CORRENTES DA INOCÊNCIA PERDIDA

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Confiança, é assim que se fala?
Pensei que podia confiar em você,
Afinal, mostrou-me tua Bíblia
Onde havia flores
E um cheiro de amor.
Mas mostrou-me tua arma
E atirou em meu peito
Como se eu fosse um inseto.

Sangue do meu sangue,
E mesmo assim me machuca
Com a pior das dores,
Uma dor incurável
Que sinto que não suportarei.

Por que faz isso comigo?
Mesmo após eu falar tudo,
Ainda sinto medo de você.
Não sou quem sou perto de você,
E você me machuca
Com a pior das dores.

Eu quero viver,
Ser quem sou,
E farei o necessário
Para pensar em mim.

Sangro todos os dias
Enquanto sorrio para você.
E mesmo em meus momentos, sinto doer
Sem encontrar minha areia gelada
À beira do rio,
Mas agora ela está coberta de água,
Uma água quente, mas para mim vazia.

Preciso ir embora,
Mas por que falta-me esperança?
A porta está aberta,
Mas estou confortável
Enquanto sangra lentamente.

Por que mostrou-me tua Bíblia
E depois tua arma?
Sinto dor, dor e dor
E também vazio.
Quero me libertar
E viver quem verdadeiramente sou,
Mas preciso matar quem já fui.

Em meu passado devo descansar,
Quando apenas brincava e sentia a brisa do vento.
Daria de tudo para retornar e sentir tudo novamente,
E me tornar escravo de mim mesmo.

O cheiro de terra molhada
E o som dos pássaros,
O sino da escola
Onde me lembrava que estava na hora de ir.

A alegria que esbanjava,
E não me preocupava com nada,
Apenas em se divertir e correr,
Correr das correntes.

Mas hoje não corro mais,
E sinto cada corrente em meu corpo,
Enquanto perfura minha carne com seus ganchos
E deixa-me apodrecer,
Sem ao menos correr
E deixar-se machucar e sangrar de uma vez.
Afinal, um dia cicatrizará.
Então preciso aprender a não sentir medo,
E sim encarar e sentir a dor verdadeira.

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