Courtly atravessou a entrada da residência de Rumpelstiltskin e bateu a porta com força.
Pisando firme no chão, ela desceu as escadas até o porão da casa. Ela viu o duende em sua mesa de trabalho, continuando a confeccionar o chicote com um grosso óculos de proteção preto em seu rosto.
— Toma aqui — Courtly jogou sobre a mesa o pequeno saco com sementes de blueberry que comprara com o Chapeleiro Maluco.
— Que grosseria, acordou com o pé esquerdo hoje? — questionou o professor em provocação com sua voz grossa e anasalada.
— Cala a boca, tá aí as sementes que você pediu — respondeu, seca — Será que você não pode agilizar isso não?
— Nunca se apressa um artista, srta. Jester. Por que essa exigência só agora? — Rumpelstiltskin retirou os óculos e fitou a outra.
— Por nada, só quero que fique pronto logo!
— Ho ho ho — ele balançou a cabeça e riu, seus dentes amarelados à mostra reviraram o estômago da Jester —, pela sua cara parece até que te pegaram com as calças na mão! Ou que você viu um fantasma!
— Não é da sua conta! Eu já disse pra você continuar o que estava fazendo!! Acha que eu não quero me livrar logo de você e dessa casa horrorosa?!
— Você quer se livrar pra não te acharem de novo, né? Admite logo, alguém descobriu você.
Courtly engoliu um seco. A confiança na feição do duende aumentou a raiva que crescia em seu peito. Era tão óbvio assim? Ela forçou um sorriso e endireitou a postura.
— Podem ter me descoberto, mas eu não perdi ainda! — disse com firmeza.
— Eu sabia que isso ia acontecer... — ele balançou a cabeça.
— Termine isso logo...
— Com sementes de blueberry?! Ho ho, elas são miúdas demais pra eu usar em artesanato, ainda mais de armas, você é maluca?!
— M-Mas foi você que-
A Jester parou de falar. O ar vitorioso que Rumpelstiltskin emanava em sua postura e feição fizeram sua mente, aos poucos, compreender a real situação onde se encontrava. Desde o dia em que chegou naquela casa.
— Você... está me enrolando... — refletiu ela.
— E você caiu como um patinho!! — o duende bateu a mão na mesa e soltou uma risada alta e histérica — Acha que eu, o maior e melhor artesão de Ever After, levaria todo esse tempo pra construir um chicote idiota?!
Courtly cerrou os punhos, sua respiração desacelerou em raiva.
— Eu imaginei que, mais cedo ou mais tarde, você ia dar com a língua nos dentes. Só precisei ser paciente! — continuou ele — E agora, se foi alguém de Ever After High que te achou, a coisa vai finalmente azedar, otária!!
O riso de Rumpelstiltskin se tornou mais alto e mais fervoroso.
Durante os breves segundos nos quais o duende despejava a eficácia de sua malandragem, Courtly se viu como a encurralada da vez. E era o pior sentimento que um coringa podia ter, um beco escuro sem saída para fazer trapaças.
Malditas charadas.
Malditas lembranças da terra maravilhosa...
Mas não era o fim, ao menos não ainda para Rumpelstiltskin. Não era hoje que ela se perderia no beco.
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Ever After High: O Florescer do Destino
FanfictionSeis meses após a recaptura da Rainha Má, os alunos de Ever After High voltaram aos seus afazeres escolares, os nervos estão à flor da pele para o último ano no internato. Eles apenas não contavam que a trapaceira coringa Courtly Jester se libertari...