vez, estava esparramada na cama, com o braço sobre os olhos, tentando aproveitar os últimos momentos de descanso antes de encarar mais um dia de treino.

— Já estou indo!

Mentiu. Ela já estava arrumada, mas enrolava a todo custo. Ainda sentia o cansaço da diferença de horário, mas os sons dos atletas e participar da animação junto com eles, tudo aquilo fazia parte do motivo que a deixava completamente acordada durante a madrugada.

Estava prestes a se entregar por completo à preguiça quando Lorrane apareceu na porta, calçando seus tênis.

— Vamos, Flavinha! — Sorriu. — A Jade já ta querendo acabar com a gente.

— Só vou se você me carregar.

Flávia brincou, levantando os braços dramaticamente, com os olhos ainda pressionados pelo sono. Sentia que iria dormir a qualquer momento.

Mas antes que pudesse processar seus próprios pensamentos, a outra ginasta, com um sorriso travesso, puxou as pernas de Flávia fazendo-a despencar da cama com tudo no chão. Seus olhos imediatamente ficaram arregalados pelo susto.

— Ei! — Exclamou surpresa, enquanto tentava se levantar. — Você tá querendo me lesionar antes da competição?

Lorrane deu de ombros, rindo.

— Só estou seguindo ordens. Se não levanto você agora, a capitã te levanta.

Flávia soltou uma risada alta, ainda sentada no chão.

— Tá certo, tá certo. Já tô de pé, viu? — levantou-se, ajeitando sua roupa, fazendo uma careta para Lorrane.

— Ótimo!

Lorrane saiu do quarto, deixando a mais nova terminar de se arrumar. Ainda um pouco sonolenta, Flávia esticou-se preguiçosamente, jogando a mochila sobre os ombros e andando para fora do quarto. Seus dedos deslizavam pelas pedrinhas que adornavam o collant que usava, e um sorriso largo se formava em seu rosto imaginando como seria a competição. Só de lembrar que quase desistiu, fazia seu sangue ferver.

Assim que desceu do prédio da delegação brasileira, Flávia sentiu a brisa fresca de Paris acariciar seu rosto e foi abraçada pelo pequeno caos que a rua estava. Todo o lugar parecia trazer uma onda de adrenalina, e embora soubesse que o dia seria puxado, sua mente ainda estava na cena cômica que aconteceu a poucos minutos.

Se aproximou lentamente da van que as levaria ao ginásio, vendo Jade encostada na porta, de braços cruzados e sobrancelhas arqueadas, a expressão de quem não estava para brincadeira.

Flávia estava ferrada!

— Tá me enrolando? — Jade perguntou, já impaciente, com um olhar que misturava seriedade e familiaridade.

— Eu? Enrolando? — Flávia respondeu com um sorriso travesso. — Tava esperando pra ver se você esquecia de mim.

Jade soltou uma risada curta, puxando Flávia para o veículo.

— Entra logo!

Flávia obedeceu a capitã, entrando na van e sentando-se ao lado de Rebeca, que estava distraída com seus fones de ouvido. Ao vê-la, a ginasta abriu um sorriso enorme, colocando um braço em volta do pescoço da mais nova.