Prólogo.

63 7 7
                                    

Mais um dia de piquenique naquele jardim florido

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Mais um dia de piquenique naquele jardim florido.
Eu levava a cesta de piquenique nas mãos, enquanto Maryane se levantava.

— Ei! — um som misterioso censurava algumas poucas palavras que ela dizia. — ...  Por que demorou tanto? — seu tom de voz era de uma raiva superficial.

Olhei para aquele cenário: havia um pano listrado no chão, com as cores vermelho e branco, onde minha mãe estava sentada, cabelos pretos esvoaçantes e brilhantes, ela usava um vestido verde-musgo que ia até os joelhos e seu sorriso não parecia tão caloroso quanto antes, havia um caderno em suas mãos.
Respirei fundo, o cheiro de comida fresca e flores recém-polidas no ar.

— Eu não demorei tanto assim! — reclamei, enquanto colocava a cesta de piquenique naquele pano listrado.
Uma risada saiu da boca de Maryane e, em poucos minutos, ela tirava as coisas de dentro da cesta.
Enquanto ela fazia isso, me aproximei de mamãe.

— O que você está escrevendo nesse caderninho, mamãe? — pergunto para ela, com os olhos entreabertos e com um sorriso no rosto.

— Nada, meu filho, nada. — ela colocou a caneta no meio da folha e fechou o caderno rapidamente, como se quisesse esconder alguma coisa. — Onde está seu pai?

— Ele tá lá na garagem, mas ele disse que já vem! — mesmo com o caderno fechado, eu continuava curioso.

— Certo, podemos começar sem ele, então?

— Podemos! — Maryane e eu dissemos em uníssono com sorrisos infantis nos nossos rostos.

Minutos depois, meu pai aparece e se senta junto da gente.
Aquele foi um dia bom.
Passei tempo com minha mãe, meu pai e Maryane.
Eu ainda me lembrava do cheiro das diversas flores daquele jardim.
Eu ainda me lembrava do cheiro de comida fresca.
Mas, e aquele caderno?

Durante a minha infância, até os meus seis anos, eu tive uma vida boa.
Minha mãe e meu pai brigavam, mas, pelo menos, Maryane estava lá para me ajudar.
Depois que fiz sete anos, tudo mudou.
Nada de ruim aconteceu comigo até aquele momento.
Sempre achei que eu teria uma vida boa.
Sempre achei que eu era especial de alguma forma.
Me lembro de ver reportagens sobre casos de assassinatos e massacres na televisão, apenas por alguns minutos, até mamãe ou papai pegarem o controle remoto e mudarem de canal, já que aquilo não era 'pra minha idade na época.
Mas, eu nunca me esqueci daqueles reportagens.
Pessoas que tinham uma família normal e feliz, até que tudo isso foi tirado delas, brutal e inesperadamente.
Não pensei que algo de terrível poderia acontecer com a minha ”vida radiante”.
Nunca pensei que aquelas tragédias, como a daquelas reportagens, poderiam acontecer com alguém como eu, as tragédias sempre aconteciam com as outras pessoas, não é?
Eu sempre achei que eu era especial, que eu era “um anjo enviado dos céus”, como meu pai sempre dizia.
Até que, então, essas mesmas tragédias avassaladoras, que eu sempre via na televisão, um dia aconteceram comigo e com a minha família.
Maryane despareceu e minha mãe fugiu.
Depois disso, minha vida se tornou uma desgraça completa.
Será que um dia, ela seria noticiada nos canais de televisão, como as outras haviam sido?

SIN EATER - SALVIS.Onde histórias criam vida. Descubra agora