♟♔ ℂ𝕒𝕡í𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟟: 𝔹𝕠𝕝𝕒 𝕝𝕠𝕟𝕘𝕖 ♥ ♧

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É dia de jogo de futebol em Ever After High.

Os times da escola iam se enfrentar em uma grande final pelo troféu do último ano. E uma competição de grande porte e importância exigiu a sua realização na Arena de Dragões, um extenso campo gramado envolto por uma área oval onde ficavam os torcedores. A arena foi decorada com bandeiras triangulares amarelas e azuis — cada cor representando um dos times —, e os canhões perto do púlpito do vencedor lançariam confetes com a cor respectiva do time campeão. Ao topo e nas laterais do estádio estavam posicionadas as câmeras, cada uma a cargo de um aluno do setor de informática da escola; sem contar as câmeras bem próximas ao campo que captariam os movimentos dos jogadores mais de perto para reproduzir em dois grandes telões. Ginger tomou a frente com a equipe de cozinha na preparação de salgados e guloseimas que seriam vendidos na entrada da arena: biscoitos ovais com glacê marrom e branco imitando uma bola de futebol, salsichas empanadas com molho agridoce de framboesa silvestre, pipoca, mini-hamburgers, cupcakes de chocolate com cobertura azul e amarela, entre outras delícias; alguns alunos ainda tinham medo da sua comida enfeitiçada, mas o sabor literalmente mágico deixava tudo saboroso demais para ser evitado. Faybelle, como líder de torcida, coordenou assiduamente as garotas para que as coreografias do dia fossem impecáveis; e já que a fada não se importava com quem ia vencer ou perder, orientou as meninas de torcida de ambos os times.

Tal trabalho de decoração e administração para esse grande dia ficou a cargo de Blondie Locks. A filha da Cachinhos Dourados sempre foi participante dedicada e à frente do jornal da escola, e um evento como aquele pedia a perfeição  de cada detalhe. Para isso, seus braços direito e esquerdo foram Dexter e Humphrey, as cabeças tecnológicas da escola que providenciaram as câmeras e equipamentos de captação de áudio — e os dois ficaram igualmente responsáveis por direcionar os técnicos no dia da transmissão. Quando os times chegaram aos vestiários, tudo parecia estar pronto.

As arquibancadas estavam lotadas. De um lado, os estudantes vestiam azul; e do outro, vestiam amarelo. O jogo sequer havia começado, mas a animação de todos já estava nas alturas; com as comidas de Ginger na mão, eles conversavam entre si sentados no concreto liso e branco, grande parte com os rostos pintados e penteados diferentes. As meninas de torcida pulavam, corriam e dançavam ao redor de si cantando palavras de encorajamento e animação. Os diretores Grimm e o restante do corpo docente foram acomodados em um local separado dos estudantes, na extrema direita da arena e acima da bancada de torcida, ganhando natural destaque e imponência na observação da partida. O sol não estava forte, mas o calor de ansiedade e expectativa fazia a temperatura subir a mil graus.

Raven vestia uma blusa azul e uma calça preta, a bandejinha de papel com uma salsicha empanada e dois biscoitos estava apoiada em seu colo enquanto ela corria o olhar pelos torcedores.

— Você viu a Maddie? — perguntou ela para Cedar Wood logo ao seu lado.

— Não, mas ela deve estar chegando! — respondeu a boneca de madeira, que fez mechas azuis no cabelo ondulado e os prendeu em um rabo de cavalo.

Pouco tempo depois, Madeline apareceu desviando das pernas dos alunos sentados. Ela usava sapatos amarelos com um vestido azul de listras amarelas que ia até os joelhos; suas unhas da mão direita estavam pintadas de azul, e as da mão esquerda estavam na cor amarela; ela fez duas traças com o cabelo verde-menta e cobriu a testa e o topo da cabeça com uma bandana amarela; e a sua maquiagem era azul. A Hatter se sentou à direita de Raven, trazendo cupcakes e pipoca nas mãos.

— Maddie..., você vai torcer para os dois times? — questionou Raven com um sorriso para a amiga.

— É claro!! Por que só um precisa vencer? — ela deu de ombros. — Além do mais, azul e amarelo ficam chapelásticos em mim!!

Raven e Cedar riram, felizmente ninguém do lado azul pareceu se incomodar com a ousadia de Madeline.

— Será que a Cerise está muito nervosa? — refletiu a Wood com um rosto preocupado. — Porque eu estaria! Imagine ser a final do campeonato e eu colocar tudo a perder!

