𝘀𝗼𝗺𝗲𝗼𝗻𝗲 𝗼𝗹𝗱𝗲𝗿

03. playing

PIETRA SANTIAGO

Entro na sala da minha última aula do dia. Cursar o técnico em administração já estava me deixando com a paciência no limite. Quando chega sexta-feira, eu tento sempre focar nas últimas aulas, mas parece que meu corpo não gosta do professor. Então, geralmente, recorro às vídeo-aulas em casa e a soneca na carteira.

A única coisa boa desse curso era o meu estágio, que me fez conhecer pessoas incríveis. Tirando isso, era tudo um inferno.

Depois de quase dormir enquanto aquele velho chato falava, o último sinal do dia finalmente tocou. Ufa! Agora era hora de ir embora. Pedro sempre me busca na porta para me levar para a empresa, porém, hoje ele não conseguiria, mas me assegurou que teria alguém para me buscar. Fiquei ali na porta, esperando que alguém viesse.

De repente, sinto uma presença atrás de mim. Quando me viro, dou de cara com Wagner Moura, o cara que todo mundo comenta no trabalho.

- Oi, Pietra - ele disse, com aquele sorriso sacana que faz qualquer um derreter. - O Pedro não conseguiu te buscar, então aqui estou eu.

- Oi, Wagner! - respondi, tentando disfarçar o nervosismo. - Não sabia que você ia me buscar. - ele se encostou na parede, casual e confiante, e eu não consegui evitar de reparar na forma como ele se movia. O cara era charmoso, e era impossível não notar.

- Sempre que posso, gosto de fazer uma visita. - Ele deu um passo à frente, me olhando nos olhos de um jeito que fez meu coração acelerar. - Vamos, vou te levar até a empresa.

Entrei no carro, e enquanto ele ligava o motor, uma mistura de ansiedade e expectativa começou a me invadir. O clima no ar estava carregado de tensão, mas também de uma faísca que eu não sabia se era só minha.

- Então, como foi o dia? - Wagner perguntou, lançando um olhar rápido em minha direção enquanto manobrava para sair do estacionamento, o que me fez dicar confusa pela pergunta repentina.

- Ah, você sabe, mais uma aula chata. - Fiz uma careta, e ele riu, um riso leve e divertido. - Fui quase pro lado do "sonho profundo" com aquele professor.

- Acredita que eu já passei por isso? - ele disse, piscando. - Era só eu ver o cara que a minha mente começava a fazer planos de fuga. Mas você se saiu bem! Olha como você sobreviveu.

- É, só por um milagre! - comentei, rindo. - Mas agora, finalmente, estou livre.

- E com um mundo de possibilidades na frente! - Ele deu um sorriso sugestivo. - Você pode fazer qualquer coisa. Tipo, sair pra um drink comigo.

Eu ri nervosamente, tentando imaginar como seria um drink com ele. A ideia de um encontro estava lá, sussurrando na minha cabeça. Sua sugestão me lembrou de ontem, minha conversa com Pedro, o que me fez rir mentalmente. 

- Olha, eu não sou do tipo que sai por aí - confessei, mantendo a conversa leve. - Mas também não sou de recusar um bom drink... especialmente se tiver boa companhia. - ele se inclinou um pouco para o lado, os olhos fixos em mim enquanto dirigia. A tensão no carro era quase palpável, e a proximidade me deixava com o coração acelerado.

- Então, que tal a gente fazer isso um dia desses? - Wagner sugeriu, quase como se estivesse desafiando. - E quem sabe eu não consigo te tirar desse tédio?

- Você é ousado, não é? - rebati, olhando em seus olhos e sentindo uma pequena faísca no ar.

- Ousadia é meu segundo nome. - Ele sorriu, e eu senti uma onda de calor subir pelo meu rosto. - Vamos lá, Pietra, só um drink. O que tem a perder?

A verdade era que a ideia de ir para um bar com ele era tentadora, mas ao mesmo tempo perigosa. A forma como ele olhava pra mim, aquela confiança, era irresistível.