Capítulo 2

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Em toda minha vida existe apenas três coisas que eu tenho certeza que jamais iria escutar e, uma delas, é o que minha chefe acabou de dizer.

Fiquei surpresa ao ver seu olhar sério ao meu ataque de risos, sempre faço isso quando estou nervosa. Parei de rir na hora.

— A senhora está falando sério? — Pergunto indignada.

Ela não responde e continua me encarando séria, indicando que sim, ela estava falando sério.

Mas por que diabos ela está me pedindo isso?

— Por quê? — pergunto em um fio de voz.

— O verdadeiro motivo não vem ao caso no momento. Apenas preciso que finja ser minha noiva por cinco dias — ela responde, tirando as mãos do bolso e se sentando em sua cadeira enquanto me encarava.

— Não posso fazer isso, Miss Mills — digo, ainda em estado de choque.

É claro que eu não aceitaria. Mesmo que ela seja minha chefe e, na verdade, esse é o verdadeiro motivo. Ela é minha chefe.

— Eu te pagarei o dobro, ou melhor, o triplo do que ganha! Serão apenas cinco dias! — ela me oferta.

— Me desculpe, Miss Mills. Mas isso não se trata de dinheiro e, sim, da minha dignidade — declaro, ofendida com o rumo de todo o assunto.

— Sua dignidade?

— Sim, senhorita.

— Ok, Miss Swan. Me diga o que quer e eu mandarei te entregar imediatamente — ela diz, impaciente.

— A senhorita não escutou? — Pergunto, também impaciente — Não vou aceitar! A não ser...

— "A não ser" o que? — pergunta, atenta.

— Que a senhorita me diga o motivo desse absurdo de oferta! — respondo, curiosa para saber a verdade.

— O motivo real não é da sua conta! — responde rude.

— Então minha resposta é não!

Ela me encara e eu repito o ato. Não irei fazer nada a não ser que tenha uma explicação plausível.

Ela respirou fundo, obviamente irritada e se controlando para não me assassinar naquele momento.

— Ok! — respirou fundo, mais uma vez — Minha tia avó veio a falecer e seu último desejo era que eu ficasse noiva. Nesses cinco dias teremos o velório dela e quero que a família veja que levei seu pedido à sério — confessa, de cabeça baixa.

Em seguida, ela me olha. Confesso que fiquei sem palavras com o que acabei de ouvir.

Minha chefe tem coração!

Poxa, deve ser difícil para ela perder a tia avó e o último pedido dela ser que ela encontrasse alguém especial.

E ela me escolheu para ser essa pessoa, mas íamos mentir para a família dela?

— E a sua família? — pergunto com a voz calma.

— Isso eu poderei resolver depois. Serão apenas cinco dias, Miss Swan. Algo supérfluo, só não quero que a minha família pense que não levei o pedido à sério ou que sou um monstro — ela respondeu, séria.

Senti pena dela naquela hora.

Então me sentei na cadeira a sua frente e dei um leve sorriso.

— Eu aceitarei sua proposta, mas tenho algumas condições — digo séria.

— É claro que tem. O que é?

— Primeiro, eu espero que seja uma chefe uma chefe mais legal comigo...

— Chefe legal? Eu pago seu salário! O que pode ser mais legal que isso? — ela me interrompe.

— Segundo, quero que pare de me mandar cumprir tarefas absurdas em prazos mínimos. Irá me elogiar de vez em quando e parar de dizer que eu sou lenta. Também quero mais tempo de almoço e um aumento de 4% no meu salário — falo especificado.

— 3%.

— 3,5%. Pegar ou largar.

— Certo, mas não espere mais do que isso! — declara.

— Não se preocupe — dou um sorriso leve.

— Direi ao meu motorista para que passe na sua casa sexta, às oito da manhã — diz, abrindo seu notebook.

— Sim, senhorita. Mas Miss Mills e sua família descobrir?

— Não vão, são apenas cinco dias, Miss Swan — diz, digitando algo em seu computador — Era apenas isso, pode se retirar.

Ela me encara quando percebe que não movi um músculo para sair da sala e eu cruzo os braços, encarando-a.

— Por favor, Miss Swan, pode ser retirar. Não precisarei mais de seus serviços hoje.

Me deu vontade de rir na hora. Ela falou parecendo que estava engolindo ácido por ser tão educada.

Mas me contenho e sorrio me levantando.

— Sim, senhorita.

Quando saio da sala e fecho a porta, parece que a ficha do que está acontecendo caí. Caramba! Irei fingir ser noiva da minha chefe por cinco dias na frente da família dela e no velório de sua tia avó.

Céus, vou para o inferno! sussurro para mim mesma.

(...)

— Você mentiu para a Emminha dizendo que a sua tia avó faleceu e o último desejo dela era que você noivasse? — Graham perguntou, incrédulo.

— Sim — respondi, comendo com tranquilidade.

— Sim? É só isso que me diz? E quando chegarem lá e ela perceber que não existe velório nenhum? O que vai fazer? — pergunta e eu o encaro.

— Isso eu poderei resolver quando chegarmos lá. Além de que, tive que aceitar algumas condições, uma: um aumento de 3,5%. Não sabia que trabalhava com uma mercenária — respondo, bebericando minha limonada.

No mesmo momento Graham começou a gargalhar. Tinha que admitir, Emma era esperta. Ainda sim, esses cinco dias serão um inferno. Ficar com a minha família, incluindo meu irmão adotivo, Fiona e Emma. Penso seriamente em desistir dessa merda toda.

Mas seria impossível mesmo, já tinha confirmado com minha mãe que estava comprometida e acabara de pedir Emma em noivado.

Será que tem como ficar pior?

Está preparada? Amanhã é sexta, minha amiga. Dia de viagem. — Graham declara, animado.

Ignoro a pergunta, já tinha muita coisa em mente.

Sim, uma semana havia passado rápido e eu ignorei minha assistente ao máximo. Já teria que passar cinco dias olhando para ela.

Fechei meus olhos e respirei fundo. Já podia prever a dor de cabeça que seria essa mentira que o idiota do Graham me meteu.

Nunca fui de preces, mas pedia aos seres divinos para terem dó da minha pessoa e que esses dias passassem voando.

Porque, à partir de amanhã, eu seria uma mulher apaixonada.

Minha Adorável Chefe Tirana - Swanqueen Onde histórias criam vida. Descubra agora