4. Aquele que Habita o meu Porão

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Ah, que lindas cores e formas surgiram em teu corpo seco

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Ah, que lindas cores e formas surgiram em teu corpo seco. Meu querido mestre, há tanto tempo você não se move, não brinca mais com os tubos de vidro cristalino e seus líquidos fumegantes, de tonalidades tão interessantes.

Há muito deixei de me esgueirar da besta peluda que suas mãos ossudas afagavam. Que alegria me deu quando o demônio de orelhas pontudas faleceu. Não me culpe; afinal, quantos dos meus ele devorou? Todos, menos eu.

Ao contrário de você, que murchou como uma flor, a peste negra derreteu, e a carne ganhou sabor. Provei dela, mas prefiro a ti. Não me cansava de observar as fendas de sua pele se aprofundarem no chão.

Mastigava você quando senti o calor se espalhar como um raio, do centro do meu abdômen segmentado até o topo da minha carapaça. Algo se acendeu, cresceu! Era eu, eu! Passei a enxergar tudo como novo, com significado. Superior.

Ah, como os mestres às vezes tropeçam na própria genialidade. A mão trêmula, talvez cansada dos anos, buscou a lata vermelha que descansava entre os tubos de ensaio. Mas o que seus dedos encontraram foi o vidro frio e o líquido esverdeado de uma de poções.

Você não percebeu, até ser tarde demais. Um gole e a reação foi quase instantânea — a química atravessou sua garganta, e sua expressão congelou. O líquido que devia borbulhar nos frascos borbulhou dentro de você.

Lembro-me da sua dança final. Etéreo, como a pluma lançada ao ar, rodopiando na minha direção. Buscou par na estante, que se juntou a ti sobre o chão. Desde então, esteve aí, com "seu amante" e um sorriso imutável. E eu aqui, na escuridão.

Em tuas mãos, os tubos; em tuas orbes, a alquimia da vida e da morte; teus lábios que sussurraram teorias que agora compreendo. Teu intelecto e desejos mais profundos entranhados em tua carne, agora são meus. Tua morte, meu renascimento.

Lamento que, justo agora, não possamos nos falar. Tenho tanto a lhe contar...

Outro dia, escutei uma nova voz

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Outro dia, escutei uma nova voz. Diferente da sua, que sempre fraquejava. Esta era cheia de vida, angústia e rancor. Ela buscava o mesmo que eu, a si mesma, para além de nossos porões.

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