— Vamos pensar positivo! Ela deve estar com medo, mas é normal.  — Raven pousou a mão no ombro da boneca. — A Cerise e os outros merecem esse dia, a gente vai torcer até a garganta doer!

Cedar deu um sorriso confiante e respirou fundo.

Já fazia um tempo desde que Cerise Hood entrara para o time de futebol da escola. A velocidade peculiar da filha da Chapeuzinho Vermelho era muito útil para completar as jardas do campo. Fora sua grande habilidade em desviar de obstáculos e de correr atrás de adversários. Após muita resistência à sua entrada na equipe, o treinador concedeu permissão. E agora, todos estavam juntos na final.

O telão da extrema esquerda ligou e todos ficaram em silêncio. Na tela, Blondie apareceu da cintura para cima. Seus cabelos loiros e cacheados estavam presos em um rabo de cavalo bem alto, e um boné branco esportivo protegia sua cabeça e testa; seu batom azul combinava com a cor da sombra dos olhos e da blusa; e mesmo a blusa sendo azul-marinho, ela tinha estampas de pequenos ursos dourados. Ela ficou séria, aguardando a quietude total dos alunos, e então, sorriu.

Boa tarde, Ever After High!!!!! — saudou ela.

Os estudantes gritaram e balançaram suas bandeiras e objetos que remetiam ao time para o qual estavam torcendo.

Hoje é um dia especial! É dia de jogo!! — continuou a Locks. — E eu queria agradecer, primeiramente, a toda minha equipe, que contribuiu para que todos vocês aí me ouvindo ficassem confortáveis no dia de hoje. E, é claro, agradecer aos professores e aos diretores, que nos deram essa folga para comemorar com a gente! Mas vamos ao que interessa!! Os times Dragões de Fogo e Bestas Marinhas chegaram na final do campeonato, e um deles sairá vencedor!! Então, sem mais delongas..., entrem, times!!!

A torcida vibrou. Dos vestiários, as equipes saíram cada uma em uma fila indiana para o gramado verde acenando para os estudantes. Cerise e Daring foram os últimos da fila das Bestas Marinhas, levando a torcida a loucura. Os jogadores pararam no meio do campo, com os pés paralelos  e as mãos para trás.

CERISE!!!!!!!!!! — gritou Maddie batendo palmas e dando pulinhos.

Raven e Cedar também levantaram e tentaram chamar a atenção da amiga com acenos. Cerise, um tanto tímida, arrumou a barra do capuz azul e localizou as amigas Rebels na arquibancada. Ela sorriu em agradecimento e deu um pequeno aceno.

Boa parte das garotas começou a vibrar quando viram Daring Charming e gritaram repetidamente seu nome — inclusive as torcedoras do time adversário. Ele abriu um grande sorriso, mas Raven percebeu que seu olhar se direcionou para um ponto mais específico. Curiosa, ela ficou na ponta dos pés e viu Rosabella sentada mais embaixo na arquibancada, perto do campo, sorrindo para Daring e recebendo dele seus principais sorrisos, ângulos e chamamentos.

A partida vai começar, pessoal! — continuou Blondie. — A partir de agora, o técnico Ginger vai narrar o jogo para vocês e a minha equipe de filmagem vai mostrar nos telões os melhores detalhes desse dia imperdível! Bom jogo!!

A torcida comemorou ao máximo. Os jogadores começaram a se posicionar em vários locais no campo, fazendo seus últimos alongamentos, com os amarelos na esquerda e os azuis na direita. O técnico da escola, Ginger Breadman, apareceu no telão no lugar de Blondie, com seu sorriso de glacê maior do que nunca e as mãos de biscoito posicionando o microfone na mesa.

A partida teve início.

A bola foi lançada e a adrenalina subiu. Os Dragões de Fogo começaram com a posse da bola e rapidamente iniciaram o ataque, desestabilizando as Bestas Marinhas. Cerise correu em disparada pelo campo, acompanhando a passagem de bola e buscando qualquer margem. Daring encheu os pulmões de ar para dar cobertura, correndo mais atrás da amiga de capuz. A voz frenética do técnico ecoava pela arena e ficava mais animada a cada jarda atingida. Os torcedores cruzavam os dedos, sopravam as vuvuzelas, trituravam a pipoca com os dentes sem desgrudar os olhos do campo, balançavam as bandeiras no ar. Tudo estava valendo naquele dia. Todos queriam ver e ter a vitória nas mãos. Sem um pingo de suor na testa, Cerise continuou correndo no campo e tomou a bola do jogador. Os torcedores azuis brandaram conforme a Hood virava o jogo a favor das Bestas logo no início.

Ever After High: O Florescer do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora