Dizem que o passado não importa quando estamos no presente. Mattia Benedetti, um padre desistente que está tentando uma nova vida na gélida Moscou, não poderia discordar mais. Aterrorizado pelo que viveu dois anos atrás, encontra paz ao assumir o ca...
Olá 🫡 estamos todos bem? O que estão achando da estreia de CRUEL? Mais importante: estão preparados para o que vem por aí?
Quero agradecer por todo o carinho com o qual estão abraçando essa nova história e, devido a isso, decidi liberar o capítulo 1! Para liberarem o próximo capítulo ainda hoje (ou até amanhã), segue o próximo desafio: 210 votos e 1.400 comentários. Será que conseguem?
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Atualmente.
Um dos homens de preto chuta meu rosto com tanta força que sinto minha mandíbula vibrar. Ao mesmo tempo, sou golpeado nas costas por um punho impiedoso. Estou caído no chão, tentando fingir que estou morto na esperança de que esses homens concluam que o trabalho está cumprido e me deixem minimamente vivo. Na selva, há animais que, diante da morte iminente, fingem que estão mortos para enganar seus predadores. Às vezes funciona.
Não sei por que estou apanhando. Sequer conheço algum desses desconhecidos. São todos grandões, brutos e pouco se importam com meus gemidos de dor. Querem escutar mais deles. Aparentemente foram pagos para me matar.
Enquanto sou espancado, escondo-me no fundo de minha mente e procuro por algum motivo que justifique esse ataque. Tudo me leva ao que vi há dois anos, na igreja em que estava prestes a assumir como Padre. Foi por acaso. Se soubesse, sequer teria voltado lá para checar se todas as janelas haviam sido fechadas. Eu estava certo: uma delas ainda estava aberta. Provavelmente foi por ela que os invasores entraram e...
Levo um soco no nariz. O golpe aturde meus sentidos e me faz ver estrelas. Continuo de olhos fechados, abraçando meu computador com força, como se fosse minha mãe, enquanto tento sobreviver ao ataque. Está ficando cada vez mais difícil. Os golpes vêm de todos os cantos, um mais forte e perigoso que o outro. A realidade em que acabo morto nesse estacionamento é quase palpável.
Volto para a noite em que tudo em minha vida mudou.
Eu me considerava predestinado a ser um Padre. Bom, é necessário que você seja. Caso não, sequer entrará no Seminário, onde aprenderá o ofício de evangelizar. Para ser Padre, é preciso nascer com um propósito, uma conexão especial com Jesus. E eu nasci com isso. Meus pais são religiosos, mas eu sempre fui mais. Meu fascínio pelo catolicismo me levou a acreditar que eu seria o melhor Padre de todos os tempos. Que, algum dia, teria a benção do Papa. Até essa noite, era nisso que acreditava.
Pelo menos até presenciar o que acontecera dentro de minha capela favorita, quando um par de olhos arregalados olhou diretamente para mim e o que parecia uma noite calma qualquer se tornara um verdadeiro pesadelo.
No dia seguinte, não era nem mesmo sete da manhã, assinei meu nome em um documento oficial de desistência e larguei a bata. O que vira me fez duvidar de minha fé o suficiente para largar a vida que passei anos construindo com minhas próprias mãos. Fechei todas as portas abertas e as que viriam a se abrir e parti de Roma para Moscou com meus pais, onde passamos a morar no anexo da casa do meu tio por parte de mãe até encontrarmos nosso próprio canto.
