Capitulo 6: Separados

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Os dias seguintes foram pesados para Clara. A tensão entre ela e seu pai só aumentava. Ele começou a controlar suas saídas, sempre perguntando onde ela estava e com quem. Quando Clara chegou da escola um dia, encontrou o pai à sua espera.

- Clara, precisamos conversar - disse ele, a voz grave.

Ela se preparou para o pior, mas não estava pronta para o que estava prestes a acontecer.

- Eu peguei seu celular. Quero que você se concentre em suas responsabilidades. - Ele colocou o dispositivo na mesa, como se fosse uma arma.

Clara sentiu uma onda de desespero.

- Pai, você não pode fazer isso! Eu preciso do meu celular! O Lucas...

- Não quero ouvir sobre ele. - A voz do pai era firme. - Este é um tempo de estudo, não de distrações.

As lágrimas ameaçaram brotar em seus olhos, mas Clara se forçou a se manter firme.

- Você está sendo injusto! O Lucas não é uma distração; ele é importante para mim!

O pai balançou a cabeça, inabalável.

- O que você chama de "importante" é apenas uma fase. Eu já passei por isso, e não quero que você se machuque.

Clara sentiu a frustração se transformar em tristeza. Ele não entendia. O que tinha com Lucas era especial, algo que não se podia ignorar.

Nos dias seguintes, sua rotina se tornou um pesadelo. Sem celular, Clara se sentia isolada. Ela não podia falar com Lucas, não sabia como ele estava lidando com a situação. As horas pareciam se arrastar, e a solidão a consumia.

Seu amigo Noah começou a visitar ela para que ela começasse a se sentir-se mais alegre, ele é um dos únicos que entendia o lado de Clara e que estava disposto a lutar pelo amor de Clara e Lucas.

Na escola, Clara tentava manter a aparência de normalidade. Mas cada vez que seus amigos comentavam sobre sair ou fazer planos, um vazio se instalava em seu peito. Ela se sentava sozinha na cantina, assistindo a risadas e conversas enquanto seus pensamentos vagavam para Lucas, perguntando-se o que ele estaria fazendo, se ainda pensava nela.

Uma tarde, ao voltar para casa, Clara encontrou seu pai em frente à TV. Ele a olhou, a expressão severa, mas havia algo mais - preocupação.

- Clara, você precisa entender que eu estou fazendo isso para o seu bem. - Ele disse, tentando suavizar o tom.

- Para o meu bem? - Clara retrucou, a voz embargada. - Você está me prendendo! Eu me sinto sozinha e triste.

O pai a encarou, um momento de hesitação nos olhos.

- Eu não quero que você sofra. Relacionamentos na sua idade podem ser complicados.

- E se eu estiver pronta para isso? - Clara desafiou. - Eu não sou uma criança, pai!

Ele suspirou, visivelmente lutando entre o desejo de protegê-la e o reconhecimento de que precisava deixá-la viver.

- Eu só quero que você foque no seu futuro. Você tem potencial.

Clara sentiu uma onda de raiva e tristeza.

- E se eu não quiser apenas um futuro que você decidiu para mim? E se eu quiser ser feliz agora?

O pai desviou o olhar, claramente incomodado. Clara sabia que a conversa não ia levar a lugar nenhum e decidiu se afastar.

Ao entrar em seu quarto, ela se deixou cair na cama, as lágrimas escorrendo pelo rosto. Sentia-se presa, como se estivesse em uma jaula feita de regras e expectativas. O que antes era uma alegria agora se transformava em solidão.

Quando o Amor É um CrimeOnde histórias criam vida. Descubra agora