Capítulo 05

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O calor sufocante fazia o ventilador na sala da pensão girar inutilmente, enquanto Joana — conhecida por todos ali como Marta — conversava com Samuel e Helena, que riam entre uma troca de histórias e desabafos.

— Marta, tenho uma novidade! — Helena falou animada. — Uma amiga minha tá organizando um evento enorme e precisa de garçons. O pagamento é ótimo. Que acha?

Tentando esconder a preocupação que lhe atravessava o peito, Joana respondeu com cautela:

— Se for só por uma noite, acho que posso tentar. O problema é... Não tenho com quem deixar o Miguel e a Lúcia.

Dona Pituca, sempre pronta para ajudar, soltou uma risada calorosa.

— Ora, ora, se precisar, eu fico com os meninos. Eles vão se divertir comigo e a turma da terceira idade! — brincou, com um olhar acolhedor.

Joana sorriu, aliviada.

— Então fica combinado — afirmou Samuel, ajeitando os óculos. — Eu também vou, trabalhar como fotógrafo freelancer não tá fácil. Esses bicos são a salvação.

— Isso aí! — completou Helena. — Vai ser um sucesso, vocês vão ver.

Enquanto isso, no centro da cidade, Júlio estava numa boate com os amigos, rindo e se divertindo até que seus olhos avistaram Gisele, elegantemente encostada no bar. Ele não perdeu tempo e se aproximou com um sorriso confiante.

— E aí, gata? Faz tempo que não nos vemos. Que tal a gente se fazer companhia essa noite? — disse ele, cheio de si.

Gisele, sem desviar os olhos do copo, arqueou uma sobrancelha, lançando um olhar de puro desdém.

— Júlio, figurinha repetida não completa álbum. Eu não tô interessada — respondeu com um sorriso sarcástico antes de se afastar, deixando-o parado, desconcertado.

— Quem diria... — murmurou ele, intrigado pela reação inesperada.

De volta à pensão, Dona Pituca ajudava Bárbara, Paola e Marcos a se arrumarem para a festa, enquanto Helena, Joana e Samuel já haviam saído para trabalhar, sem saber que o destino de todos era o mesmo.

— Fica parada aí, menina, deixa eu ajeitar esse vestido! — resmungou Pituca, enquanto lutava com o tecido que teimava em escapar.

Bárbara, impaciente, lançou um olhar de superioridade pelo espelho.

— Não sei por que tá me ajudando, vó. Você nem entende dessas coisas... Velha desse jeito, deve ter esquecido o que é moda há anos.

Dona Pituca parou o que fazia e a encarou com firmeza.

— Olha aqui, menina. Você pode tratar sua mãe do jeito que quiser, mas eu, não. Te criei com muito carinho e respeito. Então, antes de falar besteira, pensa bem.

Surpresa pela resposta firme da avó, Bárbara abaixou a cabeça, envergonhada.

— Desculpa, vó... Não queria falar aquilo...

— Pois trate de não falar de novo — cortou Pituca, voltando ao vestido. — Agora, termina de se arrumar. A festa não espera.

Paola e Marcos, que observavam a cena em silêncio, trocaram olhares de surpresa, impressionados com a postura da dona da pensão.

A festa de noivado se realizava em uma mansão deslumbrante. Quando Joana, Samuel e Helena chegaram, vestidos com os uniformes de garçons, o ambiente parecia um sonho. Contudo, ao reconhecer o nome da família nos convites, Joana sentiu o estômago revirar.

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