Capítulo 3: Aquele que não gosta de arrumar o cabelo

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Gotham
Quinta-Feira, 07:10H

Dick Grayson dormia tranquilamente na gigantesca e macia cama de casal de Bruce Wayne, enquanto abraçava sua pelúcia de elefantinho, feita por sua falecida mãe quando ele ainda era muito pequeno para se lembrar. O polegar ainda estava em sua boca, chupando lentamente, soltando pequenos estalos que normalmente faziam Bruce e Alfred rirem.

—Mestre Dick? –Chamou Alfred formalmente na porta do enorme quarto de Bruce. As janelas e persianas ainda estavam fechadas impedindo tanto a luz, quando o vento de entrarem no quarto do bilionário mais velho. —Dickie? –Chamou Alfred outra vez, agora sem nenhum tipo de dormalidade, quando não obteve qualquer tipo de resposta vindo do pequeno mestre Dick. Nada, outra vez. O homem mais velho suspirou, cogitando a ideia de jogar um balde de água gelada no pequeno menino dorminhoco. Mas deixou a ideia de lado rapidamente, não seria nada agradável preparar outro banho com bolhas para um menino choroso logo pela manhã.

Alfred caminhou em passos elegantes até uma grande janela do quarto de Bruce, abrindo a persiana, que fez uma ruído desagradável, ele precisava chamar alguém para arrumar aquilo, urgente. E logo em seguida a janela. O que fez com que Dick levasse o braço até o rosto, tentando cobrir os olhos azuis da forte luz que estava invadindo o quarto de seu tutor.

—Alfie! –Reclamou Dick, ainda com o dedo na boca, abafando o som de sua voz.

—Hora de acordar, mestre Dick. –Anunciou Alfred, tentando evitar de sorrir para o jovem menino descabelado. —Caso contrário irá se atrasar para aula, e não queremos isso, não é?

Dick resmungou, arrastando-se para fora da cama confortável, ainda abraçando Buba, sua pelúcia de elefantinho. Alfred olhou para o menino agindo de forma sonolenta e muito infantil, seu sorriso acabou por aparecer com leveza em seu rosto. Era uma imagem que geralmente se via na mansão Wayne, principalmente pela manhã, mas na maioria das vezes, Alfred via o menino agindo feito um mini adulto, dizendo que estava "nado". Seja lá o que fosse estar "nado". O velho homem ficava feliz em ver o menino agindo feito uma criança, e não como um vigilante, ou um acrobata que ficava se pendurando em tudo e qualquer lugar que aguentasse seu peso.

—Tire o dedo da boca, mestre Dick. –Mandou Alfred assim que o menino passou por ele emburrado.

O garoto resmungou outra vez, em protesto, mas assim o fez, contragosto. Caminhou para o próprio banheiro, onde escovou os dentes  pequenos e um pouco pontudos e trocou de roupa para seu uniforme escolar. Dick olhou para o próprio reflexo no grande espelho do banheiro, seus cabelos pretos estavam muito bagunçados, mais bagunçados que o normal, estavam parecendo um ninho de pássaros.

Dick fez um biquinho chateado.

—Alfie! –Chamou o jovem menino de forma infantil.

—Sim, mestre Dick. –Disse o homem de bigode branco assim que entrou no banheiro da suíte do jovem Grayson.

Dick sorriu timidamente, apontando discretamente para seus próprios cabelos desgrenhados.

—Por favor, Alfie... –Pediu Dick, os olhinhos azuis brilhando.

—Mestre Dick, você está bem grandinho para poder arrumar seu cabelo sozinho. –Alfred repreendeu o pequeno acrobata risonho. O biquinho de Dick aumentou ainda mais quando percebeu que Alfred não iria ajeitar seu cabelo naquele dia.

—Por favor, Alfie. –Pediu Dick outra vez, as mãos juntas contra o peito. —Não sei arrumar tão bem quanto você e Bruce!

