Capítulo 1.

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Contém: mutilação, sangue.
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Meus olhos, lentamente se abriram

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Meus olhos, lentamente se abriram.
A vontade de dormir novamente parecia aumentar cada vez mais.
Não importava o que eu fizesse, aquele vazio insistente continuava gritando por um fim.
Me levanto e, ao fazer um único movimento, aquela cama rangeu, como sempre.
Sempre pedi um quarto novo, uma cama macia e confortável para meu pai, mas ele simplesmente não me escutava.
Ele nunca me ouviu, então decidi de pedir coisas necessárias.
Olho ao redor: uma grande janela próxima de mim, um espelho ao lado da cama, uma escrivaninha ao lado do espelho, a tinta marrom-escuro do quarto descascando da parede, o chão já sem muita cor e, claro, havia uma marca de pó no chão, do outro lado do quarto.
Aquela marca de pó era como sangue coagulado numa cena de crime: não importava o produto de limpeza, o jeito que você enfiasse o pano velho na sujeira, ainda haveria resquícios do que aconteceu.
Tempos atrás, havia uma cama ali onde uma garotinha engraçada, carinhosa e sorridente dormia todas as noites.
Qual será que é o nome dessa menininha?
Nunca saberei.
Ela havia ido embora, simplesmente desparecido da minha vida e eu nunca mais a vi.
Insetos mortos estavam presos naquele quarto acinzentado, assim como eu á aquela vida precária.
Eu nunca conseguiria imaginar uma vida fora daqueles "padrões".

Me levanto e, por apenas alguns segundos, consigo escutar minhas costas estralando de dor.
Minha barriga roncava pedindo por comida, mas, eu não me importava.
Vou até o espelho encardido e observo meu estado deplorável: minha pele já não era mais tão brilhante; meus cabelos eram a única coisa não miserável na minha aparência; meu pijama, que um dia já foi branco, agora estava com um tom de cinza velho e manchado; meus pulsos estavam cheios de cicatrizes e claro, havia minha magreza e minhas olheiras que sempre se destacavam de todo o resto.
Se me comparassem com um homem palito, provavelmente eu seria mais magro que ele.
Eu me sentia como um velho de cinquenta anos, apesar de ter só vinte e um.
Me afasto do espelho, saio do meu quarto, vou até o banheiro, tiro minhas roupas lentamente, ligo o chuveiro e entro debaixo da água quente.
As cicatrizes em minhas costas gritavam de dor enquanto a água passava por elas até o chão lentamente.

Em momentos de solidão como esse, aquela garota da minha infância invade minha mente.
Éramos como unha e carne, eu cuidava dela e ela cuidava de mim.
Com o passar do tempo, eu percebi que meu pai a amava mais do que eu: seus sorrisos e risadas pareciam ser mais genuínos quando ela falava alguma coisa, por mais boba que fosse.
Por que todo esse favoritismo?; eu me perguntei.
Ao perceber em como os meninos da minha idade se comportavam, a resposta ficou clara.
É claro que meu pai gostava dela, ela era uma menina afinal de contas.
Meninas foram criadas para serem quietas, obedientes e sorridentes enquanto meninos foram criados com o intuito de serem bagunceiros, rebeldes e irritantes.
Garotinhas sempre foram perfeitas, não é?
No final das contas, a garotinha maravilhosa e perfeita que ele amava desapareceu também.
Todos os dias ao olhar para o meu corpo eu me pergunto:

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⏰ Última atualização: Oct 07 ⏰

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