23

1.4K 139 157
                                    

Não me lembro a última vez no qual eu me senti tão sozinha, mas eu sabia como era a sensação. A culpa corroía por todo o meu ser, tudo o que aconteceu, era a minha culpa e eu sabia disso. Ele era tudo para mim, uma parte do meu ser, a minha alma gêmea e agora eu o perdi. Espero que independente do lugar que você esteja, por favor, não deixe de olhar por mim. Porque assim como eu olho para o mar, me lembrarei de você.

 — França

Pov Enid

Assim que vi o meu irmão protegendo Pusgley, senti meu coração paralisar. Tudo a minha volta parecia apenas um grande borrão, o meu pequeno garoto e o meu irmão estavam feridos. Corri até eles segurando Nick em meu colo, sentindo minhas mãos ficarem ensanguentadas, aquilo era uma quantidade avassaladora de sangue saindo do seu corpo.

Ele estava pálido, ficando sem cor, sem vida. Meu coração se apertou e um desespero crescente me atingiu, isso não podia ser real, tinha que ser um pesadelo. Meu irmão não podia me deixar, eu não sei o que fazer sem ele. Com muito esforço, deitei Nick em meu colo e o segurei com toda a força que eu tinha em meu corpo. Olhei para o lado vendo Wednesday tentando estancar o sangue do seu irmão, os seguranças faziam a proteção e um deles estava no telefone.

Distante, eu conseguia escutar o barulho de sirenes. Ainda dava tempo de salvar ele, de salvar o meu maninho. As lágrimas brotaram em meu rosto, descendo incessante mente pelas minhas bochechas. Senti a mão do meu irmão tocar em meu rosto, fazendo-me voltar a atenção para ele.

— Enid — Ouço sua voz fraca me chamar.

— Não fala muito, a ambulância está chegando — Disse, com a voz embargada de choro.

— Cuidado em que você confia, Enid — Nick puxou o ar com dificuldade.

— Do que você está falando, irmão? — Perguntei, confusa.

— Deixei algumas coisas no meu quart... você vai entender — Ele tossiu, e o sangue escorreu da sua boca.

— Se poupe Nick, por favor — Acariciei seu rosto, desesperada.

— Eu te amo, Nid. — Murmurou Nick, que puxou o ar mais uma vez.

Os olhos do meu irmão se fecharam, seu peito parou de subir e sua mão que estava em meu rosto caiu. Nick estava morto, meu irmão estava morto em meus braços, abracei seu corpo contra o meu sem me importar se eu iria ficar cheia de sangue. Soltei um grito de dor, aquilo não podia ser real, o meu irmão não podia estar morto.

Seu corpo sem vida nos meus braços, como eu queria que aquilo não passasse de um grande pesadelo. Senti um dos braços do segurança querer tirar o corpo de Nick de mim, mas eu apenas não deixei, agarrando-o com mais força. Eu não quero ter que dar adeus a ele, isso não pode acontecer.

As lágrimas deslizavam sobre o meu rosto, os meus soluços eram altos. Todo o meu corpo tremia, o cheiro do meu irmão se perdeu e o cheiro ácido do sangue se fez presente. Então, os braços dela me rodearam, meu corpo relaxou automaticamente e ela me puxou para longe do corpo do meu irmão. Wednesday sussurrou em meu ouvido, sua voz trêmula, dizendo para mim que deixassem levar o meu irmão.

Wednesday me ajudou a ficar de pé, ela me guiou até a ambulância e lá vi o pequeno corpo do seu irmão, que agora, estava sendo cuidado. Olhei para ela, seus olhos avermelhados de tanto chorar, mas agora, as lágrimas já não estavam mais ali. Suas mãos envolveram as minhas bochechas, onde ela fez um carinho no local, beijou minha testa e rodeou seus braços na minha cintura, puxando-me para um abraço apertado e desajeitado.

Meu irmão estava morto. Entretando, meu desejo era que o da minha namorada pudesse viver, em segurança e com saúde. Havia perdido a minha mãe, e agora perdi o meu irmão, um dos meus portos seguros, eu não aguentaria perder Wednesday. Não quero vê-la ter de enterrar o seu irmão mais novo por minha causa, porque, sejamos sinceros, a culpa disso tudo é minha.

A Princesa Cruel Onde histórias criam vida. Descubra agora