Capítulo 17

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~ Jeon Jungkook ~

A manhã chegou mais rápido do que eu esperava. A luz suave do sol filtrava pelas cortinas do quarto do hotel, e meu corpo sentia o peso de mais um dia de competição prestes a começar. Sentei-me na cama, espreguiçando-me devagar. Ainda estava meio atordoado pela noite anterior com Jimin. Estar com ele à beira da Torre Eiffel, rodeados pelo brilho mágico de Paris, me deixou uma sensação de paz, como se o mundo tivesse ficado quieto por alguns momentos. Mas essa tranquilidade agora estava distante, e a pressão das Olimpíadas começava a pesar novamente sobre meus ombros.

Hoje era um dia importante. Mais uma rodada de treinos, mais uma chance de aperfeiçoar minha técnica antes de entrar no palco principal da competição de tiro. Era minha terceira vez nas Olimpíadas, e o mundo inteiro esperava que eu trouxesse mais uma medalha de ouro para a Coreia. Eles diziam que eu era uma máquina, imparável. Mas, naquele momento, eu me sentia mais humano do que nunca.

Depois de alguns minutos tentando me afastar dos pensamentos da competição, levantei da cama e vesti minhas roupas de treino. Antes de sair, olhei meu celular. Nenhuma mensagem de Jimin. Ele devia estar dormindo, descansando depois de todo o esforço da competição de ginástica no dia anterior. Eu queria estar com ele mais uma vez antes de enfrentar o campo de tiro, mas sabia que ambos tínhamos responsabilidades e compromissos que não podiam ser adiados.

Enquanto me dirigia para o local de treino, minha mente vagava de volta para a noite anterior. A conversa que tivemos, o abraço, a promessa silenciosa que fizemos de tentar fazer isso dar certo... aquilo significava mais para mim do que eu conseguia colocar em palavras. Eu nunca tinha me sentido tão conectado a alguém antes, tão... vulnerável. E isso me assustava.

Cheguei ao campo de tiro e fui recebido pelo meu treinador com um aceno de cabeça. Ele parecia tranquilo, mas havia uma tensão implícita em seus olhos, como sempre acontece antes de uma competição importante. Eu sabia que ele estava esperando o melhor de mim, como sempre, mas hoje havia algo diferente. Senti que ele estava me observando mais de perto do que o habitual.

— Pronto para mais um dia? — Ele perguntou, tentando soar descontraído.

— Sempre. — Respondi com um sorriso, embora soubesse que por dentro estava uma bagunça.

O treino começou como qualquer outro. Coloquei meus fones de ouvido, focando em minha playlist habitual de músicas calmas para me ajudar a entrar no estado de concentração necessário. Peguei meu rifle e ajustei minha postura. A sensação do metal frio em minhas mãos era familiar, quase reconfortante. O campo de tiro estava silencioso, exceto pelo som dos alvos mecânicos se movendo e os tiros sendo disparados pelos outros competidores.

Enquanto me preparava para atirar, minha mente voltou involuntariamente para Jimin. Eu sabia que, mais tarde, ele estaria assistindo minha competição. Isso me enchia de uma espécie de orgulho, mas também aumentava a pressão. Eu queria impressioná-lo, queria que ele visse o melhor de mim. Mas, ao mesmo tempo, temia que esse desejo de impressioná-lo pudesse me distrair.

Respirei fundo, tentando afastar esses pensamentos. O tiro é uma questão de precisão e calma, e eu sabia que precisava manter minha mente limpa. Foquei no alvo à minha frente, o centro vermelho brilhando contra o fundo branco. Minhas mãos estavam firmes, minha respiração controlada. Eu puxei o gatilho.

O tiro acertou o alvo em cheio, como eu esperava. Senti uma onda de alívio percorrer meu corpo, mas ela foi rápida, substituída por uma nova sensação de pressão. Cada tiro era uma batalha contra mim mesmo, uma luta para manter o foco e não deixar que nada interferisse no meu desempenho.

Meu treinador se aproximou e me deu um leve tapinha no ombro.

— Bom tiro, mas ainda pode melhorar. — Ele disse, com um olhar avaliativo.

