Capítulo 5

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~ Jeon Jungkook ~

Acordei com uma sensação estranha no peito. Não era o peso das competições ou a pressão de manter minha invencibilidade — isso eu já conhecia. Era algo novo, algo que vinha crescendo desde aquela noite na Torre Eiffel. Meu corpo estava descansado, mas minha mente... minha mente estava presa em um único pensamento: Park Jimin.

Revirei na cama, tentando ignorar a onda de ansiedade que me atingia sempre que pensava nele. Depois de nossa conversa, algo dentro de mim mudou. Antes, eu o via como mais um competidor talentoso, alguém com quem eu talvez trocasse algumas palavras ao longo dos jogos. Agora, ele era mais do que isso. Muito mais.

Eu não conseguia tirar sua imagem da cabeça. A maneira como ele me olhou naquela noite, com os olhos brilhando sob as luzes da Torre Eiffel, me fez perceber o quanto ele também estava lutando com suas próprias emoções. E isso me atraía ainda mais. Jimin não era só talento puro, ele tinha uma vulnerabilidade que me fazia querer conhecê-lo melhor, protegê-lo até, mesmo que ele não precisasse.

Levantei-me, empurrando as cobertas para o lado, e fui direto para o banheiro. A água fria do chuveiro me ajudou a clarear um pouco a mente, mas não o suficiente. Eu precisava me focar. Hoje seria mais um dia de treino intenso, mais um dia de preparação para as próximas provas. Mas, no fundo, eu sabia que minha mente estaria dividida.

Enquanto me arrumava, olhei para o celular e vi que havia uma notificação nova. Quando a desbloqueei, lá estava: Park Jimin te seguiu de volta. Meu coração disparou por um segundo. Parecia uma coisa boba, eu sei, mas era como se aquele simples ato tivesse mudado algo entre nós. De repente, a barreira invisível que existia desde que nos conhecemos parecia estar desaparecendo.

Sorri involuntariamente, colocando o celular de lado e tentando afastar o turbilhão de pensamentos. Eu estava sendo tolo? Talvez. Mas havia algo em Jimin que eu não conseguia ignorar.

Cheguei ao campo de tiro mais tarde do que o normal. O clima estava ameno, o tipo de dia que sempre me acalmava, mas hoje, minha mente estava a mil. Cumprimentei minha equipe, troquei algumas palavras rápidas com meu treinador, mas logo fui para o estande de tiro, onde eu sabia que precisaria de concentração total.

Respirei fundo, coloquei meus fones de ouvido para bloquear o som ao redor e me preparei. Puxei o rifle para perto, ajustando a mira com a precisão que me era familiar. Esse era o meu mundo. Aqui, tudo fazia sentido. Era simples: eu, a arma, o alvo. Eu era bom nisso, talvez o melhor. Mas mesmo com o foco absoluto que eu sempre tinha em cada treino, os pensamentos sobre Jimin continuavam a invadir minha mente, como um eco distante que se recusava a desaparecer.

Fechei um olho, ajustei a respiração e atirei. O som seco da bala cortando o ar me trouxe de volta à realidade por alguns segundos. O alvo caiu perfeito, como sempre. Mais uma vitória no treino. Mas a sensação de satisfação que normalmente me dominava não veio. Algo estava faltando. Eu estava distraído, e sabia o motivo.

Enquanto atirava, minha mente voltava para a noite anterior. A forma como Jimin parecia perdido em seus próprios pensamentos, a maneira como ele olhava para a cidade, tentando encontrar algo além de si mesmo. Havia uma conexão entre nós, algo que eu não sabia explicar, mas que estava lá, latente, esperando para ser explorado.

Terminei o treino sem a mesma sensação de dever cumprido de sempre. Meu corpo estava fazendo o trabalho, mas minha cabeça estava em outro lugar. Ou melhor, com outra pessoa.

Depois do treino, sentei-me em um banco afastado, olhando para o campo vazio à minha frente. O sol começava a se pôr, tingindo o céu com tons de laranja e rosa, mas eu mal notava. Minha mente estava ocupada com um dilema que eu nunca havia enfrentado antes.

Eu gostava de Jimin. Isso era óbvio para mim agora. Mas o que isso significava? Nunca fui de me envolver com outros competidores, principalmente durante competições tão importantes como as Olimpíadas. Havia muito em jogo. E além disso, havia a questão de como ele se sentia. Nós tínhamos trocado algumas palavras, mas eu ainda não conseguia ler Jimin completamente. Ele era uma mistura de confiança e insegurança, de força e fragilidade. E era isso que me deixava intrigado.

Peguei o celular do bolso e, quase sem pensar, abri o chat com Jimin. O perfil dele estava lá, a foto dele sorrindo para a câmera. Eu podia sentir o peso de cada segundo que passava, o dilema crescendo. Deveria mandar uma mensagem? Talvez isso pudesse complicar ainda mais as coisas, ou talvez... fosse exatamente o que precisávamos.

Respirei fundo, hesitando por mais alguns segundos. Mas antes que pudesse me convencer do contrário, meus dedos começaram a digitar.

Jungkook: Oi, Jimin. Tudo bem? Como foi o treino hoje?

Fiquei olhando para a tela por alguns instantes, sentindo o coração acelerar. Era uma mensagem simples, casual. Mas o significado por trás dela parecia muito mais profundo. Eu queria saber mais sobre ele, sobre o que ele estava pensando, o que ele estava sentindo. Queria saber se ele também estava lutando com o turbilhão de emoções que me atormentava desde a noite na Torre Eiffel.

A resposta veio mais rápido do que eu esperava.

Jimin: Oi, Jungkook. O treino foi intenso, mas produtivo. E o seu?

Senti um sorriso surgir nos meus lábios enquanto lia a resposta. Havia algo reconfortante na simplicidade das palavras dele, algo que me fez relaxar, mesmo que por um momento.

Jungkook: Foi bom, mas meio distraído hoje. Acho que minha mente está em outro lugar...

Eu sabia o que estava fazendo. Sabia que estava plantando uma semente, abrindo espaço para uma conversa mais profunda. Talvez fosse arriscado, mas já estava tão envolvido que voltar atrás não parecia mais uma opção.

Houve uma pequena pausa antes de ele responder.

Jimin: Entendo o que quer dizer. Também estou assim.

E ali estava. A confirmação que eu precisava. Jimin estava tão confuso quanto eu, tão dividido entre o que sentia e o que deveria fazer. Eu poderia sentir isso nas poucas palavras que ele escreveu, e isso me deu coragem.

Jungkook: Acho que a gente deveria conversar de novo. O que acha? Talvez depois dos treinos amanhã?

Mais uma pausa. Eu conseguia quase imaginar Jimin do outro lado da tela, hesitando, assim como eu havia hesitado antes de enviar a primeira mensagem.

Então, finalmente, a resposta veio.

Jimin: Acho que seria uma boa ideia. Depois do treino, então.

Senti um alívio imediato, mas também uma ansiedade crescente. Agora que estava tudo combinado, o que viria a seguir? Eu estava prestes a entrar em território desconhecido, mas, de alguma forma, isso não me assustava tanto quanto deveria.

Fechei o celular e guardei no bolso, sentindo o frio da noite começar a cair. Amanhã seria um novo dia, com novas competições e desafios. Mas, acima de tudo, seria um dia para descobrir o que realmente estava acontecendo entre mim e Park Jimin.

Olimpíadas do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora