Eu corria desesperado. Era como se a minha vida dependesse daquilo, o que não era mentira. Eu estava sendo perseguido pela polícia, eles estavam armados, então sim, minha vida realmente dependia do até quanto o meu corpo aguentaria correr. Eu queria odiar meus pais por me colocarem nessas enrascadas. Eu era apenas um adolescente, eu não merecia isso.
Minha respiração já estava descompassada, meus batimentos cardíacos acelerados, meu corpo implorava para que eu parasse. Olhei para uma encruzilhada, para onde eu iria? Tive que pensar rápido, derrubei uma lata de lixo na direita e dei a volta correndo para a esquerda, essa pequena janela gradeada seria de grande ajuda. Subi rápido por aquele metal enferrujado, e peguei impulso e pulei, segurando em um chão de uma varanda, e busquei todo o resto de força que eu tinha e puxei meu corpo e me escondi sem fazer barulho. Olhei brevemente e vi os policiais seguirem rumo para o lado direito e me encolhi mais. Meu corpo estava encharcado de suor, meu cabelo grudado em minha testa. Eu estava deplorável.
"Fazer isso era realmente necessário? Meus pais mereciam que eu continuasse roubando por eles?"
Era o que mais se passava na minha mente naquele momento em que consegui invadir a varanda.
Passei longos minutos em puro silêncio, enfiei a mão no bolso da jaqueta e peguei minha bombinha, inalando três vezes, para ajudar a minha respiração a regular novamente. Estiquei as pernas para que meu sangue circulasse normalmente e o corpo por fim esfriasse, eu precisava ir embora antes que quem quer que fosse responsável pela casa, me encontrasse ali e eu tivesse problemas novamente.
Minha falta de ar não costumava aparecer com frequência, mesmo com o problema respiratório, eu havia desenvolvido bem até, já que infelizmente eu entrei para o crime ainda na infância ajudando meus pais com pequenos roubos, pelo menos esse exercício físico me trouxe algo de útil.
Quando meu corpo já estava em um estado melhor, olhei bem em volta e percebi que o caminho estava completamente livre, o que era compreensível, já que todos a essa altura estavam em escolas, faculdades, trabalho, eu era uma das exceções da vida, resultado de ser filho de dependentes químicos que nem mesmo após o meu nascimento e tantas dificuldades, não quiseram sair dessa vida de merda.
Desci com cuidado, e quando meus pés se firmaram no chão, caminhei devagar até em casa, e esse era um daqueles momentos em que a nossa vida se passa como um filme em nossa mente, e então por mais uma vez, segurei o choro e ignorei o nó que se formava em minha garganta, eu não daria o gosto de derramar mais lágrimas por eles.
Ao menos era esse o meu objetivo.
A solidão das ruas, o vento gelado que soprava naquele final de tarde, marcava o quanto a minha vida era fodida, e só não era pior, porque tinha a avó Nattaya, uma senhora que vendia doces em sua barraquinha móvel, e a tia Pailin, um amor de pessoa que trabalhava fazendo faxinas, elas duas eram muito mais família para mim do que aqueles que me colocaram ao mundo.
— Mãe, pai! - Retirei o cadeado e a corrente que fechavam a porta da nossa humilde casa e entrei. Retirei os sapatos e os coloquei na entrada. — Cheguei em casa com o que pediram. - E bastou eu falar isso para que eles aparecessem felizes. O que roubei era mais valioso do que eu.
— Você é o melhor filho! Sabíamos que poderíamos contar com você. - Minha mãe tinha um sorriso esnobe em seu rosto. Ela seria tão bela, se as drogas não tivessem a consumido tanto. As vezes parecia que ela sentia o mínimo de afeto por mim, mas somente quando papai não estava por perto.
Meu pai me olhou, com um sorriso arrebatador, como se tivesse ganhado na loteria. — Você se saiu bem, War! - Nojo.
— Vocês me deixaram sozinho de novo para lidar com a polícia! Faltei a escola para lhes ajudar com o roubo, e me deixaram para trás. Eu quase fui pego! - Falei e me joguei no sofá, cansado.
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You're my Lucifer
फैनफिक्शनA vida é fácil para algumas pessoas. Vida financeira boa, sem dívidas, pais que se sentam juntos na hora do jantar, a única preocupação é os estudos, passar de semestre é a maior conquista. É, realmente fácil, pena que eu não fui um dos contemplados...