I - Suspeitos de Arlington Heights

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O som das risadas e das conversas ecoava pelos corredores da escola, soando distante, como se viessem de um outro mundo. Olivia caminhava devagar, o peso de seus passos refletindo o fardo invisível que carregava. Seus olhos, normalmente vivos e curiosos, agora pareciam apagados, como se a cor tivesse sido drenada neles. A mochila, pendurada em um ombro só, balançava de um lado para o outro, mas ela mal notava.

A cada passo, sentia os olhares furtivos dos colegas de classe, sussurros que se apagavam quando ela passava. O cheiro familiar de tinta fresca e livros novos agora era sufocante, misturado com o aroma metálico da dor que ela não conseguia deixar para trás. Ela apertou os braços ao redor do corpo, como se tentando se proteger do frio que só ela sentia, o frio da ausência, do desconhecido.

Ela tinha cabelos castanhos mel que caíam em ondas longas e sedosas até a altura das costas, com um brilho sutil que acentuava sua pele clara e pálida. Seus olhos castanhos, embora ainda expressivos, estavam marcados por olheiras escuras, evidência de noites em claro e preocupações. A combinação de seus traços, com o cansaço visível, lhe conferia um ar de vulnerabilidade e profundidade, como se cada linha em seu rosto contasse uma história de desafios e resiliência.

Ao se aproximar do armário da irmã, o coração de Olivia disparou descompassado, como se cada batida fosse um lembrete cruel da ausência dela. Ela sabia que deveria desviar o olhar, ignorar o vazio que agora habitava aquele espaço, mas seus pés se recusavam a obedecer. A porta estava entreaberta, como se esperando que sua dona voltasse a qualquer momento. Dentro, ainda estavam colados os adesivos coloridos que sua irmã tanto amava. Vários alunos haviam feito homenagem para Chloe colocando algumas flores dentro de seu armário, já que seu assassinato foi um trágico e misterioso incidente.

Ela desviou o olhar rapidamente, sentindo uma pontada aguda no peito. A incerteza do futuro pesava mais que o silêncio ao seu redor. O assassino ainda estava lá fora, em algum lugar. A qualquer momento, poderia ser ele passando por aquele corredor, observando, esperando. A escola, que antes era um refúgio seguro, parecia agora um labirinto de incertezas, onde cada sombra escondia uma ameaça. E Olivia não sabia se conseguiria sobreviver a mais um dia.

De repente, Olivia percebeu com um sobressalto, que sua melhor amiga Fernanda a chamava.

— Olivia? Está tudo bem? — perguntou a Copper

Os cabelos de Fernanda Copper eram como neve tingida de luz do amanhecer, uma cascata de fios brancos com um sutil reflexo azulado que parecia mudar de tom a cada movimento. Eles caíam livres, passando dos ombros, ondulando suavemente como se estivessem sempre tocados por uma brisa invisível. Seu rosto, de traços delicados, contrastava com a intensidade de seus olhos castanhos profundos, que brilhavam como âmbar aquecido pelo sol.

— eu não sei...não sei se estou mesmo preparada para voltar aqui depois do que aconteceu...— responde a Haylock desviando o olhar de sua amiga

— eu sei o quanto deve ser doloroso para você, afinal ela era sua irmã. Mas acho que você deveria começar a seguir em frente, Oli. Já fazem quase dois meses do que aconteceu...

— sim...eu sei disso. Mas eu não sei se vou suportar os olhares de todos a minha volta. Eu não sei se vou aguentar tudo isso...

— você quer que eu te leve para casa?

— não. A verdade é que eu não posso fugir disso para sempre — disse Olivia enquanto fixava seus olhos nos de Fernanda — você tem razão, tenho que seguir em frente agora. Apesar da Chloe ter sido uma pessoa muito rude e ruim essa vida, ela ainda era minha irmã mais velha então vou fazer isso por mim e por ela...

— você está coberta de razão. Qualquer coisa que precisar, sabe que eu estou aqui, né? — disse Fernanda enquanto piscava brevemente em sua frase

𝐄𝐮 𝐬𝐞𝐢 𝐪𝐮𝐞 𝐯𝐨𝐜𝐞̂ 𝐭𝐢𝐧𝐡𝐚 𝐦𝐨𝐭𝐢𝐯𝐨𝐬 - 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 1Onde histórias criam vida. Descubra agora