Confissões ao Anoitecer

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Capítulo 2: Confissões ao Anoitecer

O céu se tingia de tons alaranjados e roxos enquanto Amélie e Jacques se acomodavam sob o carvalho. O ambiente era tranquilo, e os pássaros começavam a se calar, como se respeitassem a mágica que pairava no ar. Amélie sentia a mistura de alegria e nervosismo, suas mãos levemente suadas enquanto o silêncio confortável se estendia entre eles.

“É incrível como tudo parece tão familiar, não é?” Jacques comentou, quebrando o silêncio. Seu sorriso era contagiante, e Amélie não pôde deixar de retribuir.

“Sim, eu sempre voltei aqui para lembrar de você”, ela confessou, um pouco mais audaciosa do que pretendia. “Acho que nunca consegui realmente deixar para trás.”

Jacques a olhou, um brilho de surpresa em seus olhos. “Sério? Eu também pensei muito em você. Sempre.”

Amélie sentiu o coração disparar. “Você não sabe o quanto isso significa para mim.”

O tempo pareceu parar enquanto eles trocavam olhares. Amélie podia sentir que havia algo mais profundo entre eles, algo que ia além da amizade. Mas o medo de estragar tudo a fazia hesitar.

“Então, o que você fez nesses anos todos?” Jacques perguntou, tentando desviar a tensão que começava a se acumular.

Ela sorriu, aliviada por mudar de assunto. “Estudei arte. Sempre amei desenhar e pintar. E você?”

“Eu estudei engenharia. Queria criar algo que pudesse ajudar as pessoas”, Jacques respondeu, seu tom refletindo paixão. “Mas sempre senti que deixei uma parte de mim para trás quando me mudei.”

Amélie balançou a cabeça, compreendendo a dor que ele expressava. “É difícil se afastar dos lugares e das pessoas que amamos.”

O silêncio caiu novamente, mas agora havia uma conexão palpável no ar. Jacques parecia contemplativo, e Amélie percebeu que havia mais coisas não ditas entre eles. Foi então que decidiu dar o passo que a assombrava.

“Jacques, eu… preciso te dizer uma coisa.” A voz dela tremia um pouco. “Desde que você voltou, eu tenho sentido que há algo diferente entre nós. Algo que nunca tive coragem de admitir.”

Ele a encarou, o semblante sério. “Diferente como?”

“Como se… talvez o que tínhamos na infância tenha evoluído para algo mais. Algo que eu não consigo ignorar.” As palavras saíram de sua boca antes que ela pudesse recuar.

O silêncio se tornou quase ensurdecedor. Jacques respirou fundo, como se ponderasse suas próximas palavras. “Eu também sinto isso, Amélie. Eu sempre senti.”

Amélie sentiu uma onda de alívio, misturada a uma ansiedade renovada. “E agora? O que fazemos com isso?”

Jacques se aproximou um pouco mais. “Acho que devemos descobrir. Podemos ser extraordinários juntos.”

As palavras dele a tocaram profundamente. Naquele instante, sob o céu estrelado e o carvalho que testemunhara sua infância, Amélie percebeu que o que estava por vir poderia ser mais do que ela nunca imaginara. O medo ainda existia, mas a esperança brilhava mais intensamente. Estava pronta para explorar essa nova fase de suas vidas, independente de onde isso os levasse.

M.C.S

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