Capítulo 06

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A sala da pensão estava animada. A televisão, velha e barulhenta, passava uma novela qualquer, mas ninguém parecia prestar muita atenção. Nelson, Gerson, Braga, Brazão, Samuel e Marcos estavam sentados ao redor de uma mesinha de centro cheia de copos de suco e salgadinhos caseiros. Era o ponto de encontro favorito dos moradores, e naquela noite, o clima estava particularmente leve.

Nelson, como sempre, foi o primeiro a quebrar o silêncio.

— Rapaz, vou te dizer uma coisa... — começou ele, com um sorriso maroto. — Você aí, Brazão... O que acha de finalmente criar coragem e se declarar pra Gisele, hein?

A sala explodiu em risadas, e Brazão, que estava distraído olhando para um jornal, ficou vermelho na hora.

— Que isso, Nelson! — tentou se defender, com o rosto enrubescido. — Tá maluco? Eu e a Gisele... nada a ver.

— Ah, nada a ver, né? — Gerson entrou na brincadeira, cruzando os braços. — Até parece que não ficamos de olho. Você mal consegue disfarçar quando ela está por perto. Parece um adolescente tímido.

Marcos deu uma gargalhada alta, batendo nas costas de Brazão.

— É verdade! Todo mundo já percebeu, Brazão. Não precisa negar, não. Tá na hora de fazer alguma coisa, homem!

Braga, que até então estava em silêncio, levantou as sobrancelhas surpreso.

— Como assim, Brazão e Gisele? — perguntou ele, meio perdido. — Vocês tão falando sério?

— Tão sério quanto eu aqui sentado, Braga — Samuel respondeu, ainda rindo. — Até você já percebeu. O Brazão só precisa dar o primeiro passo.

Brazão suspirou, balançando a cabeça, claramente desconfortável com a situação.

— Ah, sei lá... — murmurou ele, coçando a nuca. — E se ela não gostar de mim assim? E se isso estragar a nossa relação de trabalho?

— Isso é só desculpa! — Nelson retrucou, com o olhar esperto. — Você é um baita cara legal. Gisele seria louca de não te dar uma chance.

— É isso aí! — completou Marcos, de olhos brilhando com a ideia que acabara de ter. — Que tal preparar um jantar especial pra ela no terraço da pensão? Sabe, algo romântico, com velas e tudo mais.

— Um jantar? — Brazão ficou ainda mais nervoso. — Não, não... isso é exagero, gente.

— Exagero nada! — Samuel afirmou, balançando a cabeça com convicção. — Aposto que Dona Pituca deixa. Você já viu ela dizer "não" pra alguém aqui?

Braga, que até então estava com a cabeça inclinada, tentando entender o que estava acontecendo, resolveu falar:

— Eu tenho uma ideia melhor! E se... — Ele fez uma pausa dramática, todos os olhos sobre ele. — A gente fizer o jantar... e esconder a comida?

A sala ficou em silêncio por um segundo. Braga sorria, claramente satisfeito com sua "grande ideia", até que todos explodiram em gargalhadas.

— Isso não faz sentido nenhum, Braga! — gritou Nelson, chorando de tanto rir.

Brazão suspirou aliviado com a mudança de foco, mas não pôde deixar de sorrir também. No fim das contas, a ideia de um jantar no terraço não parecia tão ruim. Talvez, quem sabe, ele finalmente teria a chance de se aproximar de Gisele.

Enquanto isso, na cozinha da pensão, o ambiente estava igualmente animado, mas com uma pitada de fofoca e risos femininos. Dona Pituca supervisionava tudo com sua habitual alegria, mexendo nas panelas e provando os temperos.

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⏰ Última atualização: Sep 30 ⏰

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