Capítulo 2: Aquele que tem medo

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Gotham City
Quarta-Feira, H22:45

Batman podia sentir o movimento da respiração de Robin, que antes era desesperada e angustiante, torna-se calma e controlada. O pequeno menino vigilante ainda não havia saído do batmóvel, suas pernas estavam fracas, assim como o restante de seu corpo, sua cabeça parecia mais pesada que o normal, como se estivesse cheia de pequenas pedrinhas. Batman suspirou, ganhando conta de que ficarem dentro do grande carro preto não iria fazer com que Robin se sentisse protegido. Batman abriu a porta pesado do carro, saiu e seguiu para as porte de Robin, fazendo o mesmo movimento para abri-la.

—Vamos. –Disse a voz do homem. O jovem vigilante não conseguiu se mover de onde estava, sentia sua respiração falhando outra vez. —Vamos entrar, tirar essa roupa e ir para um banho quente. Com bolhas, o que acha, Dickie? –Agora quem estava ao seu lado era Bruce, a voz calma e visivelmente preocupada. Porém, Robin não teve forças para olhar para o homem, sentia que podia desabar a qualquer momento. Outra vez a mão coberta de Bruce tocou o rosto de Robin, fazendo com que ele lhe olhasse sem o capuz de morcego. —Respire, fique calmo, pequeno passarinho.

Sem nem se dar conta, as mãos de Dick já estava erguidas no alto, em um claro pedido para que o homem o pegasse em seus braços. Bruce sorriu sem dentes, de forma gentil e reconfortante. Dick o agarrou com força outra vez, sentindo seu corpo relaxar imediatamente quando o pai o pegou.

—Vamos lá para cima. –Explicou Bruce enquanto começou a andar em passos pequenos, na tentativa de fazer o mínimo incômodo para Dick.

O menino estava com a cabeça apoiada no ombro do pai, sentindo o cheiro do perfume caro do homem. Enquanto passavam pela batcaverna para chegarem até as escadas que levava para a mansão Wayne, Dick apontou para o centro dela, arrancando um sorriso divertido de Bruce.

—Dinossauro. –Resmungou Dick, sem tirar a cabeça do ombro de Bruce.

Quando Dick era apenas um pequeno pedaço de gente, começando a entender o peso do que era ser o Robin, ele encontrou algo que mudou sua vida para sempre em meio de uma das missões com Constantine, um dinossauro, T-Rex, animatrônico gigante. E como qualquer criança racional de oito anos, virou-se para sua figura paterna, olhou nos olhos dele, e pediu se podiam ficar com ele, como se fosse apenas um filhote de cachorrinho. E Bruce? Bom, ele era o adulto da relação, é óbvio que ele foi extremamente acertivo com a criança. Ele chamou seu querido amigo e companheiro de trabalho, Superman, para ajudá-los a levarem até a batcaverna.

—Para capturar invasores perigosos. –Brincou Bruce, fazendo Dick rir baixinho.

—Alfred, prepare um banho quente para Dickie, por favor. –Disse Bruce assim que chegaram no território da mansão. –Com bolhas. –Acrescentou Bruce, sentindo Dick esquentar. Muitas vezes o jovem parecia esquecer de que era apenas uma criança de treze anos, e Bruce, algumas vezes até mesmo Clarke, precisavam constantemente lembrá-lo de agir feito a criança que ele era, e principalmente dar espaço para que possa fazer isso.

—Eu gosto de bolhas... –Sussurrou Dick, levantando a cabeça para olhar, voluntariamente, nos olhos azuis de Bruce.

—Eu sei. –Bruce sorriu, sentindo os abraços de Dick apertarem um pouco mais seu pescoço.

Bruce analisou o pijama de Dick, escolhido minutos atrás por Alfred, que estava sobre a cama feita de Dick. O bilionário fez uma careta de desgosto, e depois revirou os olhos. Superman, é claro. Quem diria que o parceiro do Batman, Robin, tinha o Superman como herói favorito, não é?

—Você vai querer conversar sobre o que aconteceu hoje na missão? –Questionou Bruce enquanto ajudava o menino a tirar o uniforme a prova de balas.

Dick enriqueceu quase de imediato, de repende seus olhos mostravam, outra vez, o mais profundo, e genuíno, medo que uma criança poderia sentir. Bruce pode ver a respiração do protegido tornar-se assustada.

—Só se você quiser, passarinho. –Exclareceu Bruce, tentando acalmar Dick. —E apenas quando estiver pronto, certo? Lembre-se que ter medo não te faz mais fraco que ninguém, que terá questões do passado que te afetam não te faz mais fraco que os outros. –Bruce tirou a parte de cima do uniforme de Dick. —Ele tem faz mais forte, mais capaz, mais preparado.

Dick levantou a cabeça para poder encarar Bruce, as pequenas lágrimas estavam começando a se formarem em seus olhos seus infantis.

—Ei, pequeno. –Disse Bruce puxando Dick para seus braços outra vez. Um soluço forte escapou dos lábios trêmulos da criança, seu corpo enfraqueceu nos braços do homem mais velho, e depois de tanto tempo segurando, ele se permitiu a chorar.

—S-soltaram ele. –Disse Dick gaguejando, o pequeno corpo trêmulo estavam nos braços cuidadosos de Bruce. Seu choro era alto, sentido e agonizante. —Zucco está a solta, soltaram ele. –Repetia Dick, o corpo ainda trêmulo fazendo um movimento constante de vai e vêm, como se estivesse se ninando.

—Ele não vai encostar um dedo em você, eu prometo meu pequeno passarinho. –Bruce apertou mais ainda Dick em seis braços.

Outro soluço sentido saiu de Dick, aquilo sempre quebrava o coração de Bruce. Todas as vezes que via Dick se debulhando nas próprias lágrimas, mal conseguindo respirar pela angústia constante que sentia em seu peito, podia ter certeza que uma parte do homem morria.

—M-mas e em você? –Dick juntou todas as forças que podia para conseguir murmurar o seu atual medo. —Eu não posso perder você, Bruce...

Os olhos de Bruce brilharam, uma mistura de tristeza e elegeria tomou conta do homem, ele apertou mais ainda o menino em seus braços.

—Vamos ficar bem, querido, nós dois. –Bruce beijou o topo da cabeça de Dick, e em seguida secou as lágrimas que começaram a escorrer.

O Pequeno Passarinho Azul - Dick Grayson (kidfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora