Ever After High: O Florescer do Destino

♔♧ ℂ𝕒𝕡í𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟙: 𝔽𝕖𝕚𝕥𝕚𝕔𝕖𝕚𝕣𝕒 𝕖𝕞 𝕒çã𝕠 ☆♩

Concentração.

Essa é a palavra-chave de qualquer feiticeiro, principalmente os iniciantes. Assim como conduzir uma carruagem ou andar de bicicleta, usar magia é algo que se aprende e, com a prática, nunca esquece. Passa a ser parte de você como um novo órgão dentro do corpo, um ser no coletivo que precisa se adaptar e também atender às suas próprias necessidades.

Ao menos, foi isso o que Baba Yaga disse a Raven quando o treinamento começou. E Raven fazia o possível para não esquecer. Seu poder se tornou exponencialmente maior e mais intenso desde que assinou o Livro das Lendas, e Baba Yaga tomou para si a responsabilidade de ajudar a garota Queen a domar tamanho dom com seus conhecimentos de feiticeira.

As solas dos pés de Raven formigavam, assim como as pontas dos dedos de suas mãos, a magia concentrada por igual nas quatro extremidades de seu corpo permitia que ela mantivesse a postura ereta e um equilíbrio dentro do ar. Ela felizmente não tinha mais medo da ausência do chão sob seus sapatos, mas ainda não conseguia aplicar o feitiço de levitação em si mesma com os olhos abertos. Ela precisava, ainda, de concentração.

— Muito bom... — ecoou a voz grave e rouca da Madame pelo salão de treinamento. — Tente abrir os olhos, Raven.

Um pouco hesitante, Raven abriu as pálpebras e respirou fundo. Ela abriu um leve sorriso ao se ver próxima da altura das grandes janelas da sala, que por pouco não alcançavam o teto. Há alguns meses, ela teria se espatifado no chão e recebido uma bela bronca; mas lá estava ela, de cabeça erguida com o corpo flutuando.

— Isso, muito bom. — elogiou Baba Yaga observando o cronômetro em seus dedos longos e calejados. Ela aguardou mais alguns instantes e desativou com um clique. — Pronto, pode descer.

Raven desceu do ar com calma e abrindo mais os braços em busca de equilíbrio. Seus sapatos foram ao encontro do piso de cerâmica e ela podia, enfim, dar um descanso aos poderes.

— Quanto tempo? — perguntou ela caminhando até a Madame.

— Trinta minutos, você já está bem melhor. — Baba Yaga colocou os óculos de leitura e anotou a informação na prancheta. — Está se sentindo cansada?

— Não.

— Percebeu alguma coisa estranha enquanto usava a magia?

— Acho que não.

— E o que pensou do exercício de levitação de hoje? — a feiticeira retirou os óculos para olhar diretamente para Raven.

— Acho que estou me saindo bem. — respondeu ela dando de ombros. — Não achei que fosse conseguir ficar me levitando por tanto tempo sem me cansar.

— Pois eu penso a mesma coisa, Raven. Meus parabéns. Só tenho uma ressalva.

— E... qual é...? — o pequeno sorriso de Raven começou a se esvair, já pressentindo o que viria.

— Você ainda está insegura demais. — pontuou Baba Yaga, confirmando a suspeita de Raven. — Você evoluiu muito, me espanta esse medo de abrir os olhos em um simples feitiço de levitação.

— É que... quero ter certeza de estar fazendo certo...

— Não minta para mim, Raven. — a professora arqueou a sobrancelha rala. — Você não é boba, em seis meses você já sabe muito bem como fazer boa parte dos feitiços que ensinei.

— Sim, mas vai que estou deixando algo passar. — Raven abraçou o próprio abdômen com os antebraços, querendo se encolher até ficar do tamanho de um ratinho.

— Fazer magia não é atingir a perfeição. Mas ter confiança no que está fazendo com ela é decisivo no que é perfeito ou medíocre. — Baba Yaga se aproximou de Raven, flutuando no banquinho onde estava sempre sentada. Ela segurou os ombros magros da aluna e ajeitou sua postura. — Cabeça erguida, Raven, você está indo bem, entenda isso de uma vez.