Edmundo abriu seus olhos devagar, com sono e sentindo a luz fria do sol de inverno pesando em suas pálpebras.
Se encolheu, embrulhando-se nas cobertas e apertando os olhos ao máximo, até escutar ruídos de gritos furiosos com a voz de...Aurora?
O moreno se virou, olhando para o lado e percebendo que estava sozinho. Ele se levantou, preocupado e um pouco curioso com o motivo de toda aquela algazarra; indo rapidamente trocar de roupa, saindo logo em seguida do closet ainda passando a mão no cabelo bagunçado e saindo do quarto.
Não demorou muito até que viu uma Aurora de roupão, os cachos loiros escorrendo de maneira rebelde (e muito, muito linda, ele pensou) pelos ombros, escapando para o rosto. Ela estava dura, gritando furiosamente com dois guardas do castelo; mas, olhando em seu rosto, Edmundo percebeu que seus olhos cinza-azulados estavam cheios de uma dor diferente de todas as que ele já tinha visto passarem por aquele olhar tempestuoso.
-COMO ASSIM VOCÊS "NÃO VIRAM NADA"?! - exclamava ela, de forma furiosamente dolorida e preocupada ao mesmo tempo. - SÓ TINHAM UMA COISA PARA FAZER, TOMAR CONTA E PROTEGER TUDO! E AGORA...MEUS FILHOS, ONDE ESTÃO MEUS FILHOS?!
-Nossos filhos? - Edmundo ergueu as sobrancelhas, sentindo seu coração parar por um milésimo de segundo, enquanto seu estômago gelava. - O que aconteceu? Onde eles estão?
-EU NÃO SEI! - exclamou Aurora, olhando para ele, e então seus olhos se encontraram com os dele. - Eu não sei... - ela então soluçou, exausta. - ...eu não sei!
Os dois guardas, quase com medo da loira, aproveitaram o momento para sair de fininho, com uma reverência desajeitada.
-Como assim? - perguntou Edmundo, praticamente correndo até o quarto onde Madeline, Pedro e Alice estavam, encontrando o mesmo vazio, com a janela completamente aberta. - O. Que. Aconteceu? - arfou ele, olhando em volta com angústia.
Aurora, que tinha seguido seu marido, se encostou na porta, de forma desolada.
-Eu não sei...
Os olhos de Edmundo se fixaram em algo, e ele foi até o papel dobrado, amarelado que estava na mesa de cabeceira da cama. Sua esposa praticamente correu até o seu lado, com os lábios brancos como neve, e olhou por cima de seus ombros enquanto o moreno desdobrava tremulamente o papel:
"Bem, 'reizinho': seus três filhos estão comigo.
Os dois mais novos, presos e numa situação que você conhece muito bem, semelhante àquela que você passou com minha irmã, mais ou menos com a idade deles. A mais velha...esqueça, você nunca a verá de novo mesmo.
Se quiser que seus dois filhos mais novos sobrevivam por pelo menos mais uma semana, venha até mim.
E aprenda a não mexer com quem é mais poderoso do que você.
Tylia Boulevard, futura rainha do UNIVERSO."
Antes que Edmundo sequer se recuperasse suficientemente do choque, Aurora se jogou na cama mais próxima e simplesmente chorou, aos prantos.
O moreno, esquecendo momentaneamente de todas as desavenças do dia anterior, se sentou ao lado dela no mesmo instante, colocando a carta em seu bolso.
Apesar de tudo, ela era sua esposa, o amor de sua vida, e definitivamente precisava dele naquele momento.
Aurora não parava de chorar, e chorava com tanta intensidade que já estava mais pálida do que antes, tremendo, sua respiração quase tão rasa quanto uma poça de água depois da chuva.
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𝑩𝒂𝒄𝒌 𝑻𝒐 𝑵𝒂𝒓𝒏𝒊𝒂 𝟑 | A Última Feiticeira
FanficNove anos se passaram desde a última vez que os irmãos Pevensie e Aurora estiveram em Nárnia. Agora, apesar de não terem se esquecido da maravilhosa terra mágica, vivem uma vida mais normal: com filhos, trabalho e problemas cotidianos. Mas as coisas...