Aquilo era verdade, Dick tinha a terrível habilidade de ajeitar seus cabelos da forma mais grotesca e tenebrosa já vista por toda alta sociedade de Gotham.

Alfred olhou nos olhos de Dick, aqueles malditos grandes olhos azuis, tão ingênuos, tão ridiculamente adoráveis. O homem grisalho suspirou, aproximou-se do jovem menino, que estava em um pequeno banquinho para poder ficar na altura certa do espelho.

—Certo, mas está será a última vez. –Alfred rendeu-se a criança. Tentando ignorar a comemoração feita pelo jovem mestre. —Mas teremos que conversar sobre isso com Bruce, você está bem grandinho para ele ou eu termos que pentear seus cabelos.

Dick ignorou a fala de Alfred. Adorava quando Bruce ou Alfred arrumavam seus cabelos escuros, ele estava sorridente outra vez, virou-se para frente apenas esperando que Alfred arrumasse seus cabelos pretos levemente ondulados. O homem tentou ignorar a animação do menino enquanto penteava os fios pretos e ondulados para trás, passando gel em suas mãos e depois nos cabelos de Dick, para que aguentassem o restante do dia.

—Você sabia que os paleontólogos por muito tempo assumiram que os dinossauros eram animais ectotérmicos? –Questionou Dick assim que Alfred finalizou seus cabelos.

—Não, não sabia mestre Dick. –Respondeu Alfred lhe entregando a mão já lavada para ajudar Dick a sair do banquinho, não que ele precisasse de ajuda para aquilo, mas agradeceu de bom agrado a ajuda do mordomo. —Me conte mais sobre isso enquanto toma seu café, não queremos que se atrase.

Dick saiu do banheiro em passos largos, correndo escada a baixo para o andar onde estava seu café da manhã. Logo atrás dele estava Alfred, que carregava a mochila muito pesada para seu gosto, que havia esquecida pelo mais novo no andar de cima. O adulto caminhava com calma, ignorando os chamados de Dick na sala de jantar.

—E sobre os dinossauros... –Pediu Alfred, não muito interessado, deixando a mochila azul escura do jovem patrão numa cadeira vazia da mesa.

Dick levantou o olhar, seus  olhos brilharam quase de imediato, como se tivesse esquecido do que estava falando a poucos minutos atrás. Ele deu uma garfada em seu ovo mexido, colocando uma mão em frente a boca, mastigando um pouco rápido para continuar sua explicação sobre a temperatura do sangue dos dinossauros.

—Durante muito tempo os paleontólogos achavam que os sangue deles eram frio, mas com o passar do tempo começaram a suportar que fossem animais endotérmicos, ou seja, de sangue quente. Que seria o caso dos braqueossauros, pelo seu tamanho gigantesco, os paleontólogos assumem que seria impossível, ou quase impossível, que fossem animais de sangue frio. –Procediu Dick animadamente durante todo o café da manhã, e a viagem até a escola do jovem acrobata.

O carro, uma Mercedes preta, dirigida naquele momento por Alfred, parou em frente a grande escola de Gotham, frequentada majoritariamente pela população rica da cidade. Dick estremeceu assim que se deu conta de que haviam chegado, seus olhos pareceram tristonhos.

—Pode me contar mais na volta para casa, pode ser? –Disse Alfred gentilmente. Tentando fazer Dick sorrir.

—Sabia que existiram cerca de... –Alfred cortou o menino, fazendo o mais jovem formar uma carranca irritada, feito Bruce. O homem grisalho teve que segurar sua risada.

—Depois, estamos combinados?

—Sim, senhor Mordomo! –Exclamou Dick, levando uma das mãos até a testa.

Alfred lutou para não revirar os olhos.

—Ótimo. –Disse Alfred. —Agora saí do carro, tenha um ótimo dia, pequeno Wayne!

O Pequeno Passarinho Azul - Dick Grayson (kidfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora