Motorcycle

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Capítulo 3 - Motorcycle




O barulho do vento balançando as cortinas do quarto, fez com que Lorrane despertasse. Este seria mais um dia de chuva e muito frio em Nova Iorque, um dia normal de inverno como todos os outros, exceto por...

Ela sentou-se na cama espreguiçando-se, fazendo um longo bocejo. Coçou os olhos, e se preparou para levantar, descendo as pernas procurando as pantufas que Davi lhe dera na sua última viagem, mas as mesmas não estavam lá. Estranhou. Um forte sopro de vento gelado passou arrepiando seu corpo, fazendo Lorrane recordar-se do motivo de estar tão brava logo cedo. Frio, sentira tanto frio que acabou despertando de seu sono com um péssimo humor, claro. "Davi" rosnou ao deduzir que tivera sido o homem a deixar a porta da sacada aberta.

Levantou-se em um impulso e fora até seu hobby de cetim que estava sobre sua poltrona, vestiu-se, finalizando com um laço, e seguiu em direção à sacada. Entretanto, um cheiro gostoso de chocolate quente invadiu suas narinas fazendo-a parar e passar os olhos pela mesa de cabeceira onde encontrou uma caneca, com um bilhete escrito à mão.

"Imaginei que fosse gostar de algo quente para te aquecer..."

Um sorriso invadiu seu rosto ao ler o pequeno bilhete. Chocolate quente a fazia lembrar do tempo que era criança. Sua mãe sempre preparava para ela e seu irmão em dia chuvoso como este. Sem tirar o sorriso do rosto, dobrou o bilhete e o colocou debaixo de um vaso com flores. Em seguida, levou a caneca até sua e provou. "Hummm, perfeito."

Lorrane amava tanto os dias frios, que por ela poderia ser sempre assim, esse foi um dos motivos por ter se mudado para cidade. Ela era amante de dias como este. O que ela não gostava, era quando Davi deixava a porta da sacada aberta, fazendo-a acordar com o barulho das cortinas e o vento frio, dando a ela a sensação de estar congelando.

Lorrane pegou sua caneca e a segurou com as duas mãos dando mais um gole. Um longo suspiro fora dado apreciando o sabor indescritível. Direcionou-se com passos pequenos, até a porta de correr da sacada para fechá-la, todavia, sem resistir, adentrou para olhar a rua. Debruçou-se levemente apoiando o cotovelo e observou por alguns minutos as pessoas indo e vindo com seus trajes apropriados. Casacos, guarda-chuvas, cachecol. Definitivamente, nada fora do normal.

Seu corpo mais uma vez foi tomado por um vento frio. Não querendo e nem podendo ficar resfriada, decidiu entrar. Tentou virar-se de volta para o quarto, mas fora impedida por alguém que não a deixou se virar.

A temperatura quente do corpo atrás do seu, a fez engolir seco. Mãos firmes deslizaram sobre seus ombros deixando um aperto leve, suave, Lorrane suspirou. As mãos deslizaram por toda suas costas por cima do hobby de cetim que vestia. Na altura de sua cintura, um leve aperto fora depositado, e ela suspirou em desejo. Os braços firmes envolveram sua cintura, puxando-a para mais contato. Os corpos se fundiram... Encaixe perfeito.

O toque... O cheiro inebriante... "Não é o Davi." Sua mente murmurou.

Seu corpo inteiro encolheu-se ao toque. Seu coração estava batendo em descompasso. Essa sensação de proteção, apenas por estar envolvida nos braços de alguém, era completamente desconhecida. Os braços não eram tão firmes quanto os de Davi. "Não, definitivamente não eram." pensou ao tocá-los levemente com a ponta dos dedos. Os braços eram mais delicados, mais finos... Como os braços de uma mulher?! Todavia, não os de uma mulher qualquer. "Só pode ser ela."

A suposta mulher parece ter sido feita à mão, esculpida. Lorrane relaxou a cabeça para trás, aninhando-se em seu pescoço. Sua pele era macia... E tão quente que deixou o chocolate que acabara de tomar frio.

"Gostou do meu chocolate?" Perguntaram ao pé do seu ouvido fazendo-a se arrepiar com o hálito quente.

"Sim. No ponto." Respondeu sorrindo.

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