7. Conexão

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POV Roy


— E quanto à decoração? — Amanda perguntou, os olhos brilhando de entusiasmo enquanto deslizava o dedo pela tela do tablet. — A cliente quer algo luxuoso, mas moderno. Pensei em usar luzes sutis e móveis sofisticados. Ah, e talvez uma parede de flores, algo chamativo para o Instagram, sabe?

Eu observava Amanda falar com toda a empolgação do mundo sobre o evento dos sonhos dela. Ela adorava organizar esse tipo de coisa, e, sinceramente, era muito boa nisso. Estávamos em uma reunião para decidir qual equipe pegaria o trabalho de projetar um evento para a comemoração dos 18 anos da filha de um empresário que havia contratado os serviços da Devenementiel.

Elenda, que estava sentada ao lado de Amanda, mexeu na agenda e comentou:

— Vou deixar isso nas suas mãos, Amanda. Eu preciso focar no material da ExpoVision. Tenho bastante coisa pra organizar com a Eloise, e ainda falta muito conteúdo.

No instante em que ouvi o nome dela, senti uma pontada no peito. Eloise não estava na sala. Eu havia notado sua ausência, mas até agora não tinha parado pra pensar nisso. Isso era estranho.

— A propósito, onde ela está? — perguntei, tentando manter um tom casual, mas, por dentro, a inquietação já começava a se formar.

Devon, que estava na ponta da mesa, levantou os olhos dos papéis à sua frente e respondeu:

— Eloise disse que ia trabalhar de home office hoje. Parece que ela não estava se sentindo muito bem. Como ela é freelancer, pode se dar ao luxo de fazer isso de vez em quando.

Meu coração afundou. Claro, ela estava me evitando. Era óbvio. Depois da noite passada... o que mais eu esperava? A culpa começou a se arrastar pelo meu peito, lenta e pesada.

Eu não deveria ter feito aquilo. Eu ultrapassei todos os limites. Beijá-la daquela maneira, depois de tanto vinho... droga, que erro. Claro que ela fugiu. Ela saiu correndo do apartamento e nem sequer olhou para trás. Quem poderia culpá-la? Eu fui estúpido.

Não era só o álcool. Isso era o que mais me incomodava. Eu queria colocar a culpa na bebida, mas sabia que não era a bebida que me fez querer beijá-la. Ela me fazia sentir algo diferente, algo que, por mais que eu quisesse controlar, não conseguia. Mas isso não justificava o que eu fiz. Eu tinha que ter mais autocontrole.

Agora, ela estava faltando no trabalho. Por minha causa. Isso não saía da minha cabeça. Não conseguia parar de imaginar o que ela estava pensando agora, em casa, sozinha, provavelmente querendo nunca mais me ver. Eu precisava pedir desculpas. Mas como? O que eu poderia dizer que realmente resolvesse a bagunça que eu tinha causado?

Enquanto Amanda continuava a falar animadamente sobre lustres de cristal e convites dourados, eu me afundei ainda mais na cadeira da sala de reuniões. Meus pensamentos estavam longe dali, presos na lembrança do beijo. A maneira como ela reagiu, como seu corpo parecia ter sido puxado para o meu tanto quanto o meu para o dela. E então, o pânico em seus olhos, a forma como ela se afastou tão rápido. Eu sabia que tinha passado dos limites. Ela não me queria ali, e agora provavelmente nem me queria mais por perto.

Eu soltei um suspiro baixo, tentando me recompor, mas era impossível. Cada segundo que eu ficava ali, o peso da culpa só crescia. Eu tinha que encontrar uma maneira de corrigir isso, de falar com ela. De pedir desculpas.

"Você foi um idiota, Roy", eu repetia para mim mesmo, como se isso fosse me ajudar a fazer as coisas direito da próxima vez.

— Roy? — A voz de Devon me tirou dos meus pensamentos. Pisquei algumas vezes, voltando para a sala de reunião, onde Amanda ainda estava imersa em suas ideias de decoração, e Elenda folheava documentos. Devon me olhava com a testa levemente franzida, como se tivesse notado que eu estava completamente desligado.

The Lovers - Roy AquinoOnde histórias criam vida. Descubra agora