Capítulo 11

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~ Jeon Jungkook ~

O sol da tarde se refletia nos prédios de Paris enquanto eu voltava para o hotel, o peso da mochila nas minhas costas sendo quase imperceptível em comparação com o turbilhão de pensamentos que rodava na minha cabeça. Minha última competição individual nas Olimpíadas estava a apenas algumas horas de distância, e, como sempre, eu deveria estar focado no que estava por vir. Mas, pela primeira vez na minha vida, minha mente estava em outro lugar.

Em Jimin.

Desde nossa conversa perto da Torre Eiffel, parecia que algo tinha mudado entre nós. O fato de que ele compartilhou seus sentimentos comigo — mesmo que de forma cautelosa — foi o suficiente para me fazer sentir mais confiante. Jimin era sempre tão cuidadoso com as palavras, tão medido em suas emoções, mas saber que ele também estava se abrindo, mesmo que aos poucos, me dava uma sensação de esperança.

Ao mesmo tempo, eu não podia deixar de sentir uma pressão extra. Essas Olimpíadas, minhas terceiras, eram diferentes. Não apenas por serem em Paris, uma cidade que já tinha se tornado tão especial para mim nesses últimos dias, mas porque, de alguma forma, meu foco não estava mais inteiramente nas competições.

— Jungkook, você está aí? — A voz de meu treinador interrompeu meus pensamentos.

Estávamos no carro a caminho do local de competição, e eu sabia que ele estava tentando verificar como eu estava me sentindo. Ele sempre fazia isso antes de grandes eventos, tentando captar qualquer sinal de nervosismo ou distração.

— Sim, estou aqui. — Respondi, oferecendo um sorriso tranquilo. Eu estava tentando transmitir confiança, mas por dentro, meu coração estava acelerado.

Ele me olhou por alguns segundos, como se tentasse ler minha alma, mas apenas assentiu e voltou sua atenção para a estrada. Sabia que eu lidava com a pressão de forma diferente dos outros. Ao contrário de muitos atletas, eu nunca deixava o nervosismo me consumir, ao menos não em público. Era algo que eu controlava, ou pelo menos tentava controlar.

Chegando ao local, senti o familiar arrepio que sempre vinha antes de uma grande competição. O campo de tiro estava impecável, e as arquibancadas já começavam a se encher. Esse era o meu lugar. O lugar onde eu sempre me senti em casa, onde o resto do mundo desaparecia e tudo o que importava era o alvo à minha frente.

Enquanto me preparava, ajustando meu equipamento, meus pensamentos novamente fugiram para Jimin. O ginasta brilhante que, de alguma forma, se infiltrou na minha vida e no meu coração de uma maneira que eu nunca havia esperado. Eu o conheci nessas Olimpíadas, e em tão pouco tempo, ele se tornou uma parte essencial de quem eu era. Era estranho, porque sempre fui muito focado na minha carreira, e agora, de repente, tudo parecia mais complicado.

Mas ao mesmo tempo, eu sabia que, se havia algo que eu queria tanto quanto essa medalha de ouro, era ele.

Respirei fundo e fiz meus alongamentos, tentando me concentrar. Havia uma multidão esperando por mim, jornalistas, espectadores e meus companheiros de equipe. Mas havia apenas uma pessoa que eu realmente queria impressionar hoje.

Jimin.

Enquanto me posicionava, ouvi a multidão torcendo, mas o som se tornava um zumbido distante. A adrenalina começou a correr pelo meu corpo, como sempre acontecia antes de eu disparar o primeiro tiro. O campo de tiro era o meu santuário, e aqui eu sempre soube o que fazer.

Posicionei a arma com precisão, a respiração controlada e o olhar firme no alvo. Disparos sucessivos se seguiram, cada um tão perfeito quanto o anterior. Meu corpo parecia agir por instinto, treinado por anos de prática e experiência.

O público aplaudia a cada tiro certeiro, mas eu não conseguia me permitir ser afetado por isso. Cada competição era uma batalha contra mim mesmo. Sempre foi assim, e eu gostava dessa sensação de estar no controle absoluto do meu corpo e da minha mente.

Quando o último disparo foi feito, abaixei a arma e olhei para o painel eletrônico que mostrava minha pontuação. 10.9, o melhor possível. A perfeição que eu havia buscado incansavelmente em toda minha carreira.

O público explodiu em aplausos e gritos, e eu soube que tinha vencido mais uma vez. A sensação de vitória inundou meu corpo, mas desta vez, era diferente. Havia algo a mais.

Enquanto me afastava da linha de tiro, o sorriso automático no meu rosto foi substituído por uma onda de calma. Isso era o que eu fazia de melhor, o que eu treinava desde sempre. Mas, lá no fundo, havia uma realização crescente: essa não era a única coisa que importava para mim agora.

Meus colegas de equipe me parabenizaram, e meu treinador me abraçou, satisfeito com mais uma conquista. Mas, em meio a toda a euforia, eu estava procurando por uma única pessoa.

E lá estava ele.

No meio da multidão, Jimin me olhava, um sorriso tímido nos lábios, mas com um brilho nos olhos que eu sabia reconhecer. Era orgulho. Mas também era algo mais. Algo que parecia prometer que o que tínhamos estava apenas começando.

Caminhei em sua direção, ignorando todas as outras pessoas que tentavam chamar minha atenção. Quando finalmente cheguei até ele, meu coração estava batendo mais forte do que durante toda a competição.

— Parabéns. — Ele disse, sua voz suave, mas cheia de emoção. — Você foi incrível, como sempre.

— Obrigado. — Respondi, sorrindo para ele. — Mas sabe... essa vitória não parece tão importante quanto eu pensei que seria.

Jimin me olhou, surpreso, como se não acreditasse no que eu estava dizendo.

— Como assim? — Ele perguntou, um pouco confuso.

Eu respirei fundo, sentindo que esse era o momento certo para ser honesto.

— Porque, desde que te conheci, parece que tem algo a mais. — Falei, olhando diretamente nos seus olhos. — Eu sempre pensei que ganhar medalhas era o que me definia. Mas agora... agora eu vejo que há outras coisas que importam mais.

Jimin ficou em silêncio por um momento, seus olhos brilhando com uma emoção que eu não conseguia decifrar completamente. Mas então, ele sorriu, e era o tipo de sorriso que fazia meu coração acelerar.

— Jungkook... você não precisa escolher entre uma coisa e outra. — Ele disse suavemente. — Você pode ter as duas.

Essas palavras me atingiram com força. Eu sempre pensei que o amor e a carreira eram opostos, que um precisava ser sacrificado pelo outro. Mas, de alguma forma, com Jimin, parecia possível equilibrar os dois.

Sorri, me aproximando um pouco mais dele, até que nossas mãos quase se tocaram. O mundo ao nosso redor parecia desaparecer, e por um breve momento, éramos apenas nós dois, no meio de Paris, com a promessa de algo maior à nossa frente.

— Obrigado por me mostrar isso. — Falei, minha voz baixa, mas cheia de sinceridade. — Eu acho que estou finalmente começando a entender.

Ele sorriu de novo, e naquele momento, soube que estava certo. Com Jimin ao meu lado, tudo parecia mais claro. Eu podia ser o atirador perfeito, mas também podia ser mais. Podia ser alguém que amava, que se importava, que se entregava a algo além de uma carreira impecável.

E com ele, eu estava disposto a descobrir o que mais a vida tinha a oferecer.

Olimpíadas do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora