Capítulo 3 - Stranger?

64 11 43
                                    

 Você se aproximou de mim com esse rosto desconhecido

E tirou tudo de mim apenas neste primeiro momento

Eu mudei, você fez todas as coisas mudarem

Por quem eu estou vivendo? Para quem eu estou indo?

Apenas você tem que me entender, eu só preciso disto

(Stranger - SHINee)

Entrei rápido em casa. Mais um roubo havia dado certo, e com sorte, sem policiais dessa vez. Finalmente algo bom neste meu dia caótico.

Não era algo que eu me orgulhava, mas infelizmente era o jeito com o qual eu sabia resolver as coisas. Talvez, no meu caso, os fins justificavam os meios.

Eu consegui realizar um assalto em um local de penhor ilegal que havia pelas redondezas, era muito dinheiro, e com isso eu com certeza iria quitar a dívida que a avó Nattaya possuía com um agiota do nosso pequeno bairro. 

A um tempo ela tinha ficado doente e pegou dinheiro emprestado para conseguir pagar o tratamento e os remédios, e já se aproximava do tempo dela pagar o valor, e eu consegui, além da dívida, eu daria o dinheiro para ela comprar os remédios que ainda faltavam e a tia Pailin poderia concertar o seu ponto de venda, e o que sobraria eu compraria as comidas de casa e pagaria a mensalidade da faculdade e os materiais que eu precisava para meu curso.

Por mais que eu fosse bolsista, era apenas 80% e ainda tinha os gastos com os materiais que usamos no curso de arquitetura, tinha o transporte, mas eu ficava feliz por conseguir ajudar aquelas elas. Elas haviam se tornado a minha família.

Joguei a mochila no sofá e me sentei em seguida, a barriga roncava alto.

Já fazia uma semana desde a chegada do garoto novo, e ele era um cavalheiro, devo admitir. Além de bonito, a educação que ele tinha e a forma como me tratava todos os dias, me alegrava de certa forma. Ainda existiam mesmo pessoas assim?

Infelizmente, o Force e seu grupinho começaram a cercá-lo e agora ele estava próximo demais deles, e com certeza seria questão de tempo até que ele se tornasse mais um igual a todos eles, e isso particularmente me chateava. Eu não o julgava, entretanto, a companhia dele era realmente agradável e o seu aroma me trazia conforto, mesmo com toda insegurança que me cercava. Éramos uma bela dupla de estudos e eu estava começando a acreditar que estávamos criando um laço de amizade.

Eu passava as vezes sorrateiramente pela cantina, e o via entrosado com todos, incluindo as várias garotas que agora o rodeava, é, alegria de pobre dura pouco mesmo. Eu tinha um defeito que se destacava: eu detestava compartilhar quem era importante para mim. Talvez fosse parte dos traumas que me cercavam, é, quem sabe.

Claro que entre andar com pessoas ricas e de alto nível e andar comigo, a escolha era muito óbvia, e eu não o julgaria por isso, até porque, cada um sabe a necessidade que tem. Eu que o diga.

— É, foi boa a alegria dessa semana, tirando a maldita surra que não consegui fugir. - Na sexta-feira, o grupinho de merda ficou a minha espreita. Eu deveria saber lutar, saber me defender, mas eu odiava esse tipo de briga, e ainda assim, não é como se eu fosse dar conta de brigar contra quatro, eu não era burro.

 Eles eram tão covardes, tão sujos, por mais que soubessem que eu não conseguiria lutar contra um, se juntavam para me bater todos ao mesmo tempo, e cá estou eu, em pleno domingo, com um corte no lábio, olho roxo ainda, porém desinchado, ao menos isso, e o corpo dolorido.

You're my LuciferOnde histórias criam vida. Descubra agora