Eu assenti, tentando não me deixar abalar. Ele tinha razão, claro. Sempre há espaço para melhorar. Mas, no fundo, eu sabia que o que estava me afetando hoje não era apenas a técnica. Era a presença constante de Jimin em meus pensamentos. Isso nunca tinha acontecido antes. Eu sempre fui capaz de separar minha vida pessoal da competição, mas com ele... tudo estava misturado agora.

Terminamos o treino algumas horas depois. Meus tiros estavam bons, mas não perfeitos. Sabia que precisava melhorar, mas, ao mesmo tempo, sentia que algo dentro de mim estava mudando. Minha vida não era mais só sobre as competições. Agora, havia Jimin, e isso estava influenciando tudo de uma forma que eu ainda não sabia como lidar.

Enquanto saía do campo de tiro, peguei meu celular e enviei uma mensagem rápida para ele.

"Como você está? Já acordou?"

Guardei o celular no bolso e comecei a caminhar de volta para o hotel. O peso das responsabilidades ainda estava ali, mas a ideia de ver Jimin mais tarde me dava uma sensação de conforto. Era estranho. Eu estava acostumado a enfrentar a pressão das Olimpíadas sozinho, mas agora parecia que eu não precisava mais carregar esse peso completamente sozinho.

Quando cheguei ao hotel, meu telefone vibrou. Era uma resposta de Jimin.

"Acordei agora. E você? Como foi o treino?"

Eu sorri ao ler a mensagem. Não importava o quão pesado fosse o dia, só saber que ele estava ali, do outro lado da tela, já fazia tudo parecer mais fácil.

"Foi bem. Nada demais. Está livre hoje?"

Eu sabia que ele provavelmente teria algum treino ou evento relacionado às competições, mas não custava perguntar. Parte de mim queria vê-lo antes da minha prova, como uma forma de aliviar a tensão que crescia em mim.

"Tenho treino à tarde, mas posso te encontrar antes. Que tal um café?"

Meus olhos brilharam ao ler a mensagem. Era exatamente o que eu precisava. Algo simples, algo nosso.

"Perfeito. Nos encontramos no café do hotel em uma hora?"

Enviei a mensagem e comecei a me preparar. Havia algo de especial em estar com Jimin, mesmo nos momentos mais simples. Ele conseguia me fazer esquecer, por um tempo, o peso de ser Jeon Jungkook, o atirador olímpico. Quando estávamos juntos, eu era apenas Jungkook. Apenas alguém tentando entender como equilibrar o amor e as responsabilidades.

Cerca de uma hora depois, desci até o café do hotel e o encontrei já sentado em uma das mesas, com um sorriso suave nos lábios. Ele me viu e acenou. Meu coração acelerou, como sempre acontecia quando eu o via. Mesmo que estivéssemos juntos há pouco tempo, a sensação era sempre a mesma. Algo intenso, quase magnético.

Sentei-me à sua frente, e ele me olhou com um brilho nos olhos que me fez sentir instantaneamente mais leve.

— Como foi? — Ele perguntou, enquanto eu pedia um café.

— Intenso. — Respondi, rindo. — Mas acho que vai ser bom no final. E o seu treino? Está pronto para mais uma competição?

Ele deu de ombros, tomando um gole do café.

— Acho que sim. É estranho... sempre pensei que, quando chegasse às Olimpíadas, estaria totalmente focado. Mas agora, parece que há outra coisa ocupando minha mente.

Eu sabia exatamente do que ele estava falando. E, naquele momento, me dei conta de que estávamos passando pela mesma coisa. Dois atletas de elite, ambos nas Olimpíadas, tentando equilibrar nossas paixões com esse sentimento crescente que tínhamos um pelo outro.

— Acho que estamos no mesmo barco. — Eu disse, sorrindo para ele.

Ele sorriu de volta, e naquele momento, soube que, não importa o que viesse a seguir, estaríamos juntos nessa jornada. Se eu podia lidar com a pressão das competições, também podia aprender a lidar com o amor. Porque, no final, Jimin era o único alvo que eu não queria perder.

Olimpíadas do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora