Capítulo 9

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~ Jeon Jungkook ~

O brilho suave da luz da manhã refletia no rio Sena, criando um jogo de cores nas águas calmas que serpenteavam pela cidade. Enquanto eu observava o movimento dos barcos abaixo da ponte, minha mente estava longe. Estava em Jimin. Cada palavra, cada sorriso que ele me deu naquela manhã ainda ecoava em meus pensamentos.

Eu sabia que as Olimpíadas não eram o momento mais adequado para desenvolver sentimentos tão profundos, mas, ao mesmo tempo, algo dentro de mim insistia que era inevitável. Desde o momento em que vi Jimin pela primeira vez, algo mudou em mim. A disciplina implacável e o foco absoluto que sempre foram a base da minha carreira começaram a desmoronar lentamente, substituídos por uma sensação de incerteza... e, ao mesmo tempo, empolgação.

Olhei para o lado, e lá estava ele, encostado na grade da ponte, o olhar perdido na paisagem. Seu rosto parecia tão sereno, tão em paz, como se ele estivesse finalmente se permitindo relaxar depois de semanas de pressão. Era difícil não ficar fascinado por ele. Cada movimento seu parecia carregar uma leveza e uma graça que eu não via em mais ninguém.

— No que você está pensando? — perguntei, quebrando o silêncio confortável que havia se estabelecido entre nós.

Ele me olhou de relance e sorriu, um sorriso que mexia com algo profundo dentro de mim.

— Só estou aproveitando o momento. — Jimin respondeu suavemente, sua voz quase um sussurro. — É raro ter um dia assim, sem horários, sem metas... só nós dois.

Eu concordei com a cabeça, entendendo perfeitamente o que ele queria dizer. Para nós, atletas de elite, momentos como esse eram raros. Estávamos sempre correndo contra o tempo, sempre em busca do próximo desafio, da próxima medalha. Mas agora, aqui em Paris, parecia que tínhamos encontrado uma pausa no meio do caos.

— Eu também. — Respondi, ainda observando-o, tentando captar cada detalhe de sua expressão.

A verdade era que, por mais que eu tentasse esconder, a cada segundo ao lado de Jimin, meus sentimentos por ele cresciam. No início, era apenas uma curiosidade – quem era aquele ginasta loiro que parecia irradiar uma energia tão única? Mas, agora, depois de tantas conversas, momentos compartilhados e risadas, eu sabia que estava me apaixonando. E rápido.

Não era o tipo de sentimento que se desenvolve devagar, ao longo do tempo. Era como uma corrente forte que me puxava para ele sem que eu tivesse controle algum. E, ao contrário de outras vezes, onde eu teria resistido, agora eu queria me deixar levar.

— Jungkook, eu queria te agradecer. — A voz de Jimin me tirou dos meus pensamentos.

— Agradecer? Por quê? — Perguntei, confuso.

— Por tudo isso. — Ele fez um gesto vago com as mãos, indicando o espaço ao redor. — Por me ajudar a lidar com a pressão, por ser você mesmo. Eu me sinto mais leve quando estou com você.

Essas palavras mexeram comigo de uma forma que eu não esperava. Eu não era o tipo de pessoa que costumava ouvir agradecimentos ou elogios assim. Sempre fui o cara que seguia em frente, fazia o que precisava ser feito, e continuava. Mas ouvir isso de Jimin – saber que eu fazia diferença para ele – me tocou profundamente.

— Eu... fico feliz que você se sinta assim. — Falei, tentando controlar a onda de emoção que ameaçava subir à superfície. — Você também me ajuda mais do que imagina, Jimin. Sinto que, desde que nos conhecemos, eu finalmente estou começando a ver que há mais na vida do que apenas competir.

Ele me olhou com aqueles olhos grandes e brilhantes, e por um segundo, parecia que o tempo tinha parado. A cidade de Paris ao fundo, a luz suave, e nós dois ali, imersos em algo que nenhum de nós sabia exatamente como definir.

Havia tantas coisas que eu queria dizer naquele momento, mas as palavras pareciam insuficientes. Como você pode explicar a alguém que, em tão pouco tempo, ele se tornou uma parte essencial da sua vida? Que, de repente, todos os seus planos de longo prazo, sua carreira e suas metas, começaram a parecer incompletos sem ele ao seu lado?

Eu sabia que precisava ser honesto com ele, mesmo que isso significasse me expor de uma maneira que eu raramente fazia. Inspirei fundo, reunindo coragem.

— Jimin... — Comecei, e ele me olhou com atenção. — Eu não sei como dizer isso de forma leve, mas acho que estou me apaixonando por você.

O silêncio que se seguiu foi quase palpável. Meu coração batia tão forte que eu podia ouvi-lo nos meus ouvidos. Jimin ficou me olhando por alguns segundos, seus olhos surpresos, mas não de uma forma ruim. Parecia que ele estava tentando processar o que eu tinha acabado de dizer.

— Jungkook... — Ele murmurou, sua voz baixa e quase hesitante. — Eu... eu também sinto isso. — Ele fez uma pausa, mordendo o lábio. — Mas tenho medo.

Eu franzi o cenho, preocupado com o que ele estava prestes a dizer.

— Medo de quê? — Perguntei, minha voz carregada de curiosidade e preocupação.

Jimin suspirou, afastando-se um pouco da grade e caminhando alguns passos para frente, antes de parar e olhar para o horizonte.

— Medo de que isso nos distraia, de que nos machuque. Estamos nas Olimpíadas, e... tudo está acontecendo tão rápido. — Ele voltou seu olhar para mim, seus olhos agora cheios de incerteza. — Eu não quero perder o controle, sabe? Não quero que a gente se arrependa depois.

Eu me aproximei lentamente, parando ao lado dele e encarando seu perfil por um momento. Eu entendia seu medo. Eu também o sentia. Mas, ao mesmo tempo, havia uma certeza dentro de mim de que o que estava acontecendo entre nós era real, e que não poderíamos simplesmente ignorar.

— Eu entendo o que você está dizendo. — Falei, mantendo minha voz baixa e calma. — Mas, honestamente, Jimin... eu acho que o controle é uma ilusão. A gente nunca vai poder controlar o que sentimos. E, sim, isso pode ser complicado. Mas eu estou disposto a arriscar.

Ele me olhou de novo, seus olhos agora mais suaves, como se ele estivesse começando a aceitar o que eu estava dizendo.

— Eu só... preciso de um tempo para entender tudo isso. — Ele disse, sua voz agora mais firme. — Não estou dizendo que não quero tentar. Eu só... não quero apressar nada.

Assenti, compreendendo. Jimin era cauteloso, e eu respeitava isso. Não queria pressioná-lo a nada que ele não estivesse pronto para enfrentar.

— Eu entendo, Jimin. — Respondi com um pequeno sorriso. — E estou aqui, sem pressa. Podemos ir no seu tempo.

Ele me deu um sorriso tímido em resposta, e naquele momento, soube que estávamos no caminho certo. Não importava o que o futuro reservava, estávamos juntos nisso. Mesmo que ainda houvesse incertezas, o importante era que ambos estávamos dispostos a tentar.

Enquanto o sol começava a se pôr, continuamos a caminhar pelas ruas de Paris, conversando sobre coisas leves, rindo e, de vez em quando, caindo em silêncios confortáveis. E pela primeira vez, percebi que, com Jimin, eu não precisava ser o atirador imbatível ou o atleta perfeito. Eu podia ser apenas Jungkook, e isso era mais do que suficiente.

Olimpíadas